agPCH: com melhores taxas de retorno, setor deve atrair investimentos após a crise do covid-19

 

Apesar da pandemia provocada pelo covid-19, a Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (agPCH) mantém o otimismo em relação aos cenários do setor. De acordo com Roberto Zuch, presidente da entidade, os atores que conseguirem absorver com menos danos os impactos e se adaptar aos desafios, ao final, terão oportunidades para ocupar novos espaços.

Zuch lembra que o excesso de energia devido à queda elevada na demanda deve-se a uma contingência sanitária. Entretanto, a tendência é de uma retomada pós Covid-19 devido à reabertura gradual da economia. “É grande a chance de termos uma taxa real de juros negativa ao final de 2020, ou seja, o dinheiro aplicado em investimentos conservadores, provavelmente vai perder valor para a inflação. Nessa conjuntura, quem possui bons projetos de PCHs e CGHs terá a oportunidade de obter acesso a um número elevado de investidores interessados a optar por investimentos que possuem taxas de retornos mais interessantes, como é o caso de grande parte dos projetos de geração hídrica”, afirma.
A seguir, leia a entrevista completa de Roberto Zuch a MODAL:

Como a diretoria da agPCH está atuando nesse momento de pandemia

Seguimos fazendo o acompanhamento das ações da Fepam e DRH em home office.  Na semana passada, tivemos uma reunião online com o Departamento de Recursos Hídricos, em conjunto com funcionários da Secretária de Meio Ambiente, para tratar de um tema que estamos muito preocupados e foi assunto da última reunião da agPCH/Compech no Badesul: sobre os pedidos de reserva e outorga de disponibilidade hídrica. Muitos empreendedores não se atentaram a esse respeito e outros tantos estão com dificuldades de formular os pedidos através do Siout  (Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul). Em virtude dessas dificuldades verificadas através do feedback de consultores e empreendedores, em conjunto com o DRH pretendemos promover um treinamento junto aos agentes do setor com o objetivo de sanar dúvidas sobre esse processo, inclusive com a construção de um manual do Siout para PCHs e CGHs. A primeira reunião sobre esse tema iniciou antes da pandemia do Covid-19, com encontros presenciais. A nossa proposta era realizar um workshop presencial, porém, devido à nova situação, estamos avaliando a possibilidade de realizar o treinamento em plataforma online, o que deve ser definido em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura-RS e o DRH.

Cenários e preocupações

A agPCH possui diversos canais de comunicação, como Instagram, e-mail e grupo de whatsapp. Estamos recebendo consultas e sugestões dos associados através desses canais. Também estamos avaliando a viabilidade e o nível de adesão, caso venhamos a promover reuniões online entre os associados. Sabemos que muitos conseguiram se adaptar rapidamente a esse novo momento de reuniões digitais. Entretanto, existe ainda um grupo grande de pessoas que tem dificuldades. Por isso, ainda vamos definir se haverá uma experiência efetiva, ou melhor,  continuar com os contatos individuais conforme formos demandados.  A nossa maior preocupação obviamente é com a paralisação praticamente total da cadeia de serviços e investimentos no setor das PCHs, nesse primeiro momento. Justamente quando estávamos conseguindo, aos poucos, destravar o setor e sair de uma estagnação de muitos anos. Havia uma conjuntura favorável, com as taxas de juros no menor patamar e um cenário propício a novos investimentos. Além disso, havíamos construído uma organização robusta dos processos de licenciamento ambiental. A nossa preocupação é não deixar que as conquistas dos últimos meses sejam perdidas e tenhamos um retrocesso significativo.

O papel de uma entidade em momentos como atual

Creio que no momento atual o principal papel de uma entidade como a nossa é trazer informações importantes a respeito do setor, e em especial, buscar focar em questões positivas em que acreditamos. Temos convicção de que estamos saindo do momento mais crítico de fechamento e de que a economia ainda vai sofrer por um período um pouco maior, devido ao distanciamento social. Porém existem indicadores econômicos que nos trazem sinalizações positivas como, por exemplo, o nível da taxa de juros no patamar atual e com tendência de baixa ainda maior. É grande a chance de termos uma taxa real de juros negativa ao final de 2020, ou seja, o dinheiro aplicado em investimentos conservadores, provavelmente vai perder valor para a inflação. Nessa conjuntura, quem possui bons projetos de PCHs e CGHs terá a oportunidade de obter acesso a um número elevado de investidores interessados a optar por investimentos que possuem taxas de retornos mais interessantes, como é o caso de grande parte dos projetos de geração hídrica.

Financiamentos

Essa é uma questão muito particular de cada empreendimento, e geralmente são contratos com cláusulas de confidencialidade. Portanto fica difícil falar de casos específicos. Todavia, o BNDES, logo no inicio do confinamento, anunciou através de uma live algumas ações de suspensão de pagamentos por um período determinado dos financiamentos em vigor, inclusive extensivo para os casos em que havia agentes repassadores como, por exemplo, BRDE e Badesul.

O futuro das PCHs pós covid-19

O momento requer muita resiliência. Aqueles que conseguirem absorver com menos danos os impactos e se adaptar aos desafios, ao final, terão oportunidades para ocupar novos espaços.  Creio que teremos excelentes oportunidades. Atualmente, temos um excesso de energia devido à queda elevada na demanda, entretanto a tendência é de uma retomada pós Covid-19. Creio que após a reabertura gradual da economia, somada às medidas de estímulo e quantidade de dinheiro que está sendo injetado na economia pelo governo, teremos, a curto e médio prazo, uma elevação da demanda de energia, trazendo oportunidades  que devem servir para viabilizar novos empreendimentos de geração. Esse meu sentimento se baseia em princípios econômicos. Quando você injeta dinheiro na economia, sem regular a produção, a tendência é de um aumento da inflação. Para segurá-la seria necessário um aumento da taxa Selic, o que não faria o menor sentido nesse momento de recessão. Então, para ajustar essa equação, é muito provável que haja um estímulo ao aumento da produção logo em seguida à reabertura da economia. A partir de uma rápida retomada industrial, a tendência é de que a demanda de energia retome o seu patamar anterior.

 

 

 

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