Exploração da cabotagem na costa brasileira por navios europeus acentua divergências no acordo União Europeia e Mercosul

Crédito: Divulgação

Além do vinho e de produtos lácteos, outro item entrou em rota de colisão nas negociações para o estabelecimento de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. É a área de serviços, com destaque para o interesse europeu em explorar a navegação de cabotagem na costa brasileira, uma atividade restrita atualmente somente para empresas brasileiras. A informação é do presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, durante encontro realizado nesta quarta-feira (19) na Federasul.

“A Europa tem a pretensão de entrar na navegação costeira, mas está com dificuldades no Brasil e na Argentina, sendo que a resistência é mais forte por parte do Brasil”, disse o dirigente. No caso dos produtos lácteos, o que impacta são as indicações geográficas europeias. A Europa pretende proteger o uso de alguns nomes bem conhecidos, trazidos por imigrantes italianos, como parmegiana e Grana Padano. Quanto aos vinhos, há divergências entre Brasil e Argentina sobre volumes de importação.

Negociações difíceis

Pereira gostaria que o Brasil fosse um país mais aberto, mas diz que esta é uma posição que não depende dele e sim dos negociadores brasileiros a partir de uma discussão interna entre os diversos setores da economia. “A indústria pensa de uma forma, serviço outra, o agro outra. É preciso sentar para saber quem cede o que”, observa.

De acordo com o presidente da Farsul, o Brasil entrou com pedido para exportar 380 mil toneladas de produtos agrícolas, e recebeu como resposta apenas 99 mil toneladas. Nos encontros seguinte, os negociadores brasileiros fizeram uma contraproposta de 160 mil toneladas, mas a posição do bloco europeu parece irredutível. “Acho que estamos no impasse nesse ponto”, comenta, reforçando que as negociações estão muito difíceis com a União Europeia. “Eles são fechados e nós também”, sintetiza.

Guinada rumo a Ásia

Paralelamente as negociações com o bloco europeu, o Mercosul iniciou entendimentos com o Canadá e com a Coreia do Sul. Segundo Gedeão Pereira, já há discussões internas no Mercosul para definir o tipo de acordo que deve ser feito, se baseado em tarifas ou livre comércio. O agronegócio dos quatro países do bloco mira acordo de livre comércio, mas o setor industrial, não. “Seria um acordo tarifário pontual para alguns produtos em função da concorrência que pode se estabelecer no setor industrial caso prevalecesse acordo de livre comércio”, pondera o presidente da Farsul.

Do lado da Coreia do Sul, segundo o dirigente, o País já manifestou interesse por firmar acordo de livre comércio. “Eles são um dos grandes mercados compradores de alimentos no mundo. Mas é claro que também querem vender para nós. Como somos um bloco relativamente fechado, alguém tem que ceder nas negociações”, enfatiza.

Outra demonstração de que o agronegócio do Mercosul está de olho na Ásia é a missão comercial marcada para acontecer em novembro, em que representantes do bloco visitarão a China e a Malásia, onde pretendem prospectar negócios na cadeia de leite e frutas do Mercosul.

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