Randon vê cenários positivos para o modal ferroviário no Brasil

Apesar de uma queda de 30% nas vendas de vagões rodoviários projetada para este ano, em comparação ao ano passado, a Randon Implementos, do grupo Randon, de Caxias do Sul, trabalha com cenários positivos para os próximos anos, o que deve consolidar-se graças ao Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) lançado pelo governo interino por meio da MP 727.

Sandro Adolfo Trentin, diretor de tecnologia e inovação da Randon, prevê para os próximos anos um cenário de volume médio de quatro mil vagões por ano para o horizonte dos próximos cinco anos, incluindo 2016.  “Essas projeções estão dentro de nossas expectativas e a Randon segue normalmente com suas estratégias e investimentos nesse setor. Como o mercado é sazonal e de poucos players, o número pode variar para cima ou para baixo”, afirmou o executivo em entrevista a MODAL. A seguir, leia os principais trechos:

Quais os cenários do modal ferroviário no Brasil? Os negócios relacionados ao modal ferroviário foram aquecidos em 2015, principalmente devido aos investimentos de algumas concessionárias, especialmente aquelas de transporte de carga geral. Em função dessa demanda, em 2016, os fabricantes de equipamentos ferroviários estão com um bom nível de atividade. Já o transporte de minério está retraído, dado ao baixo valor dessa commodity no mercado internacional.

Qual foi o desempenho da companhia em 2015? Em 2015, a Randon teve a maior participação histórica de mercado, respondendo por quase metade dos vagões entregues no país, batendo o recorde, com a fabricação simultânea em quatro linhas distintas. Este foi o melhor ano para a empresa neste setor, com representatividade histórica em sua receita, desde 2004, ano em que ingressou no segmento.

Quais os principais entraves do mercado brasileiro? Restrições ao crédito, taxas de financiamento, modelo de concessão com término do prazo incompatível com o período de retorno do investimento esperado pelos concessionários.

Qual a previsão de crescimento para 2016 em vendas?
Para 2016, trabalhamos com um número de mercado de 3.300 unidades, o que representa uma queda de cerca de 30% em relação ao número de 2015 (4.600 unidades). As variações dessa magnitude são normais no setor de vagões ferroviários, onde os negócios são spot e com um número pequeno de clientes finais.

De que forma a crise afetou o setor?
Apesar dessa queda no mercado geral esperada para 2016, o mercado de vagões para a Randon está dentro de suas expectativas e a Randon segue normalmente com suas estratégias e investimentos nesse setor

Quais os cenários para os próximos anos? Trabalhamos com um cenário de volume médio de quatro mil vagões ao ano para o horizonte dos próximos cinco anos, incluindo 2016. Como o mercado é sazonal e de poucos players, o número pode variar para cima ou para baixo em relação a essas  unidades nas taxas verificadas em 2016. Entretanto, trabalhamos com a referência média das quatro mil unidades

Qual a sua apreciação sobre a MP 727 que sinaliza concessões e PPPs?
Cremos que todo o mercado trabalha com a expectativa de avanço das concessões ou iniciativas das Parcerias Públicas- Privadas, como uma forma impulsionadora desse mercado. Acreditamos que, junto com outros setores como a telecomunicações, mineração e concessões rodoviárias, as concessões ferroviárias mostraram o quanto são benéficas à economia brasileira. Se no início dos anos 1990, a Rede Ferroviária Federal convivia com um prejuízo diário de US$ 1 milhão, o período pós-privatização mostrou-se eficiente, dinâmico e mais seguro, o que proporcionou empresas viáveis que voltaram a investir na aquisição de equipamentos da indústria nacional, como vagões ferroviários.

Qual a sua expectativa em relação à atuação da Rumo (ex-ALL) no mercado? A Randon tem relações com a Rumo e seu grupo empresarial (Cosan) há longo tempo. Acreditamos em seu potencial empreendedor, seja na produção de açúcar e álcool, na geração de energia, distribuição de combustível ou infraestrutura, setor esse onde a Rumo está incluída. Acreditamos que a Rumo tem grandes oportunidades e uma malha estratégica, abrangendo as principais regiões do agrobusiness brasileiro, setor destaque em nossa economia.

Como vê a atuação do governo gaúcho nas relações abertas com a Rumo?
Vemos com bastante otimismo, pois por ser concessão, a atuação das concessionárias ferroviárias está interligada com políticas do setor público. Ações que motivem investimento das concessionárias em infraestrutura trarão consequentemente um maior uso da malha gaúcha e, por sua vez, encomenda de novos vagões.

 Quais as principais ferrovias  em operação hoje no Brasil?
O Brasil não é um país de grande extensão de sua malha férrea, a qual atinge pouco menos de 30 mil km.  A melhor análise é dada pelos trechos ferroviários em operação que, em algumas vezes, atravessam os estados. Naturalmente, a principal referência ferroviária do país é o transporte de minério que abrange em torno de 70% do volume transportado no país. Aqui, o destaque é para as ferrovias operadas pela Vale do Rio Doce (Estrada de Ferro Carajás: Pará e Maranhão e Estrada de Ferro Vitória-Minas: Minas Gerais e Espírito Santo), e pela MRS Logística (Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro).  Nos últimos anos, a produção agrícola ganhou grande destaque no transporte ferroviário e fez surgir outro número de operadores com grande presença no agribusiness e suas commodities. Aqui, destaca-se a VLI Logística (São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Maranhã e Espírito Santo) e a Rumo (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso).

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