Pigatto defende “ação institucional firme” para o RS viabilizar investimentos nos leilões de energia

Ricardo Pigatto

Mais uma vez o Rio Grande do Sul ficou fora dos estados vencedores em leilões de compra de energia. No 30º certame de Energia Nova A-6, realizado na sexta-feira, 18, o RS foi um dos 11, dos 26 estados da Federação, que ficaram de fora dos R$ 11,16 bilhões de investimentos em novos projetos, correspondendo a 2.979,1 MW de potência instalada.

Da região Sul, o estado de Santa Catarina teve 11 projetos vencedores, entre CGHs, PCHs e UHE, totalizando investimentos de R$ 404 milhões, enquanto o Paraná teve três projetos de PCHs, e um de UHE, vencedores, totalizando investimentos de R$ 196 milhões.

Em entrevista à MODAL, o empresário Ricardo Pigatto, do setor energético, afirmou que chegou a hora de os empreendedores e o governo do estado fazerem “uma profunda reflexão sobre os resultados do último leilão de energia”. Nesse leilão, 15 estados da Federação vão ser contemplados com investimentos, inclusive nosso vizinho Santa Catarina, o que demonstra que o problema não é regional, é local, diz Pigatto, que acrescentou: “Há muito, outros estados fizeram seu “dever de casa”, e nós não. Somos reconhecidamente o estado onde as exigências ambientais e a atuação dos MPs são as mais duras e exigentes. Talvez para alguns, motivo de orgulho, mas para a economia do estado e para a geração de empregos e renda, tenho certeza que não”.

Lembra o empresário que no setor de energia eólica, o último leilão que houve venda de energia foi em 2013 pela CEEE, um pequeno parque de 52 MW até hoje não construído. Em 2014, a usina termelétrica de Rio Grande, de R$ 3 bilhões de reais, foi vencedora do leilão e até hoje não foi emitida a licença ambiental. “Sabe-se que é por atuação do MPF de Rio Grande, sendo esse fato conhecido nacionalmente. Tudo isso leva o RS ser conhecido como um estado de restrições. Isso afugenta investidores e empreendedores”.

Pigatto lembra também que as conexões ao SIN (Sistema Interligado Nacional)  deixaram de ser um argumento de restrições e ainda assim  não houve nenhum vencedor do RS no leilão. “Isso mostra que não era esse o exclusivo problema. Ainda persistem os aspectos de financiabilidade e falta de competitividade com o nordeste e, nesse caso, só a ação institucional firme do estado para reverter o quadro. Desde o início deste ano,  o secretário Artur Lemos vem manifestando seu apoio aos leilões regionais em eventos e encontro de Secretários. Entretanto não há, ainda, resultado prático nesse sentido”.

A busca de fabricantes de equipamentos de energias, tanto eólicos quanto solares e hidráulicos, deveria ser uma prática de desenvolvimento, continua o empresário. “Tivemos duas experiências frustradas de fabricantes de torres para eólicas que nem chegaram a funcionar efetivamente no RS. A Bahia, por exemplo, tem quatro ou cinco dos fabricantes de aerogeradores. Ceará e Pernambuco têm os fabricantes de pás. São Paulo e Santa Catarina concentram os fabricantes de turbinas hidráulicas. E o Rio Grande do Sul?”, completa. “Sem uma revisão total da nossa atuação local, continuaremos chorando as mágoas com o sucesso dos outros, sem, de fato, tratarmos dos nossos problemas, que não são poucos”.

Ao concluir, Pigatto defende que uma atuação da Fiergs junto ao governo federal, estadual, CNI e agências de regulação, “é extremamente necessária para demonstrar esse descontentamento”.

“A infraestrutura do Brasil está em transformação e não podemos perder esse trem da história. Já estamos “largando” atrás com o advento desse último leilão. Se formos competentes e unidos poderemos chegar na frente”, acredita.

 

 

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