Concessões é a única alternativa para investimentos em rodovias no RS, diz o presidente da Fiergs

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller, disse que o estado passará a correr o risco de ficar sem estradas, caso não seja possível viabilizar o projeto de concessões de rodovias que tramita na Assembleia Legislativa. “O fato é que demonizamos os pedágios por questões políticas e eleitoreiras de forma esdrúxula”, afirmou o dirigente em entrevista a MODAL. “Se pagamos pelo consumo de energia, da água e do telefone, de acordo com o seu uso, por que não podemos pagar pelo das estradas”, argumenta.
Para Müller, dificilmente o Executivo deverá recuperar a capacidade de investir. “O governo do estado virou um fim em si mesmo, já que o esforço do dia a dia é somente para pagar a folha. E o governador é como um administrador de luxo da folha de pagamentos.”
De acordo com o presidente da Fiergs, não existe saída para o governo do estado, a não ser as concessões e as parcerias público-privadas. Após mencionar que o Daer não tem recursos sequer para a conservação das rodovias, acrescentou: “Ou o governo aumenta os tributos, o que é muito difícil, ou faz as concessões.”

Gaúchos foram induzidos a entender os pedágios como uma privatização

Müller fez questão de destacar que os gaúchos foram induzidos a entender os pedágios como se fossem uma privatização, quando, na verdade, são concessões com prazos de contratos de até 20 anos. “É preciso entender que o governo do estado não está abrindo mão de patrimônio público. Eu mesmo vi estradas com pedágios na China e em Cuba, o que mostra que nem mesmo esses países têm preconceito contra as concessões.” O maior exemplo de uma concessão de rodovias bem-sucedida é a Free-way, Porto Alegre-Osório, que sempre figura entre as melhores do país segundo pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), lembrou o líder empresarial.

Criação de fundo privado para incentivar o uso das hidrovias merece ser apoiado

Sobre as hidrovias, Müller destacou a iniciativa da Associação Brasileira de Terminais Privados (ABTP), de incentivar investimentos industriais em municípios com acessos hidroviários de forma a induzir o uso de hidrovias. Com esse objetivo, está sendo criada a Associação Hidrovias RS que deverá contar com uma diretoria profissionalizada e um fundo privado remunerado pelas operações dos terminais públicos e privados. “Por meio desse fundo privado, vamos poder garantir também a dragagem e o desassoreamento dos rios”, destacou Müller. O empresário também incluiu entre as prioridades a sinalização da Lagoa dos Patos, o incentivo ao uso do terminal Santa Clara, da Braskem, e a navegabilidade do Porto de Estrela.

Leilão do aeroporto Salgado Filho deve ter a participação de empresas de grande calibre

Em relação ao modal aeroviário, o presidente da Fiergs mantém uma expectativa otimista sobre o leilão de licitação do aeroporto Salgado Filho. Apesar da conjuntura adversa, ele acredita que a disputa deverá atrair investidores de grande calibre, até mesmo porque somente serão credenciadas empresas que administram aeroportos acima de 20 milhões de passageiros por ano. “O fato é que o empresário não vê o curto prazo. Veja o exemplo do aeroporto de Brasília: a licitação foi feita há cinco anos e até hoje estão investindo em melhorias”, sustentou. “Todos apostam no Brasil. Querem ver a questão política resolvida para poder voltar a investir. Participei de eventos  que reuniram empresários do Brasil e da Alemanha e do Brasil e do Japão, e pude constatar que existe um grande interesse em investir em nossa infraestrutura”.

 

 

 

 

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