MobiCaxias defende licitação do aeroporto de Vila Oliva ainda neste ano

Maquete/Aeroporto /Maquete/Divilgação Prefieitura de Caxias do Sul

O arquiteto e urbanista Rodrigo Postiglione, presidente do MobiCaxias, entidade criada por empresários para atuar pelo desenvolvimento do município, não tem dúvidas de que um velho sonho da comunidade local está muito perto de se realizar. Depois de quase duas décadas de análises e de muita burocracia no âmbito do estado, a construção do aeroporto de Vila Oliva está na dependência da conclusão de seu projeto executivo para ser licitado.

“Temos todas as condições para lançar a licitação ainda neste ano”, disse Postiglione ao ressaltar que a maioria dos trâmites está sendo rigorosamente cumprido, o que envolve a prefeitura local, o Ministério de Infraestrutura e o Serviço de Aviação Civil (SAC).

Na linha do tempo

A ideia de construir o aeroporto de Vila Oliva remonta ao tempo em que Caxias do Sul, Flores da Cunha, Farroupilha e até Canela se digladiavam para sediar o que denominavam de “o aeroporto da Serra”. Naquela época, ainda no século passado, prefeitos, empresários e parlamentares desses municípios utilizavam argumentos em que tentavam demonstrar a vantagem logística de cada localidade.

Depois de muito debate, em 15 de dezembro de 2006 o engenheiro Fernando Bizarro, então diretor do DAP, assinou parecer positivo para a construção do aeroporto na área de Vila Oliva. “ A intenção de construir  esse aeroporto, na verdade, vem desde 1996, quando se iniciaram os primeiros estudos sobre a melhor localização logística, e isso incluiu também duas áreas em Flores da Cunha e uma em Farroupilha, mas prevaleceu Vila Oliva que era o melhor lugar para o empreendimento”, afirmou Bizarro a MODAL.

A opção pelo aeroporto de Vila Oliva, segundo ele, ganhou agilidade no governo de Germano Rigotto (2003/2007) e a sua definição ocorreu no governo de Yeda Crusius ( 2007 e 2011).
Projeto executivo
Desde então, foi somente no governo de Jair Bolsonaro que o projeto avançou com a colaboração do senador Luis Carlos Heinze, relata  Postiglione. “Antes do Bolsonaro, tudo era complicado, não andava”, acrescenta.

Com luz verde do Planalto, em 2020 a prefeitura de Caxias do Sul formalizou a compra da área onde será construído o que será denominado  Aeroporto Regional da Serra  Gaúcha com a desapropriação da área de 445 hectares, na localidade de Tabela, em Vila Oliva.

Ainda no ano passado a Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia, de Florianópolis (SC), venceu a licitação promovida pela prefeitura local para elaboração do projeto executivo.

Além da infraestrutura do aeródromo, como pista de pouso e decolagem, estacionamento de veículos, o trabalho envolve toda parte de telecomunicações, parte de edificações, com terminal de passageiros, seção contra incêndios, depósito de resíduos sólidos, casa de força, além de toda a parte viária, do acesso até ao aeroporto.

Caberá à EPL definir o EVTA e os estudos sobre as conexões com os 49 municípios que irão utilizar o aeroporto. “Uma dessas obras inclui a duplicação da Rota do Sol até Tainhas, em um primeiro momento, seguindo depois em direção à São Francisco de Paula”, agrega Postiglione.

Distante 34 quilômetros do centro de Caxias, o Aeroporto Regional da Serra Gaúcha deverá operar com capacidade para até oito aeronaves com infraestrutura prevista para voos da Serra para América do Norte, África e Europa, com uma estimativa de demanda em torno em torno de 1 milhão de passageiros por ano, o que representa quatro vezes mais em relação ao atual aeroporto.

Fraport
A uma pergunta sobre a inevitável concorrência com o aeroporto de Porto Alegre, em termos de cargas e passageiros, o titular da MobiCaxias assinala que “isso não deve ocorrer, ainda mais agora que  inauguraram a nova pista”.
-Rodrigo-Postiglione

Rodrigo Postiglieone
Postiglione alega que a consolidação de um aeroporto obedece a uma série de etapas e que somente em um prazo de 10 anos o aeroporto da serra poderá “chegar perto do de Porto Alegre”. Em seguida lembra que a economia de Caxias representa o segundo PIB do RS e conta com uma forte demanda de desenvolvimento reprimida justamente pelo gargalo logístico que, agora, com a construção igualmente do porto Meridional, em Arroio  do Sal , deverá ser resolvido.

Indagada pela MODAL sobre a concorrência com o novo aeroporto da serra, a Fraport emitiu a seguinte nota: “Qualquer fragmentação da demanda enfraquece a função de hub regional do aeroporto de Porto Alegre (passageiros de Caixas do Sul, por exemplo, irão direto para São Paulo). Isso reduz as chances de implementação de novas conexões internacionais e, consequentemente, a possibilidade de transportar cargas de e para destinos internacionais. Ainda não é possível estimar o impacto do aeroporto de Vila Oliva nas operações do aeroporto de Porto Alegre, pois não há um cronograma claro para a conclusão da infraestrutura (pista e Terminal). Mas a estimativa de mais de 1 milhão de passageiros ao ano parece muito otimista. Sobre o nosso contrato de concessão, não há impactos em nossos direitos”.

Fiergs

Já o coordenador do Conselho de Comércio Exterior (Concex) da Fiergs, Aderbal Lima, afirmou que a recepção dos dois projetos- do aeroporto e do porto- tiveram uma recepção “muito boa” de parte dos industriais gaúchos. “Hoje, o aeroporto de Caxias é muito limitado e não conta com equipamentos em dias de neblina, o que fará parte do novo aeroporto”.

No que se refere ao porto de Arroio do Sal, Lima observou que será mais uma opção para a economia gaúcha, na medida em que “muitas cargas são hoje desviadas para os portos de Imbituba e Itajaí”.

PIB

Maria Carolina Gullo, economista da CEC de Caxias do Sul, apesar de não ter conhecimento de estudos que mostrem um quantitativo de incremento da economia caxiense a partir da operação dos dois empreendimentos, afirmou que  ambos deverão proporcionar um PIB maior ao RS, na medida em que operações que hoje são realizadas em portos de Santa Catarina  passarão a ser feitas em Arroio do Sal.

“Da mesma forma, cargas que não podiam ser escoadas por via aérea e que poderão a partir do novo aeroporto também serão vetores de incremento no PIB. E se pensarmos que estas duas novas estruturas têm potencial para atrair novos negócios para o estado e, sobretudo para as regiões próximas a elas, teremos não só crescimento econômico, mas também a possibilidade de incrementos significativos nas regiões/municípios diretamente impactadas”.

 

 

 

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