Governo gaúcho decide entrar no debate sobre os leilões regionais por fonte energética

Estado acredita que com os leilões regionais de fontes energéticas poderá atrair mais investimentos/Foto/Divulgação

O governo gaúcho resolveu entrar no debate sobre os leilões regionais por fonte energética. Aspiração não tão recente de vários segmentos do setor energético nacional a fim de proporcionar maior segurança energética a partir das sinergias de cada região do país, a proposta ainda não chegou a ser discutida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que prefere manter-se em linha com a atual forma dos certames, em que a prioridade é o menor preço.

Os últimos leilões de energia, entretanto, que beneficiaram amplamente os estados do nordeste, convenceram o governo gaúcho de que é preciso uma atuação mais forte a favor da regionalização dos leilões. “A energia eólica não é uma fonte contínua. E mesmo com uma quantidade importante de oferta no nordeste do país, não é possível prescindir das térmicas. Assim, não adiante localizar as usinas apenas em uma determinada região. É preciso reconhecer que existem diferenças de performances dos parques eólicos e fazer esse encontro de contas”, diz a secretária de Minas e Energia Susana Kakuta, que anuncia uma reivindicação formal do estado junto à Aneel a favor da instituição de leilões regionais.

O presidente do Sindicato das Empresas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Guilherme Sari,  acrescenta que não é somente o estado do RS que pleiteia a regionalização dos certames, mas grandes players do setor. “É verdade que existe um potencial eólico respeitável no nordeste, além de uma cadeia de equipamentos para a construção dos parques eólicos e uma política forte de incentivos, mas, em contrapartida, muitos dos parques ficam a mais de 50 quilômetros de distância das conexões, enquanto no RS é possível desenvolver projetos praticamente embaixo das linhas de transmissão.”

Em sua opinião, dar prioridade ao preço é um equívoco, pois além de desconsiderar a diversidade da oferta de energia primária e as vantagens  comparativas regionais, o modelo não contribuiria para a segurança energética, na medida em que restringe a diversificação da matriz elétrica.

Para o empresário, Ricardo Pigatto, o planejamento do setor elétrico brasileiro é absolutamente equivocado na questão da localização das fontes geradoras que participam dos certames.  “Os leilões de energia têm apenas o foco no menor preço do MWh, sem levar em consideração onde estará localizada a unidade de geração. Isso fez com que se ampliassem as linhas de transmissão no Brasil triplicado o custo da TUST(Tarifa de uso de transmissão e de distribuição do sistema) aos consumidores, aumentando as perdas do sistema e também os riscos”, argumenta.

Apesar da insistência dos empresários com estudos e demonstrações das externalidades desse planejamento equivocado, Pigatto lembra que o poder concedente nunca discutiu o assunto. Por causa disso, ele defende um intenso trabalho politico/institucional para que o Rio Grande do Sul receba a atenção proporcional à sua potencialidade de geração de energia.

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