As exportações gaúchas acumuladas entre janeiro e março deste ano totalizaram US$ 5,826 bilhões. É um número excepcionalmente robusto para o período. No comparativo com o mesmo período do ano passado, houve um salto de 75,63% (US$ 3,317 bilhões). Com este resultado os embarques mais do que dobraram em relação a 2016. Foi o melhor desempenho para o primeiro trimestre nos últimos dez anos conforme pesquisa feita pela revista Modal.
Os negócios foram puxados pelo setor de bens intermediários (45,94%), seguido por bens de capital (33,98%) e bens de consumo (19,23%). De acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (Mdic), o principal item da pauta de exportações foi o envio de barcos, guindastes e diques flutuantes. Estes artigos não aparecem no primeiro trimestre de 2017. A empresa responsável pelas vendas é o Estaleiro do Brasil (EBR), localizado em São José do Norte. O segundo produto mais vendido no exterior foi a soja (alta de 82% sobre o ano passado), e o terceiro, o fumo (111,20%).
Holanda e China respondem por quase metade das exportações
Em 2017, o principal destino dos produtos gaúcho foi a China, seguido pela Argentina e Estados Unidos. Surpreendentemente, a Holanda, que no ano passado apareceu na 17ª colocação, com 1,33% de participação, despontou em primeiro lugar neste ano, com 27,40%, à frente da China, Argentina e Estados Unidos. Quase a metade das exportações no primeiro trimestre deste ano (47,6%) foram enviadas para Holanda e China.
O município de Rio Grande liderou as exportações em valor no estado, somando US$ 677,37 milhões, valor que corresponde a um aumento de 65,45% sobre mesmo intervalo do ano passado. Na segunda posição aparece Triunfo, com US$ 414,33 milhões (0,76% superior ao de 2017), depois Porto Alegre, com US$ 410.51 milhões (35,92%) e Gravataí, com US$ 285,12 (30,26%). O maior salto percentual aconteceu em Guaíba, que mais do que dobrou as exportações: passou de US$ 127,83 milhões para US$ 278,63 milhões neste primeiro trimestre.
Demanda aquecida da América Latina
“É um ótimo índice”, comemora o diretor de Economia, Finanças e Estatística da Câmara de Indústria Comércio de Caxias do Sul (CIC), Carlos Zignani, referindo-se ao aumento de 11% nas exportações de Caxias no primeiro trimestre. “Parte desse crescimento pode ser a base de comparação fraca ano passado, mas não podemos esquecer a vocação da cidade na produção e exportação de autopeças e bens duráveis”, explica o economista. “Há uma demanda muito forte na América Latina”, acentua. Segundo ele, Marcopolo, Fras-le, Randon e Agrale formam os pilares de empresas que mais exportam na cidade, acrescidos de centenas de pequenos fornecedores.
Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) de Caxias do Sul e região, definiu como surpreendente a alta de 11% nas exportações de Caxias. “Tradicionalmente, este é um período de férias”, diz o dirigente. “A Marcopolo, por exemplo, enfrentou problema de fornecimento de chassi para montagem de ônibus”, lembra Slaviero. Para ele, o impulso nas exportações deve acontecer no segundo semestre. Já para Zignani, da CIC, pode haver uma reação mais positiva já no segundo trimestre.