Resenha. A história de Getúlio Vargas direto da fonte

Conhecer um dos períodos cruciais da História do Brasil narrado por uma testemunha ocular dos fatos é uma experiência única. Ainda mais se for considerado que a autora, além de ser a filha do principal personagem, é, sem qualquer dúvida, uma escritora talentosa, mesmo que não tenha essa pretensão.
Tudo isso você encontra na leitura de Getúlio Vargas, Meu Pai, de Alzira Vargas do Amaral Peixoto, composta de escritos inéditos acrescidos à obra publicada originalmente em 1960 e lançada no ano passado pela Objetiva. É por meio da pena de Alzira que o leitor vem a conhecer a persona de um político dotado de inegável talento para a liderança e, diferentemente dos tempos atuais, dono de uma vasta cultura humanística sedimentada ao longo de seus estudos de Direito.
Com sabor literário, as memórias abrangem toda a trajetória daquele que governou o Brasil em dois períodos, totalizando quase 20 anos – 5 anos ininterruptos, de 1930 até 1945, como chefe do Governo Provisório (1930 a 1934), de 1934 até 1937 como presidente da República, de 1937 a 1945 como ditador, durante o Estado Novo implantado após um Golpe de estado.
No segundo período, em que foi eleito por voto direto, Getúlio governou o Brasil como presidente da República por três anos e meio: de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou.
Da infância até o suicídio, Alzira acompanha de perto a carreira do pai o que lhe permite transmitir ao leitor informações que o ajudam a traçar de uma forma realista quem foi, de fato, Getúlio Vargas, sem o vezo ideológico de historiadores.
Nesta nova edição, a Editora Objetiva contribui para a História do Brasil ao editar pela primeira vez textos que incluem considerações sobre o atentado da Rua Tonelero — que deu origem ao suicídio de Vargas —, ocorrido na madrugada de 5 de agosto de 1954, em frente ao edifício onde residia Carlos Lacerda, em Copacabana, no Rio de Janeiro, quando foi assassinado o major Rubens Florentino Vaz, da Força Aérea Brasileira (FAB), e ferido, no pé, Lacerda, jornalista e o futuro deputado federal e governador da Guanabara e membro da UDN, que fazia forte oposição a Getúlio. O crime foi atribuído a Alcino João Nascimento e ao auxiliar Climério Euribes de Almeida, membros da guarda pessoal de Getúlio.
Alzira, que foi chefe do Gabinete Civil da Presidência da República durante o governo de seu pai, não deixa dúvidas de que os fatos que resultaram no atentado tiveram indícios de um complô.

 

 

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