AEB prevê superávit comercial a ser obtido pelo Brasil em 2019 triplamente negativo

José Augusto de Castro, presidente da AEB

Os dados projetados pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) para a balança comercial em 2019 mostram exportações de US$ 223,757 bilhões, uma queda de 6,7% em relação a 2018; importações de US$ 171,509 bilhões, um declínio de 5,4%; e um superávit comercial negativo de US$ 52,248 bilhões, uma perda de 10,9% na comparação com o ano anterior.

José Augusto de Castro, presidente da AEB, frisa que o superávit comercial a ser obtido pelo Brasil em 2019 será triplamente negativo. “Este ano podemos esperar queda nas exportações, nas importações e do próprio superávit, que, ainda que robusto, não irá gerar atividade econômica, proporcionada pela corrente de comércio, que também tem previsão de queda de 6,1%”, destaca.

O levantamento aponta que a corrente de comércio projetada para 2019 é de US$ 395,266 bilhões, menor que os US$ 421,114 bilhões apurados em 2018 e, ainda, mais distante do recorde de US$ 482,292 bilhões obtidos em 2011.

Guerra comercial

A guerra comercial entre EUA e China e, indiretamente, com a União Europeia; a crise nuclear EUA/Irã; a peste suína na China, com impactos nas negociações da soja e das carnes; o rompimento da barragem de Brumadinho, e seus reflexos no comércio de minério de ferro; a reversão das projeções de crescimento do PIB brasileiro; o menor crescimento do PIB da China; e o agravamento da crise econômica na Argentina, são fatores que o presidente da AEB aponta como indícios para a queda nos negócios.

As exportações brasileiras de manufaturados, à exceção de 2018, desde 2014 permanecem estagnadas, em patamar inferior a US$ 80 bilhões e em valores menores que as exportações de 2007. José Augusto atribui esta estagnação à forte crise econômica pela qual passa a Argentina, já que o país vizinho é o segundo maior importador de manufaturados brasileiros, quadro que deve se manter em 2019. “Porém, este ano, o Brasil poderá ter déficit comercial com aquele país, o primeiro desde 2003”, prevê.

Argentina

O levantamento da AEB aponta que as exportações do Brasil para a Argentina estão em forte queda. Em 2017 foram US$ 17,619 bilhões, e caíram em 2018 para US$ 14,951 bilhões. A projeção para 2019 é de nova queda, atingindo o montante de US$ 10,200 bilhões.

Apesar da indicação de fortes oscilações em 2019, os três principais produtos de exportação (soja, petróleo e minério de ferro) manterão representatividade próxima de 32%, consolidando o peso das commodities nas exportações e no superávit comercial. “Isto reforça a imperiosa necessidade de reformas estruturais para reduzir o Custo-Brasil e gerar competitividade nas exportações de manufaturados”, enfatiza Castro.
Commodities

Todos os 10 principais produtos exportados pelo Brasil são commodities, sem nenhum manufaturado, o que comprova a perda de competitividade deste segmento. De acordo com o levantamento da AEB a soja, pelo quinto ano consecutivo, será o principal produto de exportação do Brasil, com o petróleo na segunda posição e o minério de ferro em terceiro, mas com pequenas diferenças entre si.

O estudo aponta também que até junho foram embarcadas 44,5 milhões de toneladas de soja em grão, representando 62% dos 72 milhões de toneladas previstos para embarque em 2019.

Taxa cambial

A projeção, ainda de acordo com o levantamento, é de que a taxa cambial para o final de 2019 poderá ser influenciada pelo nível dos juros nos Estados Unidos, por eventuais decisões do Presidente Trump, por decisões do governo Bolsonaro e pela aprovação das reformas estruturais. As cotações devem oscilar entre o mínimo de R$ 3,65 e R$ 3,90.

A análise de Castro é de que em 2019 o elevado Custo-Brasil manterá o Brasil excluído das cadeias globais de valor e, indiretamente, provocará seu isolamento comercial, tendo como resultado um baixo volume de exportações de produtos manufaturados e a perda de empregos qualificados.

Os dados projetados de exportação e importação para 2019 sinalizam que o Brasil ocupará, respectivamente, a 29ª posição no ranking de exportação e a 30ª em importação, além de manter estagnada, ao redor de 1,1%, a participação nas exportações mundiais.

 

 

 

 

 

 

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