Início da dragagem da Lagoa Mirim abre caminho para terminal graneleiro uruguaio
O início da dragagem da Lagoa Mirim é a chave aguardada pelas empresas do agronegócio do Uruguai para iniciar as obras de construção de um terminal graneleiro para carga geral, no Rio Tacuari. O projeto ficará localizado a 18 km de Rio Branco/Jaguarão e 3 kms da Lagoa. Os investimentos são estimados em cerca de US$ 30 milhões. Tanto o licenciamento ambiental como a autorização do Ministério dos Transportes do Uruguai já foram emitidos. Com esse terminal os empresários uruguaios pretendem começar a exportar cerca de 1,4 milhão de toneladas por meio da hidrovia até os portos do Rio Grande e de Pelotas, o que garantirá maior competitividade dos produtos uruguaios no mercado internacional e também um acréscimo das operações nos portos do RS. Cronograma “O cronograma de obras do terminal deve ser executado quase em paralelo com a dragagem da lagoa Mirim prevista para 24 meses”, disse a Modal o embaixador uruguaio no Brasil, Guillermo Valles. De acordo com Valles, que incluiu a implantação da hidrovia da lagoa Mirim entre as suas prioridades no Brasil, o adiamento por duas vezes do lançamento do edital para a licitação da dragagem da Lagoa Mirim, gerou preocupação entre os empresários do agronegócio uruguaio que fazem parte do pré-consórcio de construção do terminal. “Felizmente, o DNIT agiu rápido e retificou o edital, ficando a abertura das propostas para o dia 6 de maio, com as mudanças necessárias para uma definição das empresas vencedoras”. Edital O edital prevê a licitação do projeto executivo de dragagem e execução de dragagem de implantação do Canal Navegável na Lagoa Mirim, compreendendo o Canal do Sangradouro (Extremo Norte) e o Canal de Acesso ao Porto de Santa Vitória do Palmar (Extremo Sul). Somente com a dragagem o governo do Brasil vai investir US$ 7 milhões, enquanto o assoreamento anual é estimado em R$ 5 milhões. A manutenção fara parte de uma concessão futura de ANTAQ. A partir da dragagem e do balizamento da hidrovia, o embaixador Valles acredita que ficará aberto o caminho para a concessão da hidrovia. “Um dado importante para a futura concessão é de que com essa dragagem, vamos conhecer o grau de assoreamento da hidrovia que delimitará o nível de intervenção para a dragagem anual“, observou. A inclusão da hidrovia da Lagoa Mirim no PAC da Integração, e das Rotas para a Integração Sul-Americana, lançados pelo governo Lula, representa o reconhecimento do governo brasileiro para um projeto que foi postergado por mais de 60 anos, disse Valles. “Precisamos tirar do papel e tornar realidade uma iniciativa que será benéfica para ambos os países”. A hidrovia é constituída por trechos de sete rios e tem extensão total de 1.860 quilômetros. Carga Quatros estudos de demanda foram produzidos sobre o potencial de carga da hidrovia da Lagoa Mirim no sentido do Uruguai para o Brasil: 1- Da Corporação Andina de Financiamento (CAF); 2- Do governo uruguaio; 3- Da empresa brasileira DTA que apresentou o EVTEA da lagoa Mirim em 2021; 4- Do setor privado que irá construir o terminal no Uruguai. Segundo esse último estudo, haveria uma demanda de 1,350 milhão de toneladas de cargas anual que hoje são transportadas via rodoviária, principalmente soja, arroz, madeira, cimento e carne. Entre 5 a 7 anos, a produção do Uruguai poderá alcançar a 4, 7 milhões de toneladas de madeira, soja, trigo ou sorgo de uma área de um milhão de hectares que hoje está ocupada para criação extensiva de gado . “Hoje está área não está sendo aproveitada para o cultivo porque exigiria um transporte entre 450 km e 500 km até o Porto de Montevidéu”, diz o embaixador. “Com o escoamento dessa produção pela Lagoa Mirim e pelo canal de São Gonçalo até os portos de Rio Grande e de Pelotas, a distância se reduz a 220 quilômetros, em modal hidroviário, ambientalmente sustentável e o custo logístico viabilizaria as exportações para a China e Europa”. Quanto às exportações no sentido do Brasil para o Uruguai, a estimativa é de 1,3 milhão de toneladas anuais de fertilizantes.