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Sustentabilidade

Gaia e a catástrofe gaúcha

  Luiz Afonso dos Santos Senna (*)   Em palestra proferida no Supremo Tribunal Federal, Joseph E. Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, aponta que o tipo de capitalismo com o qual convivemos nos últimos 40 anos conduziu a uma sociedade que está muito distante do que se espera, e sugeriu como saída o que chama de capitalismo progressivo, em que a economia deve servir à sociedade, e não o contrário. Lembrou também que mais da metade do mundo não vive em democracias e que o regime democrático tem sido desafiado e questionado. Para Stiglitz, a desigualdade tem crescido cada vez mais em uma economia que não é sustentável. Destacou ainda a necessidade de haver equilíbrio de liberdades, uma vez que não podemos pensar em liberdades de forma isolada em uma sociedade organizada. Em relação ao Brasil, lembrou que é uma das sociedades mais desiguais do mundo, com uma infraestrutura insuficiente e com um mercado financeiro que precisa de reformas para reverter taxas de juros que estão entre as mais altas do mundo. Stiglitz reafirmou ainda a importância e força do Brasil para a economia global por conta da Amazônia e o protagonismo que pode e deve ter na questão ambiental.   A partir da palestra de Stiglitz, me veio à mente também os recentes desastres ambientais em meu estado natal, o Rio Grande do Sul, e lembrei-me de Gaia, a quem fui apresentado por meu amigo Luis Fernando de Abreu Cybis, no final da década de 1980. Na mitologia grega, Gaia é a Deusa da Terra, Mãe geradora de todos os deuses e criadora do planeta. Nascida do Caos foi a ordenadora do Cosmos, acabando assim com a desordem e a destruição em que aquele se encontrava, criando a harmonia. Sozinha, gerou Urano (o Céu) e Pontos (o Mar); criou, do seu próprio corpo, montanhas, vales e planícies; fez nascer a água e deu origem aos seres vivos.   James Lovelock, que morreu em 2022 aos 103 anos, desenvolveu a Hipótese de Gaia, que posteriormente se transformou em Teoria de Gaia. Para Lovelock, a vida na Terra é uma comunidade autorregulada de organismos que interagem entre si e com o meio ambiente. Em 2020, declarou que a biosfera está reduzida ao último 1% de sua vitalidade. James Lovelock, aos 99 anos Lovelock ajudou a moldar muitos dos eventos científicos mais importantes do século XX, sendo uma voz eloquente e firme em relação à crescente necessidade de conscientização sobre os riscos climáticos representados pelos combustíveis fósseis, o debate sobre as substâncias químicas prejudiciais ao ozônio na estratosfera e os perigos da poluição industrial. Foi um dos primeiros cientistas a alertar sobre o meio ambiente, sendo que nos últimos anos se tornou pessimista quanto à possibilidade de evitar alguns dos piores impactos da crise climática. A teoria de Gaia lançou as bases da ciência do sistema terrestre e uma nova compreensão da interação entre vida, nuvens, rochas e atmosfera.   Segundo a Teoria de Gaia, a parte viva da é um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior incandescente da Terra. Inclui a biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo nosso planeta apto para a vida há mais de três bilhões de anos. Gaia possui características de um sistema fisiológico, uma vez que parece dotada de um objetivo inconsciente de regular o clima e a química em um estado confortável para a sustentação da vida. Observando-se o ecossistema como um todo, segundo uma visão holística, verifica-se que o aumento da população humana, a degradação do solo, o esgotamento dos recursos, o acúmulo de resíduos, todo tipo de poluição, o consumo inveterado de combustíveis fósseis, a mudança climática, os abusos da tecnologia e a destruição da biodiversidade em todas as suas formas constituem juntos uma inédita ameaça ao bem-estar humano, até então desconhecida pelas gerações anteriores.   A Teoria da Gaia evidencia que o problema de equilibrar o meio ambiente é real e que a inação pode tornar essa situação de desequilíbrio irreversível, levando o planeta à morte. Gaia é um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior incandescente. Começa onde as rochas crustais encontram o magma do interior quente da Terra, a cerca de 160 quilômetros abaixo da superfície, e avança outros 160 quilômetros para fora através do oceano e do ar até a ainda mais quente termosfera, na fronteira com o espaço. Inclui a biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo a Terra apta para a vida há mais de 3 bilhões de anos. O Sol era provavelmente 25% menos luminoso do que hoje. O surgimento de oxigênio foi um evento extremamente importante na história de Gaia, uma vez que impeliu o desenvolvimento de células vivas muito complexas, e permitiu que a Terra conservasse seus oceanos, agindo como uma barreira contra a perda de hidrogênio para o espaço. Sabe-se que daqui a cerca de 1 bilhão de anos, e muito antes do fim da vida solar, o calor recebido pela Terra será superior a 2 quilowatts por metro quadrado, mais do que Gaia que conhecemos consegue suportar, levando a sua morte por superaquecimento.   Gaia regula sua temperatura perto do ideal para qualquer tipo de vida que a esteja habitando. Mas, como muitos sistemas reguladores com uma meta, ela tende a ultrapassar o alvo do lado oposto ao seu forçamento. A terra não pega fogo, mas se torna quente o bastante para derreter a maioria do gelo da Groenlândia e parte do gelo da Antártida ocidental. Neste caso, será acrescentado aos oceanos do mundo água suficiente para elevar os níveis do mar em cerca de 14 metros. Lovelock se entristece, assim como todos nós, ao pensar que quase todos os grandes centros urbanos atuais estão abaixo do que, em um mero piscar de olhos do tempo geológico, poderia ser a superfície do oceano.   Tudo indica que Gaia está ficando muito zangada, e se não tomarmos jeito, ela nos expulsará. Não há razão para achar que o que estamos fazendo destruirá Gaia, mas se continuarmos deixando as coisas como estão nossa espécie poderá nunca mais

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Líder de ESG na Deloitte Brasil defende  políticas públicas para o Brasil avançar na direção de uma economia sustentável

O setor privado amplamente considerado o motor do crescimento econômico não está contribuindo como deveria para as práticas de sustentabilidade em suas operações e estratégias de negócios, segundo afirma Maria Emília Peres, diretora de Consultoria e líder de ESG  (Environmental, Social and Governance) na Deloitte Brasil. Um problema comum, observa, é a falta de compromisso e empenho da alta direção das empresas além de restrições financeiras e falta de capacidade interna que dificultam a adoção de tecnologias verdes. Competição A competição acirrada em alguns setores também pode levar as empresas a preferir a  lucratividade em detrimento das práticas sustentáveis, acrescenta . “Junto a isso, a falta de regulamentação específica e a ausência de incentivos financeiros adequados podem desencorajar as empresas a adotarem ações mais abrangentes de sustentabilidade”, completa. Para que esses obstáculos sejam superados, Maria Emília Peres defende a união de esforços de empresas, governos, sociedade civil e outros atores relevantes.  “É necessária a adoção de políticas públicas adequadas, promover a educação e conscientização, colaborar entre empresas e criar parcerias para avançar em direção a uma economia mais sustentável e responsável”, sustenta.  “O agente público tem um papel fundamental de instituir leis e regulamentos ambientais abrangentes. Essas regulamentações incentivam práticas sustentáveis e responsáveis por parte das empresas e cidadão”.   Apesar de ainda incipiente, nos últimos anos, a demanda por investimentos sustentáveis tem crescido significativamente no país, assinala a líder da ESG na Deloitte.  Investidores, empresas e organizações estão se comprometendo com práticas mais sustentáveis e transparentes, levando em consideração fatores ESG em suas operações e decisões, acrescenta. CVM   Contribuiçõe Uma das contribuições mais significativas em favor da sustentabilidade no Brasil, observa Emília Peres, é da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela regulação do mercado de capitais no país,  que tem buscado aprimorar a divulgação de informações relacionadas a ESG pelas empresas de capital aberto. “Embora o conceito de ESG esteja ganhando força no Brasil, é um processo contínuo e em constante evolução. A conscientização e a adoção de práticas ESG variam entre as empresas e os setores, mas a tendência é de crescimento e integração cada vez maior desses critérios nas estratégias de negócios e investimentos no país”. Setores com deficiência O transporte marítimo, a aviação comercial, a indústria pesada, a agricultura e a geração de energia são setores que ainda enfrentam  obstáculos como a dependência de combustíveis fósseis  no caminho para uma economia de baixo carbono , relata a executiva. A sigla ESG surgiu em 2004, na publicação “Who Care Wins”, desenvolvida pelo Pacto Global da ONU em parceria com o Banco Mundial.  Em 2020, dois eventos consolidaram a relevância desse termo: no “Relatório de Riscos Globais 2020”, apresentado no Fórum Econômico Mundial, os cinco maiores riscos listados foram ambientais.    

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Gargalos ainda impedem o avanço do mercado de carbono no país, segundo o economista Daniel Vargas da FGV

O mercado de créditos de carbono, certificado que atesta e reconhece a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE), ainda deve patinar no Brasil. Segundo o economista  Daniel Vargas, coordenador do Observatório de Bioeconomia da FGV, existem lacunas a serem resolvidas e a primeira delas é o aspecto jurídico. “Falta uma lei nacional que defina com clareza como esse mercado funcionará entre nós, quem poderá vender o quê, e quem poderá comprar”, assinala Vargas. Em sua visão, o segundo passo é organizacional. “Falta ao país uma certificadora nacional, mais rigorosa e ágil que ONG Internacional Verra, hoje sentada em processos lentos e caros” Para que não persista no país no país, um mercado restrito a poucas empresas, o economista defende o avanço na educação. “Precisamos treinar produtores brasileiros para compreender e atuar o mercado de carbono”, afirma. “Se bem organizado, o mercado pode cumprir parte desta tarefa de escola. Outra parte deve ser feita por assistência técnica especializada. Tudo isso é importante para abrir as portas do carbono”. Mercado voluntário em evolução Hoje, o Brasil, segundo Vargas, possui um mercado voluntário em evolução. Existem em torno de 160 projetos, distribuídos pelas regiões do país, a maior parte de créditos provenientes do setor florestal de conservação. A diferença básica entre mercado voluntário e regulado está na demanda, na obrigação de cortar emissões. Quando a demanda é fixada pela lei, chamamos o mercado de regulado. Quando é autodeterminada por uma empresa, que decide corte sua pegada de carbono, chamamos de mercado voluntário, ensina Vargas que também é professor da Escola de Economia da FGV em São Paulo e da FGV Direito Rio. Atualmente, mais de 90% dos créditos de carbono comercializados no Brasil são certificados pela ONG internacional chamada Verra. No mundo, a Verra também tem uma presença forte—certifica 70% dos créditos. “É quase um monopólio do serviço de certificações”, observa o economista. Processo artesanal No Brasil, a compra e venda de créditos obedece a um processo artesanal. “O interessado  acessa a página da Verra, na Internet, e baixa um Excel para verificar quem tem créditos para vender, pega o telefone, liga diretamente para a pessoa e negocia o preço. Acordada a transação, informa a Verra, que desconta o crédito de carbono da “conta” do vendedor”, explica. O preço do crédito de carbono, observa, varia conforme o tipo do crédito. “Não há um preço único. Se for um crédito de regeneração florestal, por exemplo, a tonelada não costuma sair de menos de U$20. Créditos de outras atividades costumam ter preços menores, entre US$ 8 e  US$ 15. Hoje, o setor que mais cresce, no país, é o florestal, em particular de regeneração. Há, contudo, a expectativa de que atividades do agronegócio sejam reconhecidas como legítimas geradoras do crédito de carbono em breve. A Europa discute, neste momento, a regulamentação dos chamados “certificados”. Se chegar entre nós, o setor agropecuário pode se tornar, além de produtor de alimentos, também um gerador de créditos de carbono, acrescenta Vargas. “Petit comité” O professor repara que, no Brasil, atualmente predomina um grupo muito restrito de atores, que inclui organizações sociais e desenvolvedores de projetos, muito bem conectados e afinados com a burocracia do clima. “É um “petit comité” do carbono” que domina e orienta o funcionamento deste sistema de trocas. Para o mercado crescer, esta bolha precisa ser furada”. Otimista em relação aos cenários do mercado de créditos de carbono no Brasil, Vargas adverte que ainda há muitas dúvidas a superar. “Por exemplo, qual a natureza do crédito de carbono? É uma mercadoria, tributada por ICMS, ou um serviço, tributado por ISS? É um título mobiliário ou outra coisa? O mercado de carbono é uma corrida de obstáculos. Em todos os países, há barreiras a superar. Ganha mais quem sai na frente, com altivez, e encara o desafio de frente, para conquistar o prêmio verde. O Brasil, com todo o seu potencial sustentável, não pode ficar fora disso”, finaliza.  

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Descarbonização é a principal transformação econômica desde a revolução industrial

  Economia ambientalmente sustentável, a digitalização e conectividade e as mudanças na geopolítica de suprimentos, provocada pela Guerra Rússia-Ucrânia são os fatores determinantes para a reinvenção da indústria em todo o planeta. Esse conjunto de aspectos foi citado tanto pelo Embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ybáñez, quanto por Elizabeth Reynolds, pesquisadora do Massachusetts Institute of Technology, dos Estados Unidos, os dois palestrantes do primeiro painel do Fórum Radar Reinvenção, promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) e aberto nesta terça (23). “A principal transformação econômica após a revolução industrial é justamente essa transição para a economia de carbono zero”, afirmou Reynolds, demonstrando a importância que o tema tem no cenário global atual. Segundo a pesquisadora, a guerra Rússia-Ucrânia promoveu uma disrupção irremediável na cadeia global de suprimentos. “Não vamos retornar ao modelo que tínhamos anteriormente”, advertiu. Outro tema que a preocupa no cenário global é a desigualdade social. Elizabeth Reynolds observa que se trata de uma situação que vem crescendo ao longo de décadas e à qual estão associados o descrédito de instituições, a elevação de fake news com relação a resultados eleitorais e a diferença entre o crescimento de produtividade e remuneração da força de trabalho. Já os aspectos relacionados à digitalização e conectividade preocupam a pesquisadora especialmente sob a ótica do desenvolvimento e domínio da tecnologia de semicondutores. Para Ybáñez, a nova configuração política e econômica global passa pelo que chamou de conectividade sustentável e transição verde e digital. Para ele, o acordo entre a União Europeia-Mercosul será um importante instrumento para o desenvolvimento de ambas as regiões. “É muito mais que um acordo comercial; é uma estratégia de parceria na cena mundial”, destacou. “O comércio internacional deve ser justo e servir como plataforma para modernizar e diversificar as nossas economias”, acrescentou, salientando que o acordo deverá criar oportunidades de crescimento para ambas as partes. “Ele não condenará os países do Mercosul ao extrativismo”, exemplificou. “A pandemia e os diversos eventos nacionais e globais recentes demandam uma postura e uma atitude de resiliência para continuar empreendendo, exigem a continuidade de investimentos, estimulam a integração entre os membros do ecossistema, provocam um olhar sempre criativo e ousado sobre como fazer negócios no mundo e num país complexo como o nosso”, destacou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, na abertura do evento. Para ele, reinventar consiste em criar frentes, fortalecer o que está funcionando, unir esforços para conquistar espaços inusitados, continuar construindo um mundo melhor e mais sustentável, acreditar na capacidade das pessoas, continuar sonhando cada vez mais alto, mas principalmente transformando os sonhos em realidade. ( Assessoria de Imprensa/FIESC)  

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As classificações ESG precisam de regulamentação para corrigir inconsistências e preconceitos

Hazel James Ilango Existem vários problemas com as classificações ESGe é por isso que elas precisam ser devidamente regulamentadas. Diferentes agências de notação têm metodologias diferentesque são difíceis de comparar. Eles podemnão ter transparência e ser tendenciosos devido à indústria, localização geográfica ou tamanho da empresa. Quanto ao impacto de uma empresa no planeta e na sociedade, ela pode ser superestimada ou subestimada devido à agregação de Ambiental, Social e Governança em uma única métrica. A consequência inevitável é a precificação incorreta de ações e títulos e a inclusão ou exclusão imprecisa de uma empresa em estratégias de investimento verde. Em sua defesa, as agências de classificação argumentam que a regulamentação além do voluntário sufocará a inovação e os sobrecarregará com burocracia. Ilango expõe as questões enquanto aponta para os estudos que apoiam a regulamentação adequada, incluindo as conclusõesda consulta de agosto de 2022 da Comissão Europeia, que mostram um apoio esmagador à intervenção regulatória. A IEEFA considera as classificações ESG instrumentais, mas sua falta de comparabilidade, clareza e alinhamento pode criar divergência e confusão entre os investidores. A intervenção regulamentar é um passo crucial para desenvolver a confiança do mercado e proteger os investidores. A relevância das classificações ESG permanecerá incerta. Reguladores de valores mobiliários estão mirando classificações ESG A pressão continua. Os reguladores de valores mobiliários estão se concentrando em classificações ambientais, sociais e de governança (ESG). Em 2022, pelo menos quatro – incluindo a Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados e o Conselho de Valores Mobiliários da Índia – propuseram regular o setor de classificações ESG. Mas um grupo-chave de participantes do mercado não está amando a atenção. Os provedores de classificação discordaram das medidas para regular o mercado na União Europeia (UE). Alguns argumentam que a intervenção regulatóriapoderia sufocar a inovação, além deuma carga significativa de tempo e custo. No entanto, melhorar a confiabilidade e a transparência das classificações ESG para salvaguardar o sistema financeiro mais amplo deve, em vez disso, ser sua prioridade. Actualmente, os custos das estratégias de investimento ESG desalinhadas e oimpacto resultante na procura dos investidores por investimentos verdadeiramente sustentáveis apenasaumentaram o custo de capital para as empresas sustentáveis e aumentaram o risco de lavagem verde. Como o mercado está lutando para compreender o sistema de classificação em sua infância, a necessidade de um sistema mais focado, confiável e consistente deve superar a inovação. Resultados da consulta da Comissão Europeia Em agosto de 2022, a Comissão Europeia (CE) publico as suas conclusões na sequência de uma consulta específica sobre o funcionamento das notações ESG na UE e aconsideração dos fatores ESG nas notações de risco.   A maioria dos inquiridos considerou que o mercado de notações ESG não está a funcionar como pretendidodevido àfalta de transparência e a um enviesamento significativo das metodologias utilizadas. No entanto, a Sustainalytics, a MSCI e a S&P Global alegaram que o mercado está funcionando bem. Embora a IEEFA considere as classificações ESG instrumentais, nosso relatório recente destacou suas principais deficiências, incluindo afalta de comparabilidade, clareza e alinhamento. As classificações ESG são amplas e conflitantes, tornando-as difíceis de comparar. As empresas geralmentesuperestimam ou subestimam o impacto no planeta e na sociedade, devido à agregação de E, S e G em uma única métrica, bem comovieses devido à indústria, localização geográfica ou tamanho da empresa. O que inevitavelmente se segue é aprecificação incorreta de ações e títulos e a inclusão ou exclusão imprecisa de uma empresa nas estratégias de investimento. Nossa visão é confirmada por um estudouniversitário que descobriu quetal incerteza tornou o investimento sustentável mais arriscado e diminuiu a demanda dos investidores por investimentos verdes. As empresas que se adaptam a modelos de negócios mais ecológicos podem ser subvalorizadas e enfrentar desafios na geração de capital, e podem, eventualmente, não causar um impacto positivo no meio ambiente e na sociedade. Essas questões apontam para um mercado de classificação ESG defeituoso que criou divergência e confusãoentre os investidores e, portanto, justificam um exame e harmonização mais rigorosos. Necessidade de intervenção Quase todos os inquiridos na consulta da CE apoiaram a intervenção legislativa, ao passo que a MSCI, a Moody’s e a Rep Riskapoiaram a intervenção não regulamentarsob a forma de orientações e de código de conduta. Embora um código de conduta ou orientação voluntário possa proporcionar flexibilidade aos prestadores de notação no seu controlo interno de qualidade, a aplicação subjetiva e deficiente pode ser ineficaz para melhorar a transparência e a função do setor. Continua a ser questionável como as iniciativas não regulamentares poderiam resolver as questões, dado quecada fornecedor de notação desenvolveu metodologia, interpretação e utilização proprietárias de notações ESG. Uma vez que os prestadores de notação desempenham cada vez mais um papel importante nos investimentos sustentáveis, devem ser sujeitos ao mesmo escrutínio regulamentar que outros intervenientes no setor dos serviços financeiros. Por exemplo, as agências de notação de risco estão sujeitas a um quadro regulamentar abrangente que alinha as suas práticas comerciais e os requisitos de divulgação. Como tal, uma estrutura de regulação das agências de notação de risco deve ser espelhada nas notações ESG. Bebê dá um passo à frente A IEEFA acredita que uma abordagem unificada através da regulamentação de base permitiria uma linguagem comum para todos os participantes no mercado, e uma intervenção regulatória baseada em princípios poderia ser o caminho a começar. Isso determina medidas direcionadas para alcançar um resultado regulatório guiado, abrindo caminho noalinhamento de dados, metodologias ESG e convergência de classificações ESG. Um sistema de registo centralizado,tal como sugerido pela ESMA (um modelo de “registar e ser supervisionado”) para todas as entidades que emitem notações ESG também abordaria as preocupações do mercado. Os prestadores de notação ESG estariam juridicamente vinculados a uma norma organizacional comum em matéria de conflitos de interesses e transparência. Em última análise, a intervenção regulamentar deve começar com a normalização e a definição específica das notações ESG, juntamente com umadivulgação mais transparente e coerente dos dados ESG, da medição e da metodologia de notação. Exigir que os provedores testem suas metodologiasem relação aos seus resultados, um escrutínio mais rigoroso sobre as divulgações de dados ESG e outras medidas

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Cultivo do triticale tem potencial para reduzir dependência de etanol do RS

O anúncio da BSBIOS, de Passo Fundo, de que passará a produzir etanol no RS a partir do processamento de cereais, entre esses o triticale, vem provocando uma série de consultas de investidores junto à Embrapa Trigo, de Passo Fundo. Empresa estatal voltada para a inovação, que aborda a geração de conhecimentos e tecnologias para a agropecuária brasileira, a unidade desenvolve pesquisas sobre o triticale desde 1977.  O engenheiro agrônomo Augusto Carlos Baier foi o pioneiro no estudo desta espécie no Brasil, que após a sua aposentadoria passou a ser conduzido pelo seu colega Alfredo do Nascimento Júnior. O triticale, um híbrido entre trigo e centeio, segundo Nascimento, detém muitas vantagens como matéria-prima para a produção de etanol. Além de não competir com a indústria de alimentação humana, também é mais resistente à seca, fungos e insetos e requer menor aporte de nutrientes.   Hoje, no Brasil,  o triticale é principalmente plantado para alimentação animal dado ao seu custo relativamente baixo em comparação com outros cereais e pela qualidade proteica do produto, principalmente dos aminoácidos essenciais como triptofano e lisina, por exemplo. De acordo com o Conab, a produção de triticale em 2021 foi de 43,0 mil toneladas. Neste ano chegará a 48,4 mil toneladas. A área plantada deve evoluir de 15,1 mil hectares para 16,5 mil hectares. Produção atual é destinada para alimentação animal O Paraná, com uma produção de 28,4 mil toneladas é o estado líder, seguido por São Paulo com 10,4 mil toneladas e RS com 9,6 mil toneladas. No RS, no verão, são plantados 7,5 milhões de hectares de vários cultivos, soja em sua maioria. No inverno, apenas cerca de 1,1 milhão é cultivado com cereais próprios ao clima, entre eles o triticale cuja produção é totalmente dirigida para semente ou alimentação de suínos e aves. De acordo com Nascimento, o avanço da área a ser cultivada de triticale, no RS, além da demanda, dependerá da oferta de sementes, que deve ser planejada e efetivada dentro da cadeia produtiva. Todavia, em razão da existência de pouco mais de seis milhões de hectares disponíveis no inverno para cultivo no estado, o engenheiro defende   que essa área disponível poderia ser otimizada com o cultivo de trigo, triticale, centeio, canola, trigo mourisco, linhaça, cevada, aveias forrageiras e grãos, pastagens diversas entre gramíneas e leguminosas, e, mais as plantas de cobertura para rotação e ciclagem de nutrientes.   Triticale/ Foto: Alfredo do Nascimento Júnior “Desses 6 milhões de hectares, acredito que entre 500 mil hectares a um milhão de hectare poderiam ser usados com triticale, resultando em produção de 2 a 4 milhões de toneladas. Isso, desde que a cadeia produtiva esteja de acordo, desde o produtor de sementes até a indústria, passando obrigatoriamente pelo produtor rural e que este tenha rentabilidade adequada com estas produções”, acrescenta. Nascimento assinala que  a Embrapa está preparada com sementes de cultivares adequadas às necessidades do setor produtivo em primeira escala. A produção de sementes para atender o setor produtivo em escala comercial, tanto do produtor quanto da indústria passa obrigatoriamente por estruturação do sistema produtivo. “Na atualidade,  esses cultivares atendem as necessidades qualitativas das indústrias de rações para suínos e aves, mas o RS possui materiais adequados para atender também a indústria de etanol ,quando esta se tornar realidade, se assim o modelo produtivo exigir, inclusive com corpo técnico altamente capacitado para repassar informações técnicas de cultivo e aproveitamento das áreas sem, necessariamente, afetar a atual produção de alimentos, seja para a alimentação humana ou animal”, explica Nascimento. Capacidade de produção Sobre a capacidade de produção, o engenheiro explicou que o trabalhos iniciais, desenvolvidos com amostras produzidas no RS, apontam que seria possível produzir até 420 litros de etanol com uma tonelada de grãos de boa qualidade de triticale. “Acredito que hoje a média poderia ser de 360 litros de etanol por tonelada de grãos, podendo chegar ao máximo de 420 com uso de técnicas de manejo e cultivo adequadas, preconizadas pela Embrapa. Essa informação ficará mais clara quando as indústrias forem instaladas e considerarmos a eficiência de cada usina, pois o rendimento é variável dependendo da planta produtiva”, completou. Preço Sobre o preço do quilo do grão a ser vendido pelos produtores à indústria, Nascimento informou que dado à inexistência deste mercado para etanol no RS, ainda não existe preço definido. “As indústrias deverão calcular valores adequados para atender as necessidades da indústria, a quem caberá estabelecer os valores que sejam bons para a produção de etanol e para o agricultor/produtor”. Atualmente a  semente de triticale que conta com valor agregado e custo de produção maior é comercializada  por R$ 2,80 o quilo. O grão, de boa qualidade, é vendido para ração ou alimentação humana. Hoje, a demanda de etanol no RS  é de 1,5 bilhão de litros por ano, com uma oferta local de apenas 0,3% desse volume. Com eficiência média de 360 litros de etanol por tonelada de grãos, média de 3 mil quilos de grãos por hectare, precisaríamos 1,400 milhão de hectares produzindo grãos, agrega Nacimento.  

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Letras financeiras verdes do BNDES já evitaram emissão de 1,8 milhão de toneladas de CO2

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajudou a evitar o lançamento de 1,8 milhão de toneladas de gás carbônico no ar com a aplicação de R$ 1 bilhão captado por meio da primeira emissão de Letras Financeiras Verdes no Brasil, em outubro de 2020. Esse volume corresponde a cerca de dois terços do montante gerado pela frota automobilística de São Paulo em um ano, segundo dados de 2015. Os recursos foram aplicados no apoio ao Complexo Eólico de Cutia e Bento Miguel (RN) e no Complexo Solar de Paracatu (MG). Os dados constam do primeiro Relatório da Letra Financeira Verde, lançado nesta quinta-feira (26). Juntos, os projetos para geração de energia eólica e solar não só diminuem as emissões de CO2, como também agregam 445 MW de capacidade instalada ao sistema elétrico brasileiro. Essa energia corresponde ao suficiente para atender 740 mil residências. O apoio também contribui para que o Brasil avance na transição para uma economia de baixo carbono, em linha com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da ONU (combate à mudança global do clima). O Diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha. destaca a relação da iniciativa com compromissos ambientais estabelecidos pelo país. “Essa ação está alinhada à visão do BNDES de ser o Banco do Desenvolvimento Sustentável Brasileiro. Os projetos apoiados pelo BNDES e que são lastros desta emissão ajudam o Brasil a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as metas climáticas para 2030. Isso tem como consequência a melhora da vida das pessoas”, conta Aranha. A Diretora de Finanças do BNDES, Bianca Nasser, explica que a Letra Financeira Verde emitida no mercado local segue a trajetória iniciada com o Green Bond lançado em 2017 no mercado internacional. “Essa operação pioneira combina nossa estratégia de diversificação de fontes de financiamento com nossa missão em promover a sustentabilidade no País. Essa será a tendência que deveremos seguir quando acessarmos o mercado para captações”, detalha Nasser. Captação no mercado – Em outubro do ano passado, o BNDES concluiu a captação de R$ 1 bilhão em Letras Financeiras Verdes (LFV), no mercado doméstico brasileiro. Os títulos têm vencimento em 2022. A LFV segue a linha dos “green bonds” internacionais e tem características similares às das letras financeiras convencionais.  No caso das Letras Financeiras Verdes, entretanto, os recursos obtidos devem ser destinados a financiar projetos ambientalmente sustentáveis, atestados por uma empresa verificadora especializada na área ambiental e com parecer de asseguração do destino dos recursos. Os investimentos viabilizados com esta operação poderiam ser direcionados a projetos de energia eólica e solar com desembolsos nos 24 meses anteriores à emissão, ou antes do prazo de vencimento do título, que é de dois anos. A emissão de LFV promove a reputação do BNDES no apoio à geração de energia renovável e consolida a atuação ASG (Ambiental, Social e Governança) do Banco. Além disso, reforça a prioridade à sustentabilidade socioambiental, divulga as melhores práticas de gestão socioambiental e desenvolve o mercado para títulos verdes no Brasil.  

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Investimento global em energias renováveis deve superar a marca de US$ 1,4 trilhão em 2021

O investimento global em energia deve se recuperar em quase 10% em 2021 para US $ 1,9 trilhão, revertendo a maior parte da queda do ano passado que causou a pandemia de Covid-19, mas os gastos com transições de energia limpa precisam acelerar muito mais rapidamente para cumprir as metas climáticas, de acordo com a um novo relatório da Agência Internacional de Energia divulgado hoje. Com o investimento em energia voltando aos níveis anteriores à crise, sua composição continua mudando para a eletricidade: 2021 está prestes a ser o sexto ano consecutivo em que o investimento no setor de energia supera o do abastecimento tradicional de petróleo e gás, de acordo com o World Relatório de Investimento em Energia 2021 . O investimento no setor de energia global deve aumentar em cerca de 5% em 2021 para mais de US $ 820 bilhões, seu nível mais alto, depois de permanecer estável em 2020. As energias renováveis estão dominando o investimento em nova capacidade de geração de energia e devem representar 70% de o total este ano. E esse dinheiro agora vai mais longe do que nunca no financiamento de eletricidade limpa, com um dólar gasto na implantação de energia solar fotovoltaica hoje resultando em quatro vezes mais eletricidade do que há dez anos, graças à tecnologia muito melhorada e custos decrescentes. “A recuperação do investimento em energia é um sinal de boas-vindas e estou animado para ver mais disso fluindo em direção às energias renováveis”, disse Fatih Birol, diretor executivo da IEA. “Mas recursos muito maiores devem ser mobilizados e direcionados para tecnologias de energia limpa para colocar o mundo no caminho para alcançar emissões líquidas zero até 2050. Com base em nosso novo Roteiro Zero Líquido, o investimento em energia limpa precisará triplicar até 2030.” Carvão continua impulsionado por economias asiáticas Embora as energias renováveis dominem os novos investimentos em energia e as aprovações para usinas movidas a carvão estejam cerca de 80% abaixo em comparação há cinco anos, o carvão não está fora de cogitação. Houve até um ligeiro aumento no sinal verde para essas usinas em 2020, impulsionado pela China e outras economias asiáticas. O investimento em petróleo e gás upstream deve aumentar cerca de 10% em 2021, à medida que as empresas se recuperam financeiramente do choque de 2020, mas seus gastos permanecem bem abaixo dos níveis anteriores à crise. O novo relatório destaca as estratégias divergentes entre as diferentes empresas de petróleo e gás. As grandes empresas estão mantendo os gastos com petróleo e gás inalterados no agregado em 2021, apesar dos preços em recuperação. Enquanto isso, algumas companhias nacionais de petróleo estão aumentando os investimentos, aumentando a possibilidade de aumento da participação de mercado se a demanda continuar a crescer. A decisão do Qatar de prosseguir com a maior expansão de gás natural liquefeito (GNL) do mundo e incluir tecnologias de captura de carbono neste investimento é um forte sinal de sua intenção de manter uma posição de liderança em GNL. Indústria do petróleo começa a diversificar Há sinais nos dados mais recentes de que os gastos de algumas empresas globais de petróleo e gás estão começando a se diversificar. A análise da IEA no ano passado destacou que apenas cerca de 1% dos gastos de capital da indústria estavam indo para investimentos em energia limpa. Mas o acompanhamento dos projetos até o momento em 2021 sugere que isso poderia aumentar para 4% este ano para a indústria como um todo, e bem acima de 10% para algumas das principais empresas europeias. A influência dos pacotes de recuperação e de novas medidas de política climática transparece nas expectativas de gastos crescentes em 2021 com energia renovável, redes de eletricidade, eficiência energética – principalmente no setor de edifícios na Europa – e tecnologias emergentes, como captura, utilização e armazenamento de carbono e baixo -carbon hidrogênio. Os Estados Unidos podem fornecer mais impulso se o plano de infraestrutura proposto pelo governo do presidente Joe Biden for aprovado. Os mercados financeiros também estão dando sinais encorajadores para investimentos em energia limpa. A emissão de dívida sustentável atingiu um nível recorde em 2020, e as empresas de energia renovável superaram as empresas de combustíveis fósseis nos mercados de ações internacionais. Mas, embora os gastos com energia limpa devam aumentar em 2021 em cerca de 7%, o relatório observa que o crescimento dessas despesas de capital tem atrasado as mudanças nos mercados financeiros, em parte devido à escassez de oportunidades de investimento em energia limpa de alta qualidade e adequadas canais de alocação de capital em projetos. Tecnologias de energias limpas ainda abaixo do necessário A previsão de US $ 750 bilhões a serem gastos em tecnologias de energia limpa e eficiência em 2021 é encorajadora, mas permanece muito abaixo do que é necessário para colocar o sistema de energia em um caminho sustentável. O investimento em energia limpa precisaria triplicar na década de 2020 para colocar o mundo no caminho para atingir as emissões líquidas zero até 2050, mantendo assim a porta aberta para uma estabilização de 1,5 ° C do aumento das temperaturas globais. “Conforme estabelecido em detalhes em nosso recente Roadmap to Net Zero até 2050, os governos precisam ir além de fazer promessas de redução de emissões e tomar medidas concretas para acelerar os investimentos em soluções de energia limpa prontas para o mercado e promover a inovação em tecnologias em estágio inicial ”, disse o  Birol. “Sinais de política claros dos governos reduziriam as incertezas associadas aos investimentos em energia limpa e forneceriam aos investidores a visibilidade de longo prazo de que precisam. Nosso roteiro mostra que existem enormes oportunidades para empresas, investidores, trabalhadores e economias inteiras no caminho para o zero líquido. Os governos têm o poder de desbloquear esses benefícios de base ampla ”. COP26 A lacuna entre as tendências de investimento atuais e as necessidades de cenários impulsionados pelo clima é particularmente grande nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento. Isso está surgindo como uma falha crítica nas transições de energia limpa antes da reunião crucial da COP26 em Glasgow no final deste ano, e será o assunto de um novo relatório importante

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Delta S executa programa ambiental da PCH Taguá, com restauração de área pertencente à Mata Atlântica

Delta S executa programa ambiental da PCH Taguá, com restauração de área pertencente à Mata Atlântica Uma área em recuperação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), situada na bacia hidrográfica do rio Jordão, no município de Candói (PR), está proporcionando, de forma antecipada, o replantio de espécies florestais nativas, onde a Mata Atlântica foi totalmente destruída. Em seu lugar deverá surgir um bosque nativo regenerado, de 1,4  hectares. Executado pela consultoria Delta S Engenharia, de Curitiba(PR), o programa ambiental faz parte do projeto de implantação da PCH  Taguá, do grupo Enerpar, com 6,60 MW de potência instalada. A  Delta S foi contratada em julho de 2020 para a  assessoria ambiental da unidade  e da área em que ficará situada a linha de transmissão. No período, solos da região  foram transpostos para reconstituição das camadas orgânicas, cujo processo está sendo acompanhado por adubação orgânica. Os métodos a serem implementados em seguida deverão dar prioridade à formação de “núcleos de fertilidade”, com tratamento específico como, por exemplo, a condução natural de cactos nativos  já existentes em locais mais rochosos. Criada em fevereiro de 2019 pelos engenheiros ambientais André Cavallari, Gabriel Nascimento e Leonardo Minucci, que, juntos, detém um portfólio de cerca de 50 diferentes unidades hidrelétricas,  a Delta S participou diretamente, até o momento, do licenciamento ambiental de 10 centrais hidrelétricas. Em entrevista a MODAL, Minucci lamenta que o avanço tecnológico e a evolução do setor observado nas últimas décadas ainda não foi capaz de convencer alguns grupos de ambientalistas que são contrários a aproveitamentos hidrelétricos. “Além de tudo, trata-se de uma energia limpa, renovável e econômica, com tecnologia 100% nacional”. “Apesar de as PCHs e CGHs representarem soluções técnica, econômica e ambientalmente adequadas para projetos até então inviáveis, ainda há muita resistência que ignora esse avanço e se prevalece de questões ideológicas já consolidadas no setor”, acrescenta. Ele lembra que pouco se fala, mas os programas ambientais que acompanham uma PCH exigem que a recuperação florestal exceda a supressão vegetal. “Por isso, não é incomum se observar a inserção de um aproveitamento hidrelétrico em um ambiente totalmente degradado, e nos anos seguintes a recuperação florestal aumentar consideravelmente os bosques nativos em benefício direto da fauna e flora”, complementa. “A Delta S acredita que os bons exemplos de trabalho devem sempre ser explorados e divulgados para que as verdades apareçam”. Otimista em relação aos cenários das centrais hidrelétricas no país, Minucci diz que  estão previstas dezenas de obras  para 2021 e 2022. Além disso, segundo ele, o estado do Paraná passa por uma atualização legislativa que deve aperfeiçoar as diretrizes de licenciamento ambiental. “As expectativas são muito boas e somam-se, ainda, ao avanço tecnológico das máquinas pequenas e a Geração Distribuída  para viabilizar aproveitamentos hidrelétricos cada vez menores”. Com atuação nos segmentos de estudos de viabilidade, licenciamento ambiental de aproveitamentos hidrelétricos, linhas de transmissão/distribuição, além de desenvolvimento de negócios nas fontes hídrica, solar e biogás e monitoramentos ambientais, a Delta S encerrou o ano passado com um incremento de 85% sobre o exercício de 2019. No acumulado do ano, a consultoria avançou 18% em comparação a igual período do ano anterior.  

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Maior agilidade na emissão de licenças deve ser um dos avanços da nova Lei Ambiental, diz Abragel

Um dos gargalos no segmento de centrais hidrelétricas, o licenciamento ambiental carece de alguns ajustes a fim de torná-lo mais adequado de modo que a máquina pública possa acompanhar o interesse do mercado, sem desproteger o meio ambiente, diz Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração Limpa (Abragel), ao avaliar as discussões relacionadas ao PL3729/2004, em tramitação na Câmara dos Deputados. Ele lembra que o ciclo de desenvolvimento de uma Pequena Central Hidrelétrica pode levar entre 12 a 15 anos, o que é incompatível com qualquer projeto de infraestrutura, na medida em que acarreta custos difíceis de serem recuperados que podem até mesmo inviabilizar muitos projetos. “O licenciamento ambiental consome uma boa parte deste tempo devido ao fato de que o rito processual é extremamente burocrático, com diferentes regramentos dependendo de cada estado”, acrescenta. Lenzi aponta ainda a necessidade de acabar com o que define como “uma ação discricionária dos agentes que acarreta insegurança jurídica”, e que ficou conhecida no mercado como “o apagão das canetas”, ou seja, o temor do funcionário público de assinar documento que possa lhe comprometer, inclusive como pessoa física, mediante os órgãos de controle. “Assim, criar uma Lei Geral que discipline todo o processo é um avanço porque vai estabelecer maior padronização nos regulamentos, maior autonomia para os órgãos licenciadores,  de forma a proporcionar mais segurança jurídica e, no final, mais eficiência”, afirma. Entre os destaques dos debates que precedem a aprovação da nova lei, Lenzi aponta a  publicidade e abertura das discussões e interações entre os diversos agentes e o relator do projeto de lei.  Mesmo no ano passado, quando a relatoria estava com o deputado Kim Kataguiri e agora com o deputado Neri Geller, segundo ele, percebeu-se uma clara intenção de ouvir as partes interessadas e de avançar para formatar uma legislação compatível com as expectativas da sociedade e com as necessidades do país. Para a Abragel, todos os atores envolvidos  reconhecem a necessidade de se buscar modernização e aperfeiçoamento com o objetivo de tornar o processo mais eficiente, mais ágil, mais previsível e menos burocrático, sem perder a qualidade do licenciamento ambiental. “ Um conjunto de regras claras e objetivas com a definição de prazos máximos, que sejam razoáveis, para a manifestação conclusiva dos órgãos licenciadores associados a unificação dos requerimentos e a uniformização dos prazos de validade das licenças podem ser avanços consideráveis”, acredita. “Estamos otimistas com essa possibilidade e entendemos que as visões dos diversos agentes, de modo geral, têm sido consideradas. A modernização e padronização dos regramentos associados com celeridade e previsibilidade, irá significar maior eficiência e segurança jurídica  e maior atratividade para os investimentos tão necessários ao país”, completa.    

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É preciso a retomada da obrigatoriedade dos instrumentos de planejamento na questão ambiental, diz o MP-RS

Atuar de uma forma preventiva, de modo a evitar possíveis entraves e colaborar para a resolução desses obstáculos é o caminho escolhido pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, na questão ambiental. Foi o que afirmou, em transmissão ao vivo pelo Instagram, promovida pelo Sindienergia-RS, o promotor Daniel Martini, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente,  responsável pela elaboração da política ambiental seguida  no âmbito da instituição. Em conversa com o advogado Alexandre Curvelo, diretor de Regulação da entidade, Martini afirmou que o MP passa por uma transformação bastante significativa, desde a promulgação da Constituinte de 1988. Hoje, em seu novo perfil, ele vai além de suas atribuições constitucionais. Atua de uma forma proativa, colaborativa e preventiva, “porque é sempre melhor proceder de um modo a fim de evitar futuros entraves. Para isso, sempre que possível, tenta uma forma autocompositiva que busca a cooperação entre os diversos atores de determinado conflito.” Martini lembrou que, no Brasil, existem mais de 80 milhões de processos em andamento e que uma ação pública pode levar até 30 anos para ser resolvida, o que não serve a ninguém. “A orientação do MP é de resolver os problemas”, pontuou. “Para isso foi criado o Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais (Nucam) , que comprova nossa disposição de resolver os conflitos sem a necessária judicialização  que traz prejuízos para todos”. À pergunta de Curvelo relacionada com a qualidade do corpo técnico que auxilia os promotores para tratar de temas do meio ambiente, Martini disse que, no âmbito do MP, existe um gabinete de assessoramento técnico (GAT), com unidades  de assessoramento contábil, de direitos humanos e ambiental. “Trata-se de um número muito significativo de técnicos em cada uma das áreas. São engenheiros, arquitetos, biólogos, químicos, uma série de expertises, com doutorados inclusive, que  prestam auxílios  a todos os promotores de justiça.” Ele continuou: “Normalmente, quando um promotor de justiça, no âmbito de inquérito civil, se depara com uma questão técnica, ele vai buscar apoio no GAT. Nessa mesma linha, o MP  assinou termos de cooperação com universidades e com o próprio CREA. O fato é que o promotor ambiental tem de andar com químico, com biólogo, e com outros profissionais porque, se não, não resolve nada.” Clareza nas regras Na sequência, o promotor falou sobre a necessária clareza da legislação. “ O setor produtivo quer cumprir as normas, todavia, em alguns casos, ele não sabe qual legislação incide sobre a  matéria. É necessário ao poder público ordenar termos  e normas absolutamente claras. Os famosos termos de referência no órgão ambiental são de maior importância. Ali, vamos deixar absolutamente claro o que vai ser exigido do empreendedor. Esse é o primeiro ponto: eliminar o risco regulatório; isso é fundamental.  Por isso, é preciso regras claras.” Planejamento Outra questão citada por Martini diz respeito ao planejamento. “Recentemente, tivemos a aprovação do novo Código Estadual do Meio Ambiente. O código anterior previa no artigo 16, a obrigatoriedade de realização do planejamento das avaliações ambientais estratégicas. O novo código retirou essa obrigatoriedade do planejamento. Isso pode parecer para quem vai empreender que ficou mais fácil. Não precisa passar por planejamento estratégico, para um processo de zoneamento. Ledo engano. Por quê? Porque retirando esses instrumentos de planejamento, o poder púbico está delegando todas essas avaliações que vão ser exigidas depois para o setor privado. E aí deverá ocorrer entraves no licenciamento ambiental.” Como exemplo dessa omissão, ele citou a criação por lei (15.047/2017) do Polo Carboquímico sem que fosse cumprido o artigo 16 do Código Estadual do Meio Ambiente então em vigor. “Afinal de contas, qual o impacto ambiental que a politica de incentivo ao carvão iria gerar na região do estado do RS? Pois isso não foi feito. Resultado: quando do licenciamento ambiental de uma das atividades que compõem o Polo Carboquímico, foi constatada a ausência de planejamento prévio. O estado não fez o que deveria fazer, tornou o EIA-RIMA muito mais difícil e possibilitou a suspensão do andamento do processo da Mina Guaíba. É preciso a retomada da obrigatoriedade dos instrumentos de planejamento. Do contrário, transfere-se toda a responsabilidade para o empreendedor privado. Zoneamento é uma tarefa do poder público que não pode ser delegada para o setor privado. Quando delega,  cria problemas para o licenciamento ambiental. Esses instrumentos de licenciamento devem ser utilizados para facilitar e simplificar o próprio o processo. Sem isso, o EIA-RIMA se transforma  em uma tortura para o empreendedor. Esse é o meu maior questionamento, o estado muitas vezes, não por vontade, mas por falta de recursos, deixa de cumprir uma tarefa que é sua, a delega  para o setor produtivo e acaba emperrando licenciamento ambiental, atrasando o investimento, oportunizando questionamentos de todos, inclusive do MP, como é o caso da Mina Guaíba, exatamente por não ter cumprido a legislação.” Apesar dos contratempos, Martini acredita que a questão ambiental vem avançando. O  próprio SOL (Sistema Online de Licenciamento) é uma ferramenta tecnológica que representa uma evolução. “Não estou discutindo a ausência de avaliação humana  do órgão ambiental,  mas o uso das ferramentas tecnológicas contribuiu para aprimorar o sistema. Basta dizer que o prazo médio de licenciamento, no RS, já caiu de 900 dias para pouco mais de 45 dias. 900 dias são três anos, um tempo em que planejamento estratégico da empresa já mudou, em que a empresa perdeu a linha de financiamento para desenvolver o projeto, isso não existe. Não quero sustentar que o licenciamento deve ultrapassar a segurança jurídica, claro que não. Como isso vai se dar? Com eficiência, com planejamento, com a elaboração adequada pelo poder público de todos os instrumentos de planejamento.” Continuou: “Fico irritado, quando me deparo com a ineficiência do poder público. Se  fosse empreendedor privado, eu trabalharia não para resolver os incêndios do licenciamento. Passaria a exigir, via sindicato, via associação e assim por diante, um poder público com  maior eficiência na elaboração dos instrumentos de planejamento e zoneamento para todas as atividades. Ora, se eu tenho um planejamento de potenciais hidrelétricos,

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Pepsico anuncia a meta de 100% renovável em todas as operações de propriedade e controladas por sua empresa globalmente até 2030

PepsiCo Inc. (NASDAQ: PEP) anunciou em 21 de 09 uma nova meta para fornecer eletricidade 100% renovável em todas as operações de propriedade e controladas por sua empresa globalmente até 2030 e em toda a sua franquia e operações de terceiros até 2040. Com a escala da PepsiCo, a transição tem o potencial de reduzir aproximadamente 2,5 milhões de toneladas métricas de emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2040, o equivalente a tirar mais de meio milhão de carros das estradas por um período completo ano. Este anúncio baseia-se nos esforços globais da empresa para aumentar seu uso de fontes de energia renováveis e sua transição para eletricidade renovável nos Estados Unidos, seu maior mercado, anunciado no início deste ano. “Com os efeitos devastadores da mudança climática sendo sentidos em todo o mundo, e o sistema alimentar global sob pressão significativa, uma ação acelerada é necessária”, disse Jim Andrew , diretor de sustentabilidade da PepsiCo. “Sabemos a responsabilidade que vem com nosso tamanho e escala, portanto, a transição das operações de negócios globais da PepsiCo para eletricidade 100% renovável é o passo certo para gerar um impacto significativo à medida que continuamos avançando em nossa agenda de sustentabilidade.” No início deste ano, a PepsiCo assinou o compromisso da Ambição de Negócios para 1,5 ° C , juntando-se a outras empresas líderes no compromisso de definir metas de redução de emissões com base científica em linha com a limitação do aquecimento global a 1,5 ° C, enquanto também desenvolve uma estratégia de longo prazo para alcançar emissões líquidas zero até 2050. A empresa fez progressos significativos na redução das emissões de GEE em toda a sua cadeia de valor – desde o trabalho com agricultores para implementar práticas eficientes em carbono por meio de seu Programa de Agricultura Sustentável global até a operação de uma das maiores frotas elétricas da América do Norte . A PepsiCo atualmente adquire eletricidade renovável em 18 países, nove dos quais já atendem 100% de sua demanda de eletricidade de fontes renováveis. Com a mudança para eletricidade renovável nos EUA em andamento este ano, a PepsiCo está atualmente a caminho de fornecer 56% de sua eletricidade por meio de fontes renováveis globalmente até o final de 2020. Com este anúncio, a PepsiCo se junta à RE100 , uma iniciativa liderada pelo Climate Group em parceria com o CDP , para reunir as empresas mais influentes do mundo comprometidas com a eletricidade 100% renovável. “Ao transformar suas operações de negócios globais em eletricidade renovável, a PepsiCo está demonstrando um forte compromisso com o combate às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que destaca o caso de negócios para energias renováveis”, disse Sam Kimmins , chefe de RE100 do Climate Group. “Ao investir no desenvolvimento de novos parques solares e eólicos em todo o mundo para cumprir sua meta, a PepsiCo está fazendo uma contribuição realmente tangível para acelerar a transição para energia limpa.” Para atingir 100% de eletricidade renovável globalmente, a PepsiCo empregará um portfólio diversificado de soluções, incluindo Contratos de Compra de Energia (PPAs) que apoiarão o desenvolvimento de novos projetos, como fazendas solares e eólicas em todo o mundo, bem como através de certificados de energia adquiridos que permitirá a transição de curto prazo para fontes renováveis em muitas geografias. A empresa também continuará a expandir sua lista crescente de projetos eólicos e solares locais em suas instalações ao redor do mundo. A sede global da PepsiCo em Purchase, NY,stalou painéis de energia solar no telhado no início deste ano.

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Irena e Fórum Econômico Mundial assinam parceria para avanços na transição energética global

Para colaboração e promoção de avanços na transição energética global por meio da adoção de novas tecnologias, financiamento e estruturas políticas ousadas, o Fórum Econômico Mundial e a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) assinaram, em 23 de setembro, um memorando de entendimento, juntamente com a 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU e da Cúpula do Impacto no desenvolvimento sustentável. “Os países precisam aumentar significativamente seu nível de compromisso com a sustentabilidade ambiental, alavancando diversas políticas, tecnologias e opções de financiamento”, disse p presidente do Fórum Econômico Mundial, Børge Brende. “A formalização desta parceria contínua durante a Cúpula do Impacto no Desenvolvimento Sustentável é um passo importante para fortalecer a missão de nossas organizações. Ele reúne o conhecimento, visão e experiência em inovação da Irena com a rede global do Fórum para garantir que esses compromissos mais elevados sejam realizados em curto prazo.” “A transformação energética está no cerne da recuperação econômica”, disse o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), Francisco La Camera.  “A energia renovável oferece um caminho para a neutralidade do carbono em meados do século, alinhando a política de curto prazo e as decisões de investimento com nossos objetivos de médio e longo prazo da Agenda de Desenvolvimento Sustentável e a meta de 1,5 ° C do Acordo de Paris. A cooperação internacional é vital para apoiar as empresas e o setor público em seus esforços para alcançar nossas metas climáticas. “O Fórum e a IRENA trabalharam juntos por vários anos para apoiar a transição energética”, disse Roberto Bocca, Chefe de Moldando o Futuro da Energia e Materiais, Fórum Econômico Mundial. “Este memorando fortalece a colaboração entre nossas organizações para acelerar ainda mais e moldar a trajetória da transição energética, garantindo que seja sustentável, inclusiva e apoie a recuperação econômica após Covid-19.” A última década testemunhou rápidas transformações à medida que os países avançavam em direção à geração, fornecimento e consumo de energia limpa. As usinas termelétricas a carvão foram desativadas, conforme aumenta a dependência do gás natural e de fontes de energia renováveis sem emissões. Ganhos incrementais foram obtidos a partir de iniciativas de precificação de carbono. O estado atual do setor é descrito no Índice de Transição de Energia 2020 do Fórum Econômico Mundial. Ele avalia os sistemas energéticos de 115 economias, destacando os principais participantes na corrida para emissões líquidas zero, bem como aqueles com trabalho pela frente. O relatório deste ano sinalizou que a Covid-19 pode ameaçar a taxa na qual as economias adotam energia mais sustentável. A Suécia lidera a classificação geral pelo terceiro ano consecutivo como o país mais pronto para a transição para a energia limpa, seguida pela Suíça e Finlândia. Houve pouca mudança entre os dez primeiros desde o último relatório, o que demonstra a estabilidade energética dessas nações desenvolvidas, embora a lacuna com os países com classificação mais baixa esteja diminuindo. O Reino Unido e a França são as duas únicas economias do G20 entre as dez primeiras.

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Brasil deve ser o único país do mundo que ainda subsidia a energia fóssil e taxa as energias renováveis, diz a Abrapch

“O Brasil deve ser o único país do mundo que ainda subsidia a energia fóssil e taxa as energias renováveis, desonera o grande e onera o pequeno, favorece o importado e penaliza o nacional”, disse o empresário Paulo Arbex, presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch), ao se manifestar sobre a MP 998 publicada em 2 deste mês, que elimina subsídios para novas usinas de fontes renováveis. Ao comentar a proposta do Ministério de Minas e Energia (MME), no sentido de eliminar o desconto de 50% na tarifa-fio  cobrada pelo uso das redes, nas modalidades de geração eólica, fotovoltaica, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs),  Arbex afirmou que tanto a MP 998 como a reforma tributária são duas excelentes oportunidades para o MME, com apoio do presidente Bolsonaro, corrigir o injusto sistema de  privilégios e favorecimentos às avessas, criado ao longo de governos anteriores e que ainda vigora no setor elétrico. Ele informou que  a entidade encaminhará ao MME e outras áreas do governo, “dados de uma série de incentivos, subsídios, privilégios e favorecimentos desbalanceados e sem sentido”, além de uma série de sugestões à Frente Parlamentar das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) da Câmara dos Deputados. Uma dessas propostas refere-se ao fato de que quando se fala em eliminar subsídio no Brasil, só é citado o desconto do fio, afirma Arbex, que considera a tarifa-fio uma parcela “muito pequena em relação ao total dos subsídios existentes no setor elétrico”. A comparação dos subsídios Ele justifica sua posição ao comparar o subsídio das centrais hidrelétricas às rubricas que constam do orçamento realizado de 2019 da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE,) fundo setorial que tem como objetivo custear diversas políticas públicas do setor elétrico brasileiro, somadas ao Repetro — regime que dá tratamento tributário específico aos investimentos feitos no setor de óleo e gás. Ele pondera que não faz sentido cortar o desconto do fio de R$8,4 bilhões/ano, ao mesmo tempo em que se mantém o subsídio de R$ 18 bilhões/ano do petróleo; os R$ 7,6 bilhões da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) dos sistemas isolados e os R$ 645 milhões de subvenção do carvão mineral, “além de uma séria de usos indevidos por grandes projetos de incentivos criados para permitir aos pequenos sobreviver na competição com os gigantes”. O subsídio da rubrica CCC, segundo ele, é feito sob o argumento de beneficiar o consumidor do norte, que hoje está sendo atendido por térmica fóssil,  apesar do potencial da região de  fontes de energia. “Hoje se subsidia térmicas em Manaus que custam R$1.970 o MW/hora, quando se poderiam fazer hidrelétricas a R$ 280 MW/h. Essa diferença, entre os R$1.930 e a tarifa média do Brasil, é paga pelo resto dos consumidores brasileiros. Isso é subsidiar fóssil e taxar as renováveis.” Somente o Repetro representa uma renúncia fiscal de R$ 396 bilhões – R$18 bilhões por ano de 2018 a 2040-,  de acordo com números divulgados pelo ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, lembra Arbex.  “Na mesma época, a oposição parlamentar falava em cerca de R$ 980 bilhões (R$40 bilhões por ano) e que são pagos pelo contribuinte brasileiro”, acrescenta. Debate Por tudo isso, a discussão dos subsídios, de acordo com o líder da Abrapch, precisa ser ampliada e não pode se restringir ao fim do desconto do fio. No caso das PCHs, ele diz que não é subsídio e sim reconhecimento de que elas não utilizam as redes de transmissão. Usam muito pouco as redes de distribuição e ,na maioria das vezes, constroem as linhas de conexão para suas usinas, que são doadas às distribuidoras. “Não faz sentido, portanto, as PCHs pagarem tarifa integral para usar linhas que em parte foram construídas e doadas por elas, seria como pagar aluguel para usar seu imóvel”. Uma das propostas da Abrapch é de que o governo contrate uma auditoria independente para apurar quem de fato está mais usando as redes de transmissão e distribuição para depois redistribuir os custos de forma proporcional para quem lhes deu causa e que deles está se beneficiando. No caso do desconto de 50%, ele surgiu por dois motivos: o primeiro deles era fomentar o desenvolvimento do setor de energias renováveis; e, no setor das hidrelétricas, era reconhecer que o uso do sistema é muito inferior em comparação a outros empreendimentos, pontua Arbex. Indústria do petróleo “ Se a indústria multinacional do petróleo, uma das mais ricas do mundo, com PIB de trilhões de dólares, precisa do subsidio para sobreviver, por  que não conceder também aos pequenos empreendedores brasileiros de PCHs e sua cadeia produtiva 100% nacional pelo menos o mesmo incentivo?”- indaga o empresário. “Se o Brasil pode isentar grandes empresas dos setores eólico e solar, muitas vezes estrangeiras, do Imposto de Importação, ICMs, IPI tanto na compra de insumos, produtos acabados e na venda do equipamento final, por que não pode dar o mesmo benefício ao micro, pequeno e médio empreendedor nacional de PCHs?- acrescenta. “Isto não é justo e precisa ser revertido com máxima urgência” Ao concluir, Arbex reiterou que a Abrapch confia no ministro Bento de Albuquerque, no ministro Paulo Guedes e no presidente Bolsonaro para promoverem as reformas que o setor elétrico brasileiro realmente necessita e criar um ambiente de negócios justo, equilibrado, que gere empregos. “Sem que os pequenos continuem assombrados pelo fantasma de verem seus esforços lhes serem tomados por um ambiente hostil em que os gigantes do setor recebem toda sorte de favorecimentos e privilégios e eles toda sorte de ônus e gravames.”        

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ABG percebe retomada de projetos do setor elétrico que estavam suspensos desde o início da pandemia

A ABG Engenharia e Meio Ambiente, de Porto Alegre, foi a responsável pelo processo de licenciamento de instalação da LT 230 kV Osório 3- Gravataí 3, C1, de 66 km, que faz parte do Lote 11 arrematado pela CPFL no leilão de transmissão em 004/2018. A LI foi emitida pela Fepam em 24 de agosto passado e autoriza a empresa a iniciar as obras. No global, o lote é composto por duas novas subestações, com capacidade total de 549 MVA, e 85 km de linhas de transmissão. Seu objetivo é promover a integração do potencial eólico do Rio Grande do Sul, especialmente na região do Escudo Rio-Grandense, litoral sul e Costa da Lagoa dos Patos. A ABG Engenharia também respondeu por todos os processos de licenciamento previstos para o lote 12, arrematados pela Taesa no mesmo leilão, e pelos programas ambientais, recuperação das áreas, resgate de fauna e flora e APPs.  O lote representa mais uma obra de reforço para escoamento do potencial eólico do RS, especialmente na região de Livramento.  O empreendimento prevê a implantação de 587 quilômetros de linhas de transmissão. De acordo com Alexandre Bugin, diretor da ABG Engenharia e Meio Ambiente, em ambos os processos de licenciamento a tramitação transcorreu em uma média de 10 meses. Ele considera adequado o timing da Fepam, sobretudo por tratar-se de obras as quais o governo do estado define como prioritárias, no sentido de ampliar a capacidade de transmissão do RS. Sobre as atividades da consultoria em tempos de pandemia, Bugin informou que todos os projetos encaminhados ainda no ano anterior foram mantidos. A frustração se deveu a uma expectativa que não se confirmou. “Havia um cenário animador para este ano de projetos novos, sobretudo de fonte hídrica, e que foram postergados devido à pandemia. Todavia, neste segundo semestre os empreendedores estão retomando seus projetos, o que é uma indicação de que o setor tende a se normalizar”. A consultoria, que em maio comemorou 30 anos de fundação, opera atualmente com 26 colaboradores, todos de nível superior, em todos os estados do país, com  projetos em desenvolvimento no RS, SC e no PR. Sobre o licenciamento e a relação entre empresas, os estados e órgãos ambientais, Bugin admite a existência de um processo em evolução.  Segundo ele, o novo Código Estadual do Meio Ambiente do RS, em vigor desde 9 de janeiro de 2020,  é um exemplo nesse sentido, principalmente porque atualizou uma legislação defasada que estava em vigo há 20 anos. “É uma medida que deve contribuir para reduzir os riscos de interpretações, garantir a segurança jurídica e compatibilizar-se com a legislação federal”, sustenta. Todavia, Bugin ressalta que para ter maior eficiência a legislação carece de alguns pontos a ser regulamentados e que foram retardados devido à pandemia “O saldo dessa revisão é positivo para o RS e garante maior autonomia de decisão aos técnicos da Fepam, o que é importante e vai ajudar nos processos de licenciamento.” Quanto à Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 3729/2004)  em tramitação na Câmara dos Deputados, Bugin afirma que a iniciativa tem o objetivo de agilizar os processos ambientais. Ressalta, entretanto, que não se pode deduzir que a modernização da lei implique a eliminação do processo. “Existe a necessidade de que os projetos sejam sustentáveis em termos ambientais, e isso é inarredável”.      

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Rio Grande do Sul começa a ganhar uma política de desenvolvimento de energias renováveis

Em audiência pública virtual, realizada na segunda-feira 27/7, pelo deputado Gabriel Souza, por meio do canal da Assembleia Legislativa, no You tube, com o objetivo de debater o futuro das energias renováveis no RS, o secretário Artur Lemos Jr, do Meio Ambiente e Infraestrutura, anunciou a criação de um fundo de financiamento do BRDE, com o intuito de proporcionar maior competitividade ao estado na atração de investimentos para o setor eólico. O fundo, denominado Vento Invest, que será oficialmente lançado em agosto, é uma antiga reivindicação do setor na tentativa de estimular a recuperação dos projetos de energia eólica do RS que, desde 2014, não consegue viabilizar novos empreendimentos, depois de tornar-se o estado pioneiro no país, com o parque eólico de Osório instalado em 2006 pela empresa espanhola Enerfin. Segundo informações do banco, a linha de financiamento será de R$ 200 milhões, volume que é considerado por fontes do setor como “um bom início e que deve ser agregado a outros valores”. Hoje, o estado conta um estoque de 7 GW de projetos para a construção  em várias fases de licenciamento na Fepam. Numa estimativa do mercado, R$ 200 milhões poderiam financiar 50% de um parque eólico de 100 MW. Lemos  iniciou sua apresentação destacando o papel das renováveis na matriz energética do estado, na qual participa com 79,6%: 51% de fonte hídrica, 21% de eólica, 3,6% de fotovoltaica e 4% de térmicas a biomassa. Disse que os entraves nos processos de licenciamento ambiental levaram o governo a unir as pastas do meio ambiente e da infraestrutura “a fim de garantir processos ágeis com respeito ao empreendedor, que gera riqueza e emprego”. Um marco nesse sentido foi a criação do novo Código Ambiental, em vigor desde 10 de janeiro deste ano, acrescentou. Ao citar os avanços na área ambiental, lembrou que as obras das novas linhas de transmissão serão antecipadas em até dois anos o que se deve, em grande parte, ao trabalho da Fepam, que somente em 2019 emitiu 17 LPs, oito LIs e 10 LOs, e em 2020 quatro LPs e 15 LIs. Sobre o crescimento das renováveis no RS, o secretário admitiu que a GD é um espaço a ser explorado. Ao referir-se ao estado de Minas Gerais, líder nacional no segmento, ele atribuiu sua expansão a uma lacuna na legislação, no período 2017-2019, que permitia uma politica de incentivos e que depois foi proibida pelo Conselho de Política Fazendária (Confaz). Informou que a adoção de uma política de incentivos ao setor está em análise na Secretaria da Fazenda e que, recentemente, o governo federal oficializou a medida que zera o imposto de importação para uma série de equipamentos de energia solar até o fim de 2021. O secretário também mencionou as fontes hídricas cujos processos de licenciamento ambiental devem avançar nos próximos meses, além das fontes de biomassa, com destaque para a UTE Cambará, e de resíduos sólidos representado pela usina de Minas do Leão do grupo CRVR. Bruno Vanuzzi, secretário de Extraordinário de Parcerias, afirmou que as mudanças no setor ambiental tiveram o objetivo de tornar o estado mais competitivo, dado o longo histórico de perdas de oportunidades e o novo Código Ambiental ajuda muito a recuperar o tempo perdido. “Conseguimos dar um salto em um tema crucial, em um gargalo conhecido pelas energias renováveis que, por incrível que pareça, são os projetos que enfrentam as maiores dificuldades para obter os licenciamentos”. Ele destacou ainda o cacife que o estado passará a contar com as novas linhas de transmissão na atração de investimentos e sugeriu que, além da financiabilidade, o estado poderia adotar uma alternativa de acompanhamento em termos de estruturação de projetos que, talvez, seja o próximo passo. Outra medida importante que deve garantir maior competitividade ao estado, segundo Vanuzzi, é a reforma tributária que está sendo conduzida pelo governador e que reduzirá a base de cálculo do ICMS no consumo de energia de 100 kW/h  para 50kW/h. Na sequência, Guilherme Sari,  presidente do Sindicato das Indústrias de Energia do Rio Grande do Sul (Sindienergia/RS), destacou que o incremento de 5 GW na conexão por meio das novas linhas de transmissão levará o estado a uma “grande janela de oportunidades ”que permitirá o crescimento das energias renováveis, como hídricas, biomassa, solar e eólica. “Na medida em que o estado trabalhar com uma política específica para atender essa demanda, em um ambiente de negócios que não prejudique o investidor, com agilidade no licenciamento ambiental e segurança jurídica, pelo menos R$ 40 bilhões em investimentos poderão ser viabilizados em renováveis”. Acrescentou que o RS possui um diferencial de energia offshore que são as lagoas que, entre as vantagens, conta com baixo calado em determinadas áreas,  menor salinidade da água, e exigência de custos menores de fundações e obras civis, além da proximidade das conexões, entre 30 km e 40 km, em comparação a empreendimentos de mais de 150 km de distância da infraestrutura de conexão. O titular da Sindienergia-RS concorda que a energia eólica offshore atualmente é mais cara que a onshore. Argumenta, no entanto, que essa tecnologia deverá avançar mesmo que exista ainda um grande potencial onshore  a ser explorado. Apesar da pandemia provocada pelo covid-19, a Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (agPCH), segundo seu presidente Roberto Zuch,  mantém o otimismo em relação aos cenários do setor. A tendência, segundo ele, é de uma retomada pós Covid-19, devido ao fato de que o dinheiro aplicado em investimentos conservadores perdeu o sentido. “Nessa conjuntura, quem possui bons projetos de PCHs e CGHs terá a oportunidade de obter acesso a um número elevado de investidores interessados em optar por investimentos que possuem taxas de retornos mais interessantes, como é o caso de grande parte dos projetos de geração hídrica”.  

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