Uma série de ocorrências de deslizamentos relacionados com a instabilidade de taludes de usinas na região sul do país está sendo percebida pela Sultec Engenharia e Geotecnia, de Itapema (SC). De acordo com Jorge Ribeiro, CEO da empresa, esses eventos estão relacionados com riscos iminentes de quedas de rochas e fragmentos que podem ocasionar vultosos prejuízos no caso de atingirem subestações, condutos forçados e casas de força em que ficam as turbinas e geradores nessas unidades.
“Além de PCHs, também constatamos deslizamentos em UHE, e isso implica a necessidade de inspeções regulares nesses empreendimentos”, afirma Ribeiro.
O empresário assinala que existem duas formas de mitigar a queda real de pedras nas encostas ou de fragmentos em taludes de usinas: a corretiva, quando existe perigo real de queda, e a preventiva em áreas que não estão fraturadas ou naquelas que foram trabalhadas com medidas de estabilização. “O custo de mitigação corretiva pode representar até cinco vezes mais do que a da preventiva”, pontua o CEO da Sultec. “Sem falar na perda eventual de máquinas e de outros dados.”
Ao lado do trabalho de estabilização de taludes de usinas, a Sultec também desenvolve serviços de controle de quedas de rochas e fragmentos de encostas. Recentemente, a empresa concluiu contrato na divisa entre os municípios de Anita Garibaldi (SC) e Pinhal da Serra (RS), distante 340 km de Florianópolis no acesso da UHE Barra Grande.
“ Realizado no período de 20 dias, o trabalho foi corretivo e teve o objetivo de estancar a continuidade de quedas de pedras soltas de um talude sobre uma rodovia pública situada abaixo, a fim de evitar eventuais acidentes”, explica o empresário.
Devido à grande instabilidade da encosta, para a tarefa foi necessário o deslocamento de uma equipe especializada, o que incluiu a escala de alpinistas industriais com experiência nesse tipo de atividade. Junto com o acesso por cordas, os profissionais também contaram com o apoio integral de um guindaste de 30 toneladas equipado com um cesto metálico.
Após locação do canteiro de obras e da sinalização na pista de rolamento e instalação das linhas de vida, a atividade se dividiu em três etapas sequenciais, todas realizadas pela equipe de rapel com apoio do guindaste. Inicialmente foram detectadas e desprendidas todas as rochas e fragmentos soltos da encosta, seguindo-se a perfuração e fixação dos chumbadores, que serviram de ancoragem para a tela de aço. A última etapa incluiu a instalação de uma tela metálica associada a chumbadores e presa através de cabos de aço, placas e parafusos.
“As maiores dificuldades enfrentadas pela equipe foram o grande risco pelo fato de ser um trabalho realizado numa altura de quase 50 metros e também o fato de ter de realizar um trabalho à beira da pista de rolamento, com passagens constantes de carros, assinala Ribeiro.
O empresário ressalta que, como o trabalho foi realizado em uma encosta lateral à pista de rolamento, diariamente o guindaste era patolado pela manhã e despatolado à tarde. Após o termino da fixação da tela de aço, foi executada a limpeza final da pista de rolamento e entrega da obra com total êxito e sem algum acidente associado à atividade. “Em todo o serviço foi feito o mapeamento aéreo por drone que, além de reduzir tempo e custos, serviu para a melhor visualização dos trabalhos e apuração de dados necessários para o relatório pós-obras”, conclui Ribeiro.