Enerbio e Creral pilotam nova planta de biomassa com casca de arroz em Capivari do Sul

Turbina de usina de biomassa

A Enerbio, de Porto Alegre, especializada em projetos de energias renováveis, e a Creral, de Erechim, vão construir uma nova usina de biomassa com casca de arroz, de 5  MW de potência, destinada ao segmento de GD.

O projeto conta com parceria da BR-Energia, Minozzo Telecom e o empresário Guilherme Kessler.

O empreendimento, que será localizado em Capivari do Sul, distante 70 km da capital do estado, já dispõe de Licença Prévia (LP) e vai demandar recursos de cerca de R$ 35 milhões de financiamento do BRDE.

Para movimentar as turbinas da usina, segundo Luiz Antônio Leão, diretor da Enerbio,  serão utilizadas 4 mil toneladas mensais de cascas de arroz descartadas por um grupo de fornecedores instalados na região.

Logística
“Existem muitas cooperativas e arrozeiras nas proximidades. E isso facilita a logística de transporte até à usina”, disse Leão. “Os excedentes da indústria de arroz que não são queimados para geração de energia se transformam em problemas ambientais e, ao mesmo tempo, em desperdício de insumo renovável”, acrescentou. Já as cinzas geradas após a queima da casca, que detém 20% de potássio, podem ter diversos usos, como  na correção do solo de lavouras e também para indústrias de cal e cimento, pontua o empresário.

A Enerbio, que tem em seu portfólio a construção da primeira usina de biomassa de casca de arroz do RS—  a UTE São Sepé, de 9 MW—  conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), tem ainda mais dois projetos com o mesmo combustível em fase inicial de desenvolvimento de estudos, viabilidade técnica e econômica.

De acordo com Leão, os projetos de biomassa e biogás estão na expectativa da nova regra da GD em discussão no Congresso Nacional. No RS, nas usinas de minigeração, de 75 Kw até 5.000 Kw, o valor da tarifa da demanda, segundo ele, é bem superior comparado às demais distribuidoras do país. “E isso não ajuda na viabilidade desses projetos”, diz Leão que cita como exemplo a “RGE, que cobra uma tarifa de R$ 30,00/ MWh, enquanto em outros estados é de R$ 18,00/MWh”.

“Se tivermos uma cobrança alta na tarifa do fio, conforme proposição inicial da Aneel, certamente isso poderá inviabilizar vários empreendimentos”, adverte.

Protagonismo
Com um grande potencial, tanto na biomassa de casca de arroz como de resíduo florestal e cavaco de madeira, e também na energia a partir do biogás, o RS tem condições de avançar bastante no segmento de GD, afirma Leão. “Sentimos, no entanto, a falta de maior empenho do poder público”, acrescenta.

Na área de geração de energia a partir de fontes limpas e renováveis, o estado deve ser mais protagonista, avalia o empresário que defende a criação de um ambiente  favorável para atrair investimentos. “E isso não passa simplesmente por uma maior agilidade na emissão de licenças ambientais, mas também com incentivos para a formação de uma cadeia produtiva de fabricantes de equipamentos e uma rede de empresas prestadoras de serviços”, repara.

Cadeia setorial
Para a implantação da UTE São Sepé, que demandou investimentos de R$ 50 milhões, 90% dos equipamentos contratados foram fabricados em Santa Catarina, exemplifica o empresário que lembra o esforço feito para tentar contratar empresas do RS.
Hoje, conforme o CEO da Enerbio, a casca de arroz é descartada em áreas sem controle ambiental, perto de rios, ou de qualquer forma. “Basta organizar os produtores  e mostrar como resolver esse problema ambiental por meio da geração de energia renovável. Temos de pelo menos identificar os gargalos e ver se podemos melhorar.”

 

 

 

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