Rumo Logística acena investir R$ 10 bilhões no RS com antecipação da renovação das concessões

A Rumo Logística, detentora de quatro concessões ferroviárias no país, que somam 12 mil quilômetros, mudou a forma de se relacionar com os operadores de cargas. Antes retraída, a empresa se mostra transparente, com um diálogo franco e direto. Ela acena com a possibilidade de investir pesado no estado, e para isso busca apoio institucional do setor privado para antecipar a renovação do prazo de permissão por mais 30 anos, além de 2027, ou seja, até 2057. Esta foi a tônica do encontro com clientes gaúchos realizado semana passada, na sede da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre.

Darlan de David, vice-presidente da Rumo, disse que a empresa tem planos de investir R$ 2 bilhões num prazo de dois anos, e R$ 10 bilhões no longo prazo, na recuperação dos ramais do Rio Grande do Sul, incluindo troca de dormentes, trilhos, compra de vagões e locomotivas. Conforme o executivo, a empresa investiu R$ 50 milhões em 2016 e R$ 100 milhões, neste ano, na manutenção básica dos ramais em uso no Rio Grande do Sul. A estimativa para 2018 é aplicar quantia próxima de R$ 120 milhões. Desde 2005, segundo ele, não era feito nenhum tipo de aplicação na prestação do serviço.

Primeiro o plano, depois o apoio

Atualmente, duas linhas estão em atividade no estado: Ijuí-Cruz Alta-Júlio de Castilhos-Cacequi-Rio Grande e a Passo-Fundo-Porto Alegre. A primeira leva a safra de grãos ao porto de Rio Grande. A segunda, transporta combustível líquido. Neste ano, o modal ferroviário transportou 3 milhões de toneladas de soja, aumento de 25% sobre 2016. A estimativa para 2018 é 3,5 milhões, embora haja potencial para chegar até 10 milhões de toneladas de soja.

“Volume de carga há”, ressalta Luiz Carlos Nemitz, diretor da Farsul, salientando que a safra agrícola gaúcha soma 36 milhões de toneladas. “Temos ainda a pecuária e a área florestal. No encontro foi levantado a ideia de criação de uma linha ligando a região de Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado ao porto de Rio Grande para movimentação de madeira”, disse o dirigente.

Demandas por regiões

“A Rumo deseja antecipar a renovação para investir mais. Somos simpáticos a isso, mas desde que ela apresente um plano de investimento. Primeiro queremos ver o plano. Depois damos o nosso apoio. Precisamos saber certo e ter alguma garantia do quanto vão investir, onde e quando”, condiciona o dirigente.

Para facilitar a identificação de cargas e necessidades, foi criado três grupos de trabalho, responsáveis pelo levantamento de informações no estado sobre volume e identificação de terminais intermodais. O primeiro grupo ficará a cargo da Fecoagro-RS (Federação das Cooperativas Agropecuárias) e a Acergs ( Associação dos Cerealistas do Rio Grande do Sul). O segundo grupo, que envolve a Metade Sul do estado, será de responsabilidade da Farsul. O terceiro grupo, compreendendo o polo metalmecânico da região Nordeste, a cargo da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) e Câmara de Indústria e Comércio de Vacaria.

Sentimento de satisfação

Uma possibilidade encontrada é utilizar o ramal Passo Fundo-Porto Alegre para fazer o escoamento de parte da carga industrial da Metade Norte do estado. “De Porto Alegre ela seguiria por hidrovia até o porto de Rio Grande”, informa Luiz Carlos Nemitz. Ele não alimenta nenhuma esperança na criação de uma linha ferroviária ligando Porto Alegre a Rio Grande. “O trabalho dos grupos deve avançar por quase todo 2018. Acredito que os primeiros resultados devem aparecer somente em 2019”, prevê o diretor da Farsul.

A iniciativa do encontro da semana passada em Porto Alegre surgiu um mês atrás, em Curitiba, quando representantes do setor de alimentos (frango e suínos) do Paraná expuseram suas dificuldades para representantes da Rumo. “Foi iniciativa do deputado federal Jerônimo Goergen”, assinala o dirigente da Farsul. “O relacionamento mudou, é outro. O sentimento entre os clientes é de satisfação”, comenta Nemitz.

A extensão da malha ferroviária no Rio Grande do Sul é de 3,2 mil quilômetros. Os ativos da Rumo no estado somam 65 locomotivas e 1,2 mil a 1,3 mil vagões em operação.

Mapa RS

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