Como melhorar a atratividade das PCHs, diante do avanço das demais fontes e a tendência crescente do mercado livre de energia no SIN

PCH Tamboril/ Divulgação Tradener

A tendência de crescimento do mercado livre e a consequente redução de leilões regulados deixaram em xeque as centrais hidrelétricas, que são menos competitivas em comparação a outras fontes de energia, como solar, eólica e biomassa.  Foi o que afirmou o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, durante o quinto painel da V Conferência de PCHs da Abrapch,  realizada em 24 de março passado, em Curitiba.

Após referir à “pequena” presença das PCHs registradas  na CCEE de 2013-2021, em que aparecem com apenas sete unidades, Altieri  mencionou que, no mesmo período, a potência instalada que era de 4,7% cresceu para 5,4%, o que considerou “muito pouco”.

Cenários

Ao avaliar os cenários do setor, observou  que sempre haverá dificuldades para as centrais hidrelétricas, diante da queda  do mercado regulado e o avanço do mercado livre, cuja participação no consumo total deve avançar de uma faixa de 34% para 40%.

“Hoje existem 79 mil consumidores aptos para aderir ao mercado livre de energia”, revelou. “Esses ainda não fizeram sua escolha  porque não há conexão, ou não existe ainda o produto que lhes atenda. Mas não tenham dúvidas, grande parte será atendida pelo mercado livre, em que as PCHs não têm competitividade”.
Ele continuou: “As PCHs podem ser muito bonitas, possuir muitos atributos, mas são caras”.

Atratividade

“É preciso encontrar mecanismos não somente no setor para poder obter maior atratividade”, acrescentou. “Do jeito que está não vai ter demanda para as PCHs”.

Sobre as considerações de Altieri, Roberto Zuch, presidente da AGPCH, um dos integrantes do painel, disse que não se pode negligenciar os benefícios e atributos das PCHs, pois mesmo que outras fontes consigam se viabilizar a preços menores em leilões ou mesmo no mercado livre, isso não significa que são mais econômicas para o consumidor final. “Pelo contrário,  os leilões estão seguidamente apresentando resultados com preços de venda menores. Porém, o preço da energia para o consumidor final cada vez aumenta mais” disse Zuch.

ZUCHCONGRESSO

Roberto Zuch

Ele lembrou que a Abrapch e Abragel contrataram um estudo da Engenho Consultoria, o qual demonstra que a energia efetivamente gerada mais econõmica é a das UHEs seguida das PCHs, devido aos seus atributos e eficiência.

De qualquer forma, completa Zuch, o setor precisa olhar para dentro de casa e buscar aperfeiçoamentos e otimizações em todos os níveis, porque, em geral, cada um faz a sua parte, o que inviabiliza uma eventual  sinergia que poderia garantir uma situação melhor.

Engenharia

“O fato é que muitas vezes a engenharia desenvolve um projeto, sem conversar com o fabricante e com os demais envolvidos no processo. No momento em que se conseguir uma maior integração entre projetistas, fabricantes, consultores ambientais, pessoal do fundiário e demais partes relacionadas, pode-se encontrar soluções que otimizem o projeto. Assim, pode-se minimizar os custos com a eventual redução de volumes de escavação, aquisição de áreas, substituição de materiais e insumos que sofreram maior impacto de elevação de preços e de equipamentos que podem propiciar uma eficiência melhor na geração de energia”.

Para Zuch, ao longo do desenvolvimento de um projeto deve haver uma interação maior entre a engenharia, fabricantes e fornecedores com a visão de melhorar cada projeto e aperfeiçoa-lo no detalhe, buscando de forma criativa soluções que podem fazer a diferença na viabilidade de um determinado empreendimento. “Essa seria a única maneira de buscar a redução do custo: se cada uma das partes trabalhar sem conhecer as soluções das demais, não vamos conseguir aperfeiçoar os processos”.

Evolução

Sobre a atual geração de equipamentos do setor, Zuch considera que nos últimos anos houve uma inegável evolução em termos de eficiência, em dimensões, ajustes esses que muitas vezes os projetistas não incorporaram aos projetos nas avaliações iniciais, e até mesmo nos projetos básicos.

“A prática do mercado é fazer os projetos com dimensionamentos padronizados, e somente ao final entram os fabricantes para incorporar as soluções de turbina e gerador. Ao passo, que se fosse feita uma maior interação desde a concepção, poderíamos ter alternativas mais otimizadas que no final se refletiriam em maior competitividade para os empreendimentos.”.

Participaram do painel, além de Zuch, Bernardo Marangon, sócio administrador da Exata Energia; Edson Luis de Souza, administração de contratos da Hydrowheel; Fabio Vinicius Dematte, chefe de vendas da Weg; Gustavo Brito Ribas, presidente da Associação Paranaense de Geradores de Energia; Julien Dias, sócio da Economizenergia; Paula Franzoni, diretora de gestão e comercialização de energia da Cotesa; Terezinha Sperandio, secretária executiva da Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas  Hidroelétricas e Alagados (AMUSUH).

 

 

 

 

 

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