A primeira linha de montagem de dirigíveis da América Latina inicia no próximo ano pela Airship do Brasil, empresa do grupo Bertolini, que desde o começo dos anos 90 se dedica no desenvolvimento de tecnologias mais leves que o ar. Com unidades na cidade de São Carlos, interior de São Paulo, a diretoria faz mistério sobre o local onde serão montados os equipamentos. Trata o assunto como segredo de Estado. O que está definido é que nesta primeira fase será fabricado o modelo de 6 toneladas de capacidade, indicado para o transporte de cargas, inspeção de redes de alta tensão, obras de infraestrutura, além de serviços de sensoriamento e monitoramento, entre outras aplicações.
Paulo Vicente Caleffi, diretor da Bertolini, informa que a empresa concentra esforços na busca das certificações nacionais e internacionais para andamento do projeto, incluindo os fornecedores de materiais. “Para você ter ideia, para a montagem do modelo de 6 toneladas são necessários aproximadamente quatro mil itens”, explica o empresário gaúcho, acrescentando que 95% dos componentes dos dirigíveis são importados.
Autonomia entre Porto Alegre e Brasília
Caleffi assegura já ter formado uma carteira de pedidos, mas se esquiva em revelar detalhes, deixando escapar apenas o interesse das Forças Armadas pelo projeto. Ao ser questionado os argumentos favoráveis que utiliza para convencer possíveis usuários de dirigíveis, ele responde: “Não costumamos usar argumentos, porque acreditamos que este é um produto que não será vendido, mas comprado. É um meio de transporte que desenvolve velocidade de 100 km/h sem enfrentar nenhum problema de trânsito”, diz, acrescentando que o dirigível possui autonomia de 1,5 mil quilômetros, equivalente a distância entre Porto Alegre e Brasília.
Aposta em dirigíveis cargueiros
O empresário conta que nos últimos dez anos foram feitos investimentos da ordem de R$ 120 milhões na Airship do Brasil. Além do modelo de 6 toneladas, a empresa aposta no ADB-3-30, de 30 toneladas, capaz de transportar duas pás eólicas e tem projeto para um modelo cargueiro para 50 toneladas. “Somos detentores de 39 patentes. Além disso, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou o dirigível para uso em áreas agrícolas, fotográfica e para publicidade”, conta Caleffi. A empresa também oferece serviços de apoio logístico, segurança, vigilância, geofísica aérea, meteorologia e meio ambiente.
A Airship do Brasil é finalista entre quatro mil inscritos para concorrer ao Prêmio Nacional de Inovação, promovido pela (CNI) Confederação Nacional da Indústria e pelo Sebrae, disputando na categoria Inovação em Marketing.
Por Guilherme Arruda