O que falta fazer para desenvolver o uso da bioamassa florestal em energia elétrica no RS

Distribuição de área plantada de pinus sp. no RS/Sindimadeira-RS

Dono de uma área de 268 mil hectares de pinus, com uma cadeia produtiva na qual se destacam a indústria moveleira, a produção de celulose de fibra longa, além de indústrias de chapas (MDF e MDP), serrarias e marcenarias, o Rio Grande do Sul permaneceu ao longo do tempo limitado no uso de biomassa florestal ao das serrarias para geração própria de energia. Esse quadro, entretanto, começará a mudar a partir da construção da UTE Cambará a biomassa de madeira fina, de 50 MW, da Ômega Engenharia em sociedade com  a Urbana, uma empresa coligada ao grupo Moinho Estrela, de Canoas (RS), que tem seu início de obras previsto para meados do próximo ano.

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Por ser um subproduto da produção de madeira desdobrada, e não tendo um mercado estável, o preço de comercialização de resíduos de madeira é baixo, não apresentando uma taxa individual de atratividade, diz Moacir Bueno da Silva, diretor executivo do Sindimadeira-RS. Nessa linha, segundo ele, a geração de energia de biomassa, oriunda de rejeitos de serraria, está intimamente ligada a uma política de estado que venha a fomentar os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e regionais, que estabeleça variedades de produtos manufaturados da madeira. “Assim seria possível incrementar o mercado da madeira, gerando com isso valor agregado e possibilitando a obtenção de taxa de rentabilidade atrativa ao empreendedor”, avalia.

“A consolidação deste cluster de produção de madeira manufaturada, incrementaria de forma significativa o volume de resíduo em biomassa, possibilitando a instalação de usinas com geração de energia a biomassa gerada nesses conglomerados de indústrias de base florestal”, diz Silva.

De acordo com dados do SindimadeiraRS, o estado detém atualmente aproximadamente 780.000 hectares distribuídos em plantios de eucalipto, acácia e pinus. Preferencialmente os plantios de eucaliptos são destinados à produção de celulose, com pouca significância na madeira serrada. A madeira obtida dos plantios de acácia é destinada para carvão vegetal para consumo doméstico e cavacos que na sua integralidade vão para exportação. O pinus sp. é a espécie utilizada na transformação de madeira produzindo tora, lâminas que geram resíduos e serragem no processo destinados para queima em caldeiras das industrias, mas que não é absorvida na sua integralidade.

A área plantada de pinus no RS, segundo Silva, corresponde a 8 milhões de toneladas/ano de madeira. Descontado o uso da matéria-prima para  toda a cadeia de custódia da indústria de base florestal haveria uma disponibilidade anual de resíduos e toretes em torno de 4 milhões de toneladas/ano, o que poderia abastecer até quatro UTEs de 50 MW cada uma. Somente na região de Campos de Cima da Serra, onde se encontra o maior parque industrial do estado em transformação de madeira “in natura”, a área plantada de pinus abrange 180.000 hectares, correspondente a 5,5 milhões de toneladas/ano de madeira, o que garantiria uma produção de 2 milhões de toneladas/ano somente de resíduos e toretes.

Na principal região de geração de cavacos no estado do RS, localizada na Serra, compreendendo os municípios de São Francisco de Paula, Jaquirana, Bom Jesus, São Jose dos Ausentes, Vacaria, Cambara do Sul, Canela, as plantações de pinus chegam a 119.000  hectares, estimando-se uma disponibilidade anual de madeira em manejo de Uso Múltiplo de aproximadamente 3 milhões de toneladas/ano e uma capacidade de resíduos e toretes de 1,2 milhão de tonelada/ano, conforme dados do SindimadeiraRS.

Nota Silva que é preciso considerar que essa região atualmente está recebendo significativos investimentos no parque industrial madeireiro, sendo preocupante a disponibilidade de madeira futura se novos investimentos em plantios de pinus não ocorrerem.O que se constata, na realidade, são investimentos significativos em serrarias, com a instalação de caldeiras de queima de resíduos de biomassa para geração própria energia”.

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Estabelecimentos de Base Florestal no RS

Atualmente, o estado do RS possui em seu parque industrial as seguintes indústrias: 2.580 indústrias de móveis; 429 estabelecimentos no setor de papel e celulose, sendo uma indústria de grande porte, considerada a quarta maior do Brasil e a maior indústria do RS; três indústrias de grande porte no setor de painéis; duas grandes indústrias no fabrico de tanino (acácia negra). Aproximadamente 20.000 estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte que utilizam matéria prima florestal (serraria, carvoarias, olarias, marcenarias ).

Mapa da distribuição das Indústrias de Base Florestal

Geração de Empregos:
O setor gera aproximadamente 320.000 empregos em seus estabelecimentos e indústrias. Móveis 44,7 mil empregos diretos e 150 mil indiretos. Celulose e Papel: 10 mil empregos diretos e indiretos. Florestamento: 40 mil famílias. Serrarias: 15 mil empregos diretos e 50 mil indiretos. Marcenarias: 10 mil empregos diretos.

Dados econômicos do setor:
A representatividade econômica do setor de base florestal no RS apresenta-se com o seguinte quadro: Participação n PIB gaúcho: 6,1 %; Salário Médio: 1,4 salários mínimos; Tributação: R$ 2 bilhões/ano. Exportações: US$ 600 mil/ano

Faturamento dos produtos do setor de base florestal:
O setor apresentou nos últimos cinco anos um incremento de faturamento de 38 %, com destaque para  o segmento de  Celulose, Papel e produtos de papel, com incremento de 57 %.

 

 

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