Aumento do consumo de dados obriga operadoras a investir mais em segurança

   O aumento do consumo de dados que trafegam nas redes de telecomunicações começa a provocar mudanças no modelo de negócios das empresas. Nesse cenário, uma das grandes preocupações dos gestores é com a segurança da informação, o que vem elevando os investimentos em novas tecnologias a fim de barrar as ameaças.  Esse será um dos principais temas a serem abordados pela 10°edição do Seminário de Telecomunicações, que será realizado em 8 de outubro pelo Grupo Temático de Telecomunicações (GTTel), do Conselho de Infraestrutura (Coinfra), da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, acompanhe os principais trechos da entrevista de Marisa Bonow Lemieszek, consultora de telecomunicações da MBL Telecom, coordenadora técnica do evento:
Com a retração dos investimentos das operadoras em 2015, qual a situação atual das telecomunicações no Brasil? A evolução da tecnologia trouxe a necessidade crescente de banda para aplicações de dados e vídeo de alta definição, que, além da entrada massiva de aplicativos através de smartphones, tablets, notebooks, PC’s, exigem melhoria constante da infraestrutura das redes. Mesmo com a variação cambial, que provocou uma redução dos investimentos, a indústria brasileira de software ficou em 7° posição no ranking mundial, e a participação da região Sul na taxa de crescimento subiu de 12% para 14,53% em relação a 2014. O cenário econômico e a alta do dólar, que pressionam as operadoras de telecomunicações a reduzirem seus custos operacionais, as levam a investir no desenvolvimento de soluções focadas nas diversas arquiteturas existentes em 3G, 4G, Wi-Fi, em melhorar a oferta de serviços e a confiabilidade para assegurar a fidelidade do cliente.
Com a disseminação do celular e da Internet móvel, existe risco de excesso de demanda para a atual oferta no Brasil?  No Brasil, onde o tempo médio para instalação de uma ERB (Estação de Rádio Base) ainda é elevado, faltam antenas para atender a demanda crescente, e, sem antena, não há qualidade de serviço. A 4G Américas, associação setorial dos principais provedores de serviços e fabricantes do setor de telecomunicações, projeta que até 2019 a tecnologia LTE passará por um crescimento acelerado chegando a 150 milhões de linhas móveis, o que representará 47,5% de todas as linhas móveis do país, passando à frente das conexões 3G que serão 32% do total. Conforme as projeções, a soma dos acessos de tecnologia móvel 3G e 4G chegará a 251 milhões de linhas, ou 79% do total.   Os números provam que é de fundamental importância a criação de políticas públicas que acelerem a liberação de antenas para a expansão da cobertura. Embora o 4G possibilite o maior número de usuários simultâneos em comparação ao 3G, a antena do 4G fornece uma cobertura menor e são necessárias mais antenas para garantir a qualidade do sinal.
Quais os desafios? A expansão não é fácil, a autorização para a instalação de antenas depende da burocracia de cada cidade que impõe dificuldades para a concessão da licença. A Lei das Antenas, sancionada pelo governo federal em abril, determina a unificação das regras de instalação e dá prazo máximo de 60 dias (com prorrogações) para as prefeituras se manifestarem. A liberação das licenças deveria ser mais rápida para o atendimento dos clientes cada vez mais conectados. As operadoras têm como desafio se concentrar na eficiência das redes 3G, 4G e – logo – 5G, pois as empresas precisam reduzir custos e melhorar processos com uma tecnologia que atenda esse objetivo.
Quais as principais tendências para o setor de telecomunicações no Brasil? A conectividade integrará cada vez mais o mundo físico e o virtual, como a Computação em Nuvem e os Datacenters.  A Internet das Coisas – IoT, através de um protocolo comum, irá interligar os mais diversos dispositivos do dia-a-dia, através de uma identificação, a bases de dados e à internet. Com o avanço da mobilidade no uso de aplicativos, o grande volume de informação (Big Data), e o armazenamento dos dados aumentou a preocupação com a segurança e a capacidade da rede. A segurança corporativa ainda enfrenta certa resistência devido aos custos decorrentes da necessidade constante de atualização de tecnológica das ferramentas de proteção, porém, a massificação dos dispositivos conectados e a Internet das Coisas trarão ainda mais riscos à rede e pressionarão por maiores investimentos em segurança.
Qual o estágio da adoção do 4G no país? O 4G está presente em 189 cidades, com 46,7% da população atendida pela tecnologia, de acordo com as obrigações estabelecidas na licitação das frequências realizada em 2012, até dezembro deste ano o 4G deverá chegar a todos os municípios com mais de 200 mil habitantes, ou seja, mais 91 municípios. A adoção do 4G no país tem sido mais rápida que a do 3G, o preço dos smartphones está caindo e a previsão é que até dezembro deste ano existam perto de 18 milhões de celulares 4G.   A evolução do setor precisa ser considerada, a demanda por conectividade fará com que as operadoras desenvolvam planos de serviços mais ajustados ao perfil do cliente.
Qual a importância para o Brasil da Internet das Coisas? A Internet das Coisas (IoT)  prevê o acesso amplo de uma grande variedade de dispositivos o que exigirá uma maior capacidade de gerenciamento das conexões e alta disponibilidade dos dados em um ambiente cada vez mais complexo centrado em aplicativos. Uma pesquisa da Vision Mobile indica que os desenvolvedores de software e hardware de IoT no mundo estão investindo em soluções casa conectada (42%), varejo (33%), manufatura (29%), wearable devices (28%), cidades inteligentes (22%), medicina (21%) e carros conectados (20%). Para isso, a velocidade de conexão deverá quadruplicar para suportar a demanda os dispositivos conectados.   No Brasil, a IoT ainda é um conceito pouco difundido, mas o gerenciamento por software representará um enorme ganho de eficiência e produtividade na atualização e manutenção de sistemas remotos e no desenvolvimento de aplicações que irão automatizar tarefas diversas.
Qual o impacto da Tecnologia da Informação no negócio das empresas? O acesso mais rápido a dados, a mobilidade, a qualidade da conexão, a segurança, a confiabilidade, a integração de processos, a atualização tecnológica constante, são requerimentos básicos para a continuidade das tarefas fora do ambiente corporativo. Para as empresas é cada vez mais importante uma avaliação detalhada da sua estrutura interna, dos seus recursos e do uso adequado da tecnologia para aumentar a eficiência e reduzir custos. Na maior parte das companhias, a TI é vista como um segmento operacional e não estratégico da empresa. Os investimentos da TI em inovação normalmente são tratados como custos e, em momentos de crise, são os primeiros a ser eliminados. Cabe ao gestor desenvolver uma abordagem mais efetiva aos usuários para disseminar a cultura de que a inovação tecnológica é o diferencial competitivo que irá criar novas oportunidades para os negócios.

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