Mesmo com mais de 700 MW de PCHs cadastradas nos últimos leilões de energia, o setor continua muito mal representado nos certames promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Além disso, apesar de serem reconhecidas como uma das fontes de energia mais antigas e eficientes, as centrais hidrelétricas estão sendo preteridas em favor de termelétricas de combustíveis fósseis, cujo preço médio de contratação no leilão de energia emergencial de outubro foi de R$1.563,61/MWh, mais de seis vezes maior do que o preço final de fonte hídrica contratada nos Leilões de Energia Nova A-3 e A-4, em 8 de julho, afirma Paulo Arbex, presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch).
“Para o bem do Brasil e do setor elétrico, o governo deveria contratar pelo menos 1.000 MW de PCHs nos leilões previstos para 2022”, diz Arbex ao referir-se à Lei 14.182/2021, a qual estabeleceu uma política pública para a contratação de centrais hidrelétricas de pequeno porte.
Impulso
Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), acredita que a contratação de 2.000 MW de capacidade instalada nos próximos anos deverá impulsionar todo o setor, desde projetistas, fabricantes de equipamentos até construtoras, o que pode representar investimentos em geração de energia elétrica limpa e renovável de aproximadamente R$ 16 bilhões.
“Entendemos que, a partir de 2022, os leilões de energia terão uma maior demanda por contratação de energia diante da necessidade de ampliar a base de geração por conta da retomada da atividade econômica do país. Além disso, em razão dos compromissos assumidos pelo Brasil na COP26 e a atual crise hídrica, acreditamos que haverá maior espaço para ampliação de fontes com geração hidráulica”, acrescenta.
Nelson Dornelas, da Estelar Engenharia (SC), espera que “a Aneel aplique, de fato, a Lei 14.182/2021 que deixou de cumprir neste ano”, mas não vê a possibilidade de ocorrer uma “grande melhora” devido à baixa demanda a ser contratada por parte das distribuidoras.
Sobre a tendência do setor de centrais hidrelétricas, o empresário tem plena confiança em sua recuperação e observa que os problemas atuais do setor elétrico são passageiros, mas as usinas não, e isso reforça a importância de existir projetos de qualidade que podem ser viabilizados no longo prazo.
Preço
Dornelas e Arbex concordam que R$ 250,00 seria o preço “mínimo necessário” do MWh para viabilizar uma PCH em leilão, considerando uma margem até R$ 330,00. “Ainda assim, é muitas vezes mais econômico do que contratar a R$ 1.563,61 como ocorreu no leilão de Energia Emergencial”, relembra Arbex.
“Se o governo contratar, de fato, 1.000 MW de PCH, ele vai evitar a compra de termelétricas de combustíveis fósseis e irá garantir a indexação pelo IPCA e não pela inflação, como ocorre com as térmicas, além de ficar em linha com o meio ambiente”, acrescenta.
Custos
Já em relação ao aumento dos custos dos insumos, Lenzi concorda que a construção de uma hidrelétrica, mesmo de pequeno porte, é um projeto bastante complexo e com diversas variáveis de gastos muito importantes.
Conforme ele, 50% dos custos aproximadamente são atrelados à construção civil por conta da barragem da usina. Todavia, ele não vê esse fator como algo que inibiria a construção de novos projetos, mas, sim, como uma dificuldade a mais que deve ser superada pelo empreendedor na busca pela viabilidade econômica e financeira de seu empreendimento.
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