A Abrapch pretende iniciar um trabalho de divulgação sobre a necessidade de o país resolver gargalos e entraves que estariam impedindo o Brasil de utilizar o que a entidade define como a sua mais importante vantagem competitiva, ou seja, a riqueza de seus recursos hídricos, segundo informou seu presidente, Paulo Arbex.
“É inaceitável que um país, considerado a maior potência hídrica do mundo, com 12% de toda a água doce superficial do planeta, enfrentar entraves como o abastecimento de água para geração de energia elétrica, irrigação, abastecimento residencial e industrial”, acrescenta.
De acordo com o empresário, nem países desérticos como Israel e Arábia Saudita enfrentam dificuldades dessa natureza, o que é, segundo ele, resultado de 20 anos sem a construção de novos reservatórios.
Interesse econômico
Para Arbex, a percepção predominante no setor hidrelétrico e em outros segmentos é de que existe um interesse econômico pesado envolvido no debate acerca dos reservatórios das hidrelétricas e do agronegócio brasileiro. “Somente no setor de geração de energia elétrica está em disputa um mercado de mais de R$ 30 bilhões por ano, e a falta de hidrelétricas e de reservatórios tem forçado a contratação de térmicas fósseis até oito vezes mais caras e com emissões até 250 vezes superiores de gases de efeito estufa, além de diversos outros danos ambientais adicionais permanentes e infinitamente maiores”, destaca.
Paulo Arbex
Arbex agrega ainda que o agronegócio também é profundamente prejudicado. Segundo ele, existem milhões de hectares de terras férteis já desmatadas que poderiam produzir alimentos com a construção de reservatórios, os quais regularizariam as vazões dos rios e disponibilidade de água para irrigação no período seco nessas regiões.
Reservatórios
Ele lembra que as regiões de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), antes da construção da hidrelétrica da UHE Sobradinho, eram extremamente carentes. E atualmente, graças ao uso da água da usina para a irrigação por gotejamento, figuram entre as três cidades mais ricas de seus estados e entre as maiores produtoras e exportadoras de frutas e vinhos do Brasil. “São exemplos de como a construção de reservatórios melhoram as condições sócio-econômico-ambientais ao seu entorno”, enfatiza.
Fósseis
O presidente da Abrapch diz ainda que não é mais possível assistir indiferente a atuação de alguns grupos, que se dizem ambientalistas, mas que difamam as hidrelétricas e os reservatórios, enquanto fazem vista grossa para os danos ambientais infinitamente superiores das térmicas e de outros segmentos. “ É preciso atacar a raiz do problema do setor elétrico e do meio ambiente representado pela contratação de térmicas fósseis em detrimento de UHEs e de PCHs. “No penúltimo leilão de energia do ano passado foi comercializada energia de térmicas fósseis por mais de R$ 2.270, 00/ MWh, enquanto as PCHs poderiam ser viabilizadas por R$ 300,00/ MWh”, compara.
Debate público
“ Vamos levar esse discurso para o debate público e discutir o impacto ambiental de cada fonte”, diz Arbex. “ Não podemos aceitar que se exija das hidrelétricas compensações muito superiores aos seus impactos, enquanto de outros setores, como o das térmicas fósseis, são exigidas compensações de apenas uma pequena fração dos seus impactos -isso é dumping ambiental e não proteção do meio ambiente”.