Pequenos e médios provedores da internet irão liderar o mercado em cinco anos

Luciano Franz, presidente da InternetSul, associação que reúne 169 provedores do Rio Grande do Sul, é taxativo. Em cinco anos, os pequenos e médios provedores de internet serão os líderes de um mercado que hoje é dominado pelas operadoras gigantes: Grupo Claro, Oi e Vivo. De fato, se for considerado o avanço desse segmento que reúne mais de cinco mil empresários no Brasil, essa previsão não é nenhum disparate. Donos de 20% do market share do setor, os pequenos e médios provedores estão crescendo na faixa de dois dígitos por ano. E são também os maiores clientes de fibras ópticas, mesmo ignorados pelas linhas de crédito mais favorecidas que o BNDES oferece às grandes operadoras, complementa Franz.

 Os cases
A Bitcom Internet, de Caxias do Sul, em 21 anos de atividades implantou 16 lojas comerciais que atendem cerca de 50 municípios nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.  Além de provedora de internet, tem em seu portfólio TV por assinatura, telefonia e seguros. Para médias e grandes empresas, a Bitcom possui soluções profissionais para armazenamento na nuvem, segurança de dados, monitoramento de ativos e interligações de unidades, além do acesso a internet.  Apesar da crise da economia nacional, a empresa teve um crescimento de 29% em 2015, em comparação ao ano anterior e, para este ano, planeja avançar a incrível taxa de 30%.
Outro fenômeno do mercado é a Vetorial, de Pelotas. Fundada em 1996, ela atua como provedora de internet na zona sul do estado. Nos últimos anos investiu em um novo data center, com soluções especializadas em cloud computing e na expansão da rede de fibra óptica para atendimento dos clientes. Em 2015, a empresa teve um crescimento de inacreditáveis 42% e, em 2016, estima crescer mais 30%.

É preciso investir
 Com sede no centro geográfico do estado, no município de Santa Maria, a Ávato é outro case de sucesso do setor. Criada em 2003, ela dedica-se integralmente ao setor corporativo, em que mantém uma clientela formada por cerca de 500 empresas. Até o momento investiu em infraestrutura de TI e Telecom perto de R$ 25 milhões, em valores deflacionados, a maior parte de recursos próprios e de investidores. Para este ano, a previsão é de outros R$ 4 milhões, 80% dos quais de recursos próprios. Em 2015, a empresa teve um crescimento de 22% sobre o ano anterior e, em 2016, deve superar a marca de 35%, prevê Magnum Foletto, diretor-executivo da Ávato.

Sucesso não cai do céu
O sucesso desses pequenos e médios empresários, segundo o presidente da InternetSul, não caiu do céu. Muitos deles venderam suas casas, ficaram  sem seus carros e foram obrigados a lidar com a enorme burocracia, custos e lentidão nos aspectos societários, regulatórios, tributários e fiscais.   O esforço também implica, segundo o empresário Fabiano Vergani, da Bitcom, desenvolver novos produtos e serviços no ritmo exigido por um mercado em constante transformação. Outro desafio é alcançar uma escala operacional que possibilite alavancar o crescimento e melhorar a rentabilidade. “Os pequenos empresários estão fazendo a sua parte, mas falta crédito. Com o mesmo real incentivado na mão de uma grande operadora, o pequeno provedor entrega muito melhor resultado”, assegura Foletto.

CNPJs
Enfrentar a elevada carga tributária que consome os recursos da empresa é outro fator que sacrifica o setor, segundo Rafael de Sá, diretor da Vetorial. Uma medida importante, segundo ele seria a criação de um novo teto para o Simples, o que garantiria uma maior expansão do segmento. Hoje o limite de faturamento das pequenas e microempresas é de R$ 3,6 milhões. Ao exceder essa faixa, as empresas são sujeitas a uma tributação de 30% somente de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). Para continuar crescendo, muitos empresários acabam sendo obrigados a registrar CNPJs para cada membro de suas famílias. “Tem casos em que esses empresários já esgotaram as opções para criar CNPJ, o que significa que ficarão limitados em sua expansão”, assinala Franz.

 

 

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