Entre as metas estabelecidas pelo Novo PAC, o governo federal incluiu a licitação de um novo EVTEA (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) para o traçado da FNS (Ferrovia Norte/Sul) entre Estrela d’Oeste (SP) e Rio Grande (RS), que será realizada pela empresa estatal Infra S.A. Anteriormente, a VALEC, que deu origem à Infra S.A., juntamente com a EPL, realizou o mesmo estudo em julho de 2015, por meio do Consórcio STE/PROSUL.
Para a contratação do novo EVTEA, a estatal dividiu a ferrovia em dois trechos: 1 – Estrela d’Oeste (SP) – Panorama (SP) – Chapecó (SC); 2 – Chapecó (SC) – Rio Grande (RS). A estimativa é de que a extensão dos trechos alcance o total de 2046 quilômetros. Em nota por e-mail, a estatal informou que o traçado será definido somente após a conclusão do EVTEA. Para a execução do projeto, caberá ao Ministério dos Transportes definir os próximos passos. O PAC não prevê investimentos em obras para os referidos trechos.
De acordo com o EVTEA da FNS de 2015, apenas no trecho compreendido entre
Chapecó/SC – Porto do Rio Grande/RS, com 832,9 km de extensão, o custo de
investimento foi estimado em R$ 8,7 bilhões a ser executado em um prazo de
implantação de 5 anos.
A ligação ferroviária em estudo entre Chapecó/SC e Porto do Rio Grande/RS insere-se no contexto do planejamento logístico de transporte do país, uma vez que esse
trecho é a parte final da Ferrovia Norte-Sul, ligando o extremo norte ao extremo sul do
Brasil, devendo sua implantação contribuir para tornar o transporte de cargas mais
eficiente, dinamizando a atividade econômica na região por meio do aumento da
geração de emprego e renda.
A não inclusão da região da Serra gaúcha na FNS não é bem compreendida, conforme Monica Beatriz Mattia, professora de Economia da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e presidente do Corede Serra. “A região de Caxias do Sul é uma das grandes consumidoras brasileiras de aço, além de deter um dos maiores parques produtivos de ônibus, caminhões, tratores e implementos; um polo metal mecânico muito expressivo, dos maiores produtores de produtos plásticos do país; um dos maiores produtores de móveis e vinho”, enumera a economista.
A economista também defende uma malha ferroviária sofisticada para atender a mais demandas de uma região produtora e consumidora localizada no sul do país no corredor produtivo Vacaria-Caxias do Sul-Novo Hamburgo-Porto Alegre.
Já o senador Luis Carlos Heinze entende que o modal ferroviário deve ser tratado como prioridade pelo estado. “Vejo intenção de parte do governo do estado, mas falta efetividade”, diz. “A logística do Rio Grande do Sul exige celeridade, não podemos seguir com custos logísticos tão elevados.”
Em nota à revista MODAL, a Secretaria dos Transportes informou que vem mantendo tratativas com o governo federal sobre a situação das ferrovias que operam no Rio Grande do Sul, o que inclui a FNS.
Obra foi iniciada em 1986
Concluída em 15 de julho deste ano, a primeira parte da FNS foi iniciada em 1986. A obra evoluiu pouco nas primeiras décadas e só ganhou impulso a partir de 2007, quando passou a receber investimentos do PAC, no segundo mandato de Lula. Nessa época, o trecho de Açailândia (MA) a Porto Nacional (TO) foi concedido para operação pela VLI Logística. Já a empresa Rumo começou a gerir o ramo centro-sul da ferrovia, entre Porto Nacional (TO) e Estrela D’Oeste (SP), em um trecho de 1.537 km. No interior de São Paulo, a ferrovia se conecta com a Malha Paulista, que vai até o litoral.