Vinhos importados ocupam 86,3% do mercado brasileiro

Crédito: Ivan Almeida

As exportações de vinhos e espumantes brasileiros registraram no primeiro semestre deste ano um aumento de 36,90% em relação ao mesmo período do ano passado e pode encerrar 2017 com números mais robustos, devido ao ingresso de dez novas vinícolas no projeto Wines of Brasil. Agora são 40 empresas, informa o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho).

No sentido inverso, as importações de vinhos entre janeiro e junho cresceram 38,72% e as de espumantes, 79,58%. O que mais chama a atenção é que no comparativo entre os dois semestres, as compras externas apresentaram evolução de 38,72% nos vinhos e de 79,58% nos espumantes. O resultado, conforme cálculo elaborado pela Uvibra (União Brasileira dos Viticultores) é o domínio maciço de vinhos importados no mercado interno.

Marcas próprias

A supremacia externa alcançou a marca de 86,3% no encerramento do primeiro semestre deste ano – o maior índice nos últimos oito anos. Os nacionais ficaram com os restantes 13,7%. Em 2011 a presença dos importados representava 78,8% e o nacional 21,2%. Como o Brasil tem, reconhecidamente, um dos melhores terroir do mundo para a produção de espumantes, a presença brasileira no mercado interno dessa bebida ficou em 67,2% – nos seis primeiros meses de 2016 era de 80,7%.

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Diego Bertolini, gerente de promoção do Ibravin, admite que o avanço dos importados preocupa, já que mais de 85% do volume importado são produtos com valor abaixo de US$ 4,00, e cujos maiores quantidades são trazidas por varejistas de grande porte, entre os quais redes supermercadistas, como Pão de Açúcar, Carrefour, Walt Mart e Zaffari. “Enquanto um produtor nacional recolhe IPI sobre 20, por exemplo, o importado paga sobre 2”, compara o executivo. “É uma competição desleal”, complementa.

Fora o canal varejista, tradicionais importadores/distribuidores e um grupo de vinícolas brasileiras também gozam de vantagens tributárias superiores ao adquirirem produtos de fora. “As redes varejistas costumam importar diretamente com marcas próprias”, enfatiza Bertolini.

Rumo ao Paraguai

As exportações brasileiras de vinhos somaram US$ 9 milhões em 2014, parte devida ao embalo da Copa do Mundo. Recuaram para US$ 4 milhões ano passado. Neste ano os sinais são mais positivos: no primeiro semestre deste ano foram contabilizando US$ 2,74 milhões. “A entrada de mais dez vinícolas ao Wines of Brasil mostra que elas estão em busca de novos mercados para compensar a retração interna”, observa o executivo do Ibravin. Menos de 5% do universo vinícola brasileiro mantém negócios regulares com 31 países.

Estados Unidos, China, Reino Unido e, mais recentemente, Japão e, principalmente, o Paraguai, despontam como os maiores compradores. Esse grupo é responsável por mais de 90% de todos os embarques. “A situação econômica do Paraguai nestes últimos três anos tem alavancado bons negócios. O Brasil aparece entre os maiores fornecedores”, destaca Diego Bertolini.

Por Guilherme Arruda

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