Avanço das fontes intermitentes torna as PCHs alternativa de segurança energética, diz Zuch

Roberto Zuch, presidente da Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (agPCH), considera a segurança energética como um dos grandes desafios do setor elétrico nacional. Frente ao avanço de projetos de energia eólica e solar, Zuch nota que é preciso trabalhar em soluções técnicas diante da expansão dessas fontes intermitentes.
“A energia solar gera durante o dia, com um rendimento de 20 a25%, enquanto a eólica gera nos momentos de vento. O que é necessário para garantir a segurança energética nos períodos em que o setor não conta com vento nem sol? Essa é a grande discussão”, avalia.

Uma das opções são os reservatórios de hidrelétricas, a maneira mais econômica de acumular energia, observa Zuch. Todavia, o Brasil vem construindo usinas sem reservatórios que tem a UHE Belo Monte como exemplo emblemático,  acrescenta.

Já em relação aos cenários de UHEs, estudos indicavam que a maior parte do potencial  hidrelétrico nacional se encontra em terras indígenas, na região amazônica.  Nessa linha, segundo o presidente da agPCH, a alternativa mais em conta seria a construção de pequenas reservatórios por meio das PCHs.

“Sabemos que uma usina, isoladamente, não faz diferença em reservas, mas se somarmos uma boa quantidade podemos proporcionar estabilidade ao sistema. Esse é o caminho que temos de aprofundar”, avalia.

Ao todo, são 1.046  PCHs em operação no país, com 5.560 MW de potência instalada, com possibilidade de instalação de outras 2.013, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza outros 108 projetos, segundo dados da Abrapch.

PCH Cazuza Ferreira

Na visão de Zuch, o Brasil deve continuar avançando nas energias renováveis como um todo, na medida em que todas são energias limpas. Todavia, não se pode basear o crescimento em uma ou duas fontes. “Seria pouco inteligente”, assinala.  “O certo é manter uma variedade de renováveis com o reconhecimento dos atributos da fonte hídrica”.

O líder das PCHs do RS considera que o custo de implantação dessas usinas seja maior em comparação a uma solar ou eólica. Porém isso não significa que a energia gerada para o consumidor final seja mais cara. Além disso, sua viabilidade depende de um local específico, em cursos de água.  Também são impedidas de deslocamento ou de modificações, porque dependem de um relevo específico, de queda natural, em comparação à flexibilidade de uma eólica ou solar. Em contrapartida promovem uma série de benefícios ambientais como a implantação de APPs que triplicam as áreas de preservação ambiental, custos esses, segundo Zuch, que devem ser considerados nos processos de licenciamento.

“Hoje não temos os  atributos e os benefícios das PCHs corretamente valorados, e isso  torna  desigual a competição, com o crescimento maior das intermitentes, em comparação à fonte mais econômica”, acrescenta. “Precisamos equilibrar essa matriz”.

 

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