Explosão do mercado chinês de alimentos torna imprescindível integração logística na América do Sul, diz Botafogo Gonçalves

O consumo de alimentos vai explodir na China com o plano de modernização do país que irá urbanizar 250 milhões de pessoas que hoje vivem na zona rural. Trata-se de um Brasil inteiro que precisará ser alimentado. Como a China não tem fertilidade nem água suficiente para alimentar essa população, será criado um mercado excepcional para o produtor de alimentos da América do Sul. Devido a esse potencial, torna-se ainda mais imprescindível uma politica de integração logística entre a vertente do Pacífico e a do Atlântico.

Foi o que afirmou o diplomata José Botafogo Gonçalves, na abertura do 10º Congresso das Rotas de Integração da América do Sul, ao avaliar os cenários do projeto que prevê a construção do túnel de Água Negra (Argentina – Chile), numa extensão de 14 km, que unirá o Oceano Pacífico com o Atlântico, desde o porto de Coquimbo, no Chile, até Porto Alegre no Brasil.

Botafogo lembrou o que considerou um “enorme” potencial dos países do Cone Sul e destacou o petróleo, no Brasil, petróleo e gás, na Argentina, além da energia do sol, do vento e da biomassa que viabilizam uma produção de alimentos para o resto do mundo. “A China pode reduzir o consumo de matérias primas, mas ninguém pode deixar de comer”, observou o diplomata ao defender a criação de estruturas eficazes do ponto de vista logístico.

Ao considerar as opções de investimentos, Botafogo lembrou que é inviável contar com o setor público dos países que ambicionam obras de integração logística no continente sul-americano. Lembrou que tanto o Brasil, como a Argentina e o Chile, enfrentam momentos cruciais do ponto de vista fiscal e que, por isso, essa opção não deve ser considerada.  “É preciso definir recursos privados que são abundantes, mas os investimentos públicos, infelizmente, ficarão apenas para o próximo decênio e, assim mesmo, de uma forma limitada, pois dinheiro não aparece em árvore”.

O diplomata, ao avaliar o potencial de investidores privados, enumerou o que definiu como indispensável para a captação de capital externo. “A construção do túnel de Água Negra é um projeto tecnicamente rentável, ainda que de retorno lento, não antes de 20 a 25 anos. Existem recursos para financiar empreendimentos de longa maturação e isso dependerá substancialmente de segurança jurídica e de normas importantes como os marcos regulatórios os quais apresentam atualmente uma disparidade difícil de entender “.   Botafogo citou como exemplo a hidrovia Paraguai/Paraná, que necessita de leis federais e estaduais pelo fato de englobar cinco países – Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina.  “Não faz sentido manter uma ineficiência burocrático como essa.”

Para se obter financiamento privado será necessário, portanto, toda uma revisão desses marcos para permitir a eficácia do projeto para o livre trânsito de mercadorias e de pessoas , porque mercado existe tanto para as exportações para a Ásia como de importações de produtos daquele continente, acrescentou.

Ao longo de sua palestra, Botafogo lembrou que a geografia  da América do Sul é ingrata em termos de integração. Em sua opinião, não existe continente em situação tão difícil em termos de integração  logística, seja por rodovias, ferrovias ou hidrovias. “A geografia da América do Sul é ingrata. De um lado tem o nível dos Andes, que vai do Chile passa pela Colômbia vai até quase a Venezuela e, na vertente Atlântica, nós temos a Bacia amazônica e a floresta amazônica. As inciativas de integração, portanto, se tornam indispensáveis para que seja possível à América do Sul participar de forma crescente do comércio mundial”.

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