Geração hidrelétrica é a melhor forma de resolver a intermitência de fontes eólica e solar, diz Ricardo Pigatto

Ricardo Pigatto no evento da Sociedade de Engenharia do RS/Foto/Divulgação

A existência de uma legislação “esquizofrênica” que optou pelas termelétricas a óleo para suprir a intermitência de geração das fontes eólica e fotovoltaica e a forma como os órgãos ambientais satanizaram o setor são fatores que contribuíram para a perda de espaço das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no mercado de energia. A opinião é do diretor técnico da Associação Gaúcha de Pequenas Centrais Hidrelétricas (agPCH), Ricardo Pigatto, para quem apesar da complexidade do sistema elétrico brasileiro muitas vezes são adotadas medidas açodadas sem avaliar os seus efeitos no longo prazo.

Panaceia

Nessa linha, ele lembra que as fontes de energia eólica e solar converteram-se numa panaceia sem levar em consideração que são intermitentes e que isso requer um tratamento adequado, ou seja, é preciso ter a garantia de uma geração que resolva a sazonalidade das fontes eólica e solar. “É preciso uma geração de base e a melhor forma é a hidráulica cujo custo do CVU, que serve para regular o sistema, é zero, em comparação às usinas termelétricas que tem o custo bem maior do que zero”, acrescenta. Pigatto. Ele atribui à “esquizofrenia” da legislação não levar em consideração uma “lógica tão evidente”, o que se soma aos órgãos ambientais os quais são os responsáveis pela “satanização das centrais hidrelétricas, quando essas usinas ainda são a melhor forma de firmar a intermitência das fontes renováveis”.

Os argumentos dos ambientalistas contrários às PCHs

Um dos argumentos dos ambientalistas é de as PCHs afetam  as espécies migratórias, quando chega o momento da piracema – o período de reprodução dos peixes – em que eles se deslocam até as nascentes dos rios ou até regiões rasas para a desova. “Isso é uma verdade, mas uma verdade pequena”, diz Pigatto.
Antes de se construir uma barragem, segundo ele, os empreendedores providenciam um estudo da ictiofauna para detectar as espécies reofílicas que precisam nadar contra a correnteza dos rios para amadurecer sexualmente e procriar, e se existem espécies que estão em extinção. “Isso determina um tratamento especial para essas espécies, na medida em que é possível fazer um desvio de barragens e mitigar de uma forma muito melhor que a natureza. O que, aliás,  já é feito”.

Outro argumento citado pelos órgãos ambientais diz que os reservatórios das usinas são de água parada, o que provoca a decantação. De acordo com Pigatto, dependendo do tamanho dos reservatórios de PCHs, circula até 100% de água. “A água de uma PCH nunca para. Como é a fio d ‘água, a água da PCH se torna lentiga – com pouco movimento–  mas nunca para”.

Falsidades

Os órgãos ambientais também defendem a tese de que as PCHs provocam a morte dos rios, o que Pigatto considera outra falsidade. “Na verdade, as PCHs provocam uma regularização do rio, pois a usina não consome água; ela transforma energia potencial em energia cinética e melhora inclusive a oxigenação a jusante da barragem. O rio se torna melhor depois disso”, diz.

Conscientização

“Para reparar a verdade sobre as PCHs, o que se precisa é que haja a conscientização, um desejo de conhecer os valores verdadeiros de uma central hidrelétrica e não um processo reativo em que as pessoas não querem aprender sobre o assunto”, conclui. “Enquanto isso não for feito, vamos continuar queimando recursos com termelétricas a óleo e poluindo o meio ambiente”.

Durante a apresentação da agPCH no evento promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), em 10 de junho, Pigato apresentou  levantamento da entidade no qual o tempo médio de licenciamento ambiental para obtenção da LP é de 5,4 anos, sendo que alguns casos já tramitam no órgão ambiental há 10 anos.

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