Mesmo com energia sobrecontratada causada pela redução do consumo em meio à recessão, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deverá sinalizar uma redução tarifária da CEEE-D, em novembro, devido à queda do custo da energia, admite o diretor da empresa Julio Hofer, em entrevista a MODAL.
“A sobrecontratação de energia é um problema do setor elétrico no Brasil, e são poucas as distribuidoras que não enfrentam esse entrave. Na expectativa de aumento de mercado, compramos energia com cinco anos de antecedência. Houve a reversão do quadro econômico, mas a compra já estava firmada”, explicou. “O resultado é que temos energia, mas não conseguimos vender e, como existe um modelo de recomposição posterior, isso gera um passivo para a empresa.”
Revisão extraordinária
Hofer preferiu não informar as perdas que estão sendo suportadas pela companhia em razão da sobrecontratação de energia. Segundo ele, a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) sugeriu à Aneel a criação de revisões tarifárias extraordinárias para reequilibrar os custos das empresas, alternativa que não prosperou. “A Agência argumentou que as revisões tarifárias deverão servir para reequilibrar o setor” explicou.
De acordo com Hofer, a CEEE-D começa a enxergar fortes sinais de retomada de suas bases estruturais. Além de manter a constância de bons indicadores, a companhia também reduziu seu custo operacional, acrescentou. “Ainda temos desafios, mas vislumbramos sinais positivos, o que é reconhecido pela própria Aneel, em indicadores como a redução do número de horas em que as residências ficam sem energia.”
Posição intermediária
“Já não nos encontramos entre as empresas mais atrasadas segundo o ranking da Agência. Evoluímos para uma posição intermediária e a tendência é avançar.” Conforme Hofer, a companhia trabalha hoje com quatro grandes grupos de trabalho: ampliação da automação da rede, gestão por indicadores, motivação e melhoria de processos. Graças a essa política e o corte de 190 funcionários, o grupo CEEE reduziu seus custos em cerca de R$ 200 milhões, dos quais cerca de R$ 100 milhões somente da CEEE-D.
Telecomandos
Os equipamentos telecomandados que já faziam parte da rede da companhia tiveram suas tecnologias ajustadas, o que contribui, segundo Hofer, para a redução do número de horas, em que o usuário fica sem energia. Em 2014, a CEEE-D pagou R$ 18 milhões de multas aos usuários devido a essa rubrica, o que se reduziu para R$ 7,5 milhões em 2015. Para 2016, a meta é não ultrapassar a R$ 5 milhões, dinheiro esse que entra direto na conta do cliente. “Há uma relação direta entre o fornecimento de energia e a satisfação do cliente. Por isso, a tendência é a CEEE-D avançar nesse indicador”, explicou Hofer. No primeiro trimestre do ano, a CEEE-D apresentou um lucro líquido de R$ 195,7 milhões. O retornou sobre o patrimônio líquido foi de 0,68 negativo.