Novo Sindienergia-RS foca em representatividade, atração de investimentos em geração e fortalecimento das cadeias setoriais de energias renováveis

Guilherme Sari, presidente do Sindienergia -RS

Desde setembro de 2017 à frente do Sindicato das Indústrias de Energia Eólica do RS ( Sindieólica-RS), o empresário Guilherme Sari está diante de um novo desafio: conduzir a transição da antiga entidade para a sua sucessora, o Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) cuja abrangência, além de solar e eólica, inclui as fontes hídrica, biomassa e demais energias renováveis.

Concluídos os trâmites burocráticos relativos ao estatuto da mais nova representação do estado, Sari, envolvido em um momento de emergência devido à epidemia do COVID-19, começa a planejar suas ações e objetivos que devem dar prioridade à busca de uma maior representatividade a fim de poder atender as demandas e contribuir para a atração de investimentos por parte dos empreendedores do setor.

Entre os compromissos do Sindienergia-RS, ele cita a consolidação de uma cadeia setorial competitiva nas várias fontes de energia como um dos mais difíceis e que deve contar necessariamente com políticas de estado.

O incremento da geração será outra batalha a ser desenvolvida pela entidade. “O fato é que existem muitas ações de governo e medidas voltadas para a atração de investimentos. Agora é preciso fazer com que isso aconteça de fato, o que depende de um ambiente seguro para que os empreendedores possam investir seu dinheiro”, afirma Sari nesta entrevista a MODAL.

Áreas de atuação e metas
O novo Sindienergia-RS vem trabalhando para uma atuação mais ampla e abrangente no mercado de renováveis. Entendemos que são matrizes importantes, de bom potencial no nosso estado, e necessitam uma maior representatividade para atendimento das demandas e  atração de investimentos junto a empreendedores do setor. Nossa meta é representatividade. Para isso buscamos uma alteração de estatuto junto aos associados e instituições parceiras. Assim, vamos ter mais força de atuação, mais empresas para esta luta em prol da energia renovável e do retorno do protagonismo do RS no setor energético do Brasil.

 Estrutura do sindicato
O Sindicato vem trabalhando com mais braços para poder estar atendendo diferentes frentes. Entendemos que precisamos deixar de ter uma gestão de centralização na tomada de decisões e partir para a delegação de decisões que levam a mais frentes atuando e com isso maior representatividade. Temos hoje muitos associados  e parceiros com diferentes expertises que somam muito para nos representar. E queremos e vamos usar isto em prol de bons negócios para o estado. Precisamos atuar em mais frentes de forma compatível com o tamanho que vem sendo planejado para a estrutura da entidade. A criação de comitês temáticos tem esse intuito e hoje temos comitês e coordenadores nas seguintes áreas: sócio ambiental, regulatório, técnico e geração distribuída. E devemos implementar novas frentes atendendo também a demanda de crescimento da matriz energética ligada à entidade.

Base da entidade
A composição de empresas privadas deverá ser majoritária. Tanto no quesito de geração e transmissão quanto dos prestadores de serviços ligados à entidade. O crescimento será naturalmente realizado neste sentido, inclusive por uma mudança de visão econômica nacional.

Associados
Temos uma meta de crescimento em representatividade. Nossos números são de associar em torno de 15 empresas por ano. Claro que com o ocorrido do COVID19 estes números terão que ser repensados neste ano. Principalmente em razão do primeiro semestre. Mas o objetivo com o aumento de representatividade em matriz, é um aumento significativo dos associados também
Cadeia setorial competitiva
Este é o grande desafio: atrair investimentos para um estado que precisa crescer. O ambiente de negócios tem de ser amigável e favorável nesta conjuntura. E neste sentido estamos atuando em linha com a Secretaria de Meio ambiente e Infraestrutura e governo do estado. Passa por aí, mas também por uma boa representatividade da entidade para fazer com que os investimentos se concretizem.

Quadro atual da infraestrutura energética do RS
O quadro atual ainda é bastante preocupante. Existem muitas ações de governo e medidas para realização de investimentos. A começar pelas linhas e subestações de energia que estão saindo do papel. Agora é preciso fazer com que os investimentos em geração aconteçam de fato. E para isso será preciso que os investidores se sintam atraídos e encontrem ambiente para investir seu dinheiro em um estado seguro e que vai dar rentabilidade ao seu negócio. Afinal é o que estão buscando como empresários. Neste caminho, segurança jurídica é essencial. Por isso nossa aproximação e entendimentos da importância do MP (Ministério Público) neste processo.

Planejamento energético
Acho que o RS remou muito para dar importantes passos à frente. E isso já vem de gestões passadas. Como sempre falo, temos uma janela de oportunidade. Mas é preciso fazer com que as coisas aconteçam. A competitividade nacional e global é pesada e não se pode desperdiçar a chance de receber recursos vindos da iniciativa privada que está capitalizada e busca rentabilização dos seus negócios e desenvolvimento. Isso é fundamental para o estado e respectivos municípios. Temos bons exemplos disto em regiões que hoje tem exploração da atividade energética e receitas advindas deste setor econômico.

Políticas de estado
Sabemos que energias renováveis vieram para ficar e são altamente competitivas. Mas isso não impede da necessidade de politicas de estado para garantir ambiente de negócios. Vemos muitas vezes regiões com menor potencial energético e condições menos favoráveis que, por ambientes amigáveis, acabam gerando negócios e implementando empreendimentos de energia em detrimento de regiões de maior qualidade. Politicas de estado podem ajudar muito neste processo.

Abertura do mercado do gás natural
A questão do gás natural é muito interessante porque é uma matriz em ascensão no território nacional. Matriz esta que veio para substituir de alguma forma a hidráulica, uma vez que teremos grandes dificuldades de conseguir construir grandes usinas desta fonte. Seja por questões ambientais, seja por regime hidrológico. Estamos acompanhando este momento do gás natural com bastante interesse. Entendemos a necessidade de avanços nesta fonte e nos colocamos como colaboradores neste processo e representatividade dessa matriz em território gaúcho. Mas sempre atentos aos interesses dos nossos associados e parceiros para quem representamos e somos apoiados.

Pesquisa, tecnologias e recursos humanos
Temos grande interesse em pesquisa e parceria com as academias e universidades. Entendemos que esta sinergia de conhecimento é fundamental para o crescimento. A nossa busca maior é de fato em poder trazer a indústria de energia para o RS. Seja eólica, componentes  para solar, biomassa, biogás e mesmo hídrica. Mas sabemos que os desafios são grandes e que precisamos começar a fazer com que os investimentos cheguem antes para irmos consolidando uma cadeia industrial. Tudo a seu devido tempo. Diria que o RS é abençoado em material humano. O que precisamos de fato é criar a infraestrutura necessária para usá-lo e não produzir capital intelectual somente para exportação. Mas como falado anteriormente precisamos gerar o ambiente de negócios necessário para manter e quem sabe aumentar os cursos técnicos necessários para atendimento do setor.

Ações  para o desenvolvimento do setor produtivo do RS
Nossa entidade vem trabalhando fortemente para contar com as instituições do estado como aliadas. Temos hoje uma parceria muito consolidada com a Fiergs e Farsul. E temos também bons contatos e relação com a Federasul, Famurs e Sociedade de Engenharia (Sergs) entre outras entidades. São importantes representantes do estado que temos como parceiros e queremos andar juntos devido a pleitos comuns e representatividade. Da mesma forma nos aproximamos mais das universidades e queremos aumentar esse relacionamento para a troca de informações. Acredito que o Sindienergia-RS tenha muito a colaborar não só com informações, palestras, eventos, mas também capacitação de mão de obra para atendimento de uma futura demanda no setor energético do estado. Queremos nos posicionar para isso. Estamos trabalhando com este objetivo também.

Mudanças no setor elétrico e o impacto do COVID-19
O setor energético vem em grande mudança e isso irá impactar empresas e formas de gestão de negócios. Estamos vendo uma mudança significativa de ingresso de novos atores para este mercado, outrora completamente dominado pelas empresas públicas e instituições financeiras ligadas ao governo. Esta realidade hoje é outra e cada vez mais se desenha um ambiente altamente competitivo que precisa ser muito bem gerido para se manter de forma competitiva. O Brasil estava em um momento de ascensão após um longo quadro de estagnação. Mas agora estamos sob o ambiente do COVID19, que se por um lado caminha para ser passageiro, por outro afetou gravemente os mercados globais que ainda estão ameaçados de uma grave crise econômica. Isso obviamente impactará a todos em diferentes escalas. Vai depender muito de como e quando iremos sair desta pandemia. Ou seja, neste momento temos uma questão de saúde pública afetando a saúde econômica, não somente do Brasil, mas do mundo todo.

Relação com a área de energia do governo federal
Vamos atuar como um representante de classe que tem seus pleitos, seus interesses e suas defesas. Temos uma atuação regional em um mercado nacional que é fundamental para a economia. Entendemos que estamos situados em uma região que, se muitas vezes não tem o mesmo apelo social e político de outros estados, tem a força da indústria e a proximidade do centro de carga brasileiro que são fundamentais para se tornar um polo competitivo. Hoje, mais do que nunca, a logística e sinal locacional são pleitos e requisitos de alto valor em um país continental como o nosso, em que as distâncias representam altos investimentos. É um fator importante de competitividade o fato de o estado estar próximo ao centro de carga, e dispor de potencial energético para escoar com menores investimentos e perdas. E isso precisa ser bem explorado e visto pelos órgãos do setor. Vamos atuar para este reconhecimento dos órgãos de energia.

 

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