Setor de infraestrutura deve atrair mais investimentos em 2018, no Brasil

Claudio Frischtak /Divulgação

Em 2018, os investimentos em infraestrutura deverão somar cerca de R$ 101,5 bilhões, o que representará um aumento nominal de 12,3% e real de 7,9% em relação a 2017, com base numa inflação esperada de 4,02%. Esse cenário aponta para o início de uma recuperação gradual nos investimentos setoriais após uma forte contração no biênio 2016-17, segundo estudo divulgado pela Inter.B Consultoria Internacional de Negócio.

Abaixo da média histórica

Apesar dos maiores gastos em infraestrutura em 2018, o montante a ser investido como porcentagem do PIB projetado permanece muito abaixo da média histórica (2,1%), evidenciando o caráter lento da recuperação dos investimentos no setor, observa o economista Claudio Frischtak. “A crise fiscal e escassez de recursos discricionários dos governos afetam diretamente os investimentos públicos, enquanto os investimentos privados continuam sofrendo por conta da falta de horizonte mais além de 2018, e incerteza regulatória, cuja redução se espera com a aprovação da Lei das Agências.”

Todos setores se recuperam

Em 2018, conforme Frischtak, todos os setores se recuperam em relação a 2017, sendo a reação mais forte observada em telecomunicações (25,3%), com investimentos de R$ 23,3 bilhões. O setor de energia elétrica deverá esboçar uma retomada de 18,3%, em termos nominais, com investimentos de R$ 32,3 bilhões. No caso de saneamento, projeta-se um aumento de 8,5%, totalizando R$10,2 bilhões. Já o setor de transporte espera-se uma relativa estabilidade em termos nominais (crescimento de 1,7%), com investimentos de R$ 35,7 bilhões, porém com grande discrepância entre os subsetores.

Programa Avançar

O estudo prevê ainda uma contração no setor rodoviário, ainda que de forma menos intensa do que em 2017, na medida em que investimentos em concessões estaduais (SP) se materializam, e impasses no âmbito federal progressivamente se resolvem. Ao mesmo tempo, projeta-se uma quase estabilidade no caso de ferrovias, cujos investimentos devem se acelerar a partir de 2019 com as renovações das concessões.

Em mobilidade urbana, o crescimento de R$ 10 bilhões, em 2017, para R$ 11,8 bilhões, em 2018, se explica pelos investimentos decorrentes do Programa Avançar, anunciado no último trimestre. No caso dos aeroportos, apesar do aumento de 22,2% dos investimentos, o montante previsto para 2018 ainda é limitado, na medida em que os aeroportos concedidos no ano vigente estão em fase de transição de administração, e os gastos de capital só serão efetivados a partir de 2019. Chama também atenção a brusca redução nos investimentos em hidrovias, segmento com participação majoritária da instância pública.

2017 foi o pior ano das últimas décadas

Em 2017, os investimentos em infraestrutura devem atingir possivelmente seu ponto mais baixo nas últimas cinco décadas, 1,37% do PIB (com base num PIB nominal de R$ 6.600 bilhões).  As estimativas da Inter.B sugerem uma contração em todos os segmentos, mais acentuada em energia e transporte, principalmente rodovias e mobilidade urbana.
Para Frischtak, ainda que os investimentos públicos permaneçam necessários, o envolvimento do setor privado se tornou imprescindível, não somente por conta da crise fiscal que assola todas as instâncias de governo. Razão ainda mais importante é o filtro que o setor privado estabelece quanto à qualidade dos projetos, a eficiência na execução e os serviços resultantes. “No curto e médio prazo, é essencial melhorar a qualidade do planejamento; garantir a autonomia decisória e financeira das Agências reguladoras; e trazer o mercado de capitais e os bancos privados para financiar o setor”, assinala.

 

 

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