Um dos maiores conhecedores do setor de infraestrutura do país, o professor Luiz Afonso dos Santos Senna, PhD pelo Institute of Transport Studies (ITS), da University of Leeds, 67 anos, que atua como consultor na mesma área, é o novo articulista do portal MODAL.
Com artigos mensais, o professor vai trazer para a discussão grandes temas da infraestrutura, além de contribuir para o seu desenvolvimento em municípios, estados e país.
Senna também pretende escrever sobre benchmarks nacionais e internacionais que balizem os tomadores de decisão, públicos e privados, a produzirem a melhor e mais atualizada infraestrutura. “Sem ser excessivamente ambiciosos, buscaremos produzir textos que inspirem e façam a diferença”, diz.
Déficit colossal
O professor Senna traça um panorama preocupante da infraestrutura nacional, classificando o hiato como “absurdamente grande”. A situação precária das rodovias, com apenas 12% pavimentados, muitos dos quais em mau estado, ilustra o desafio. “Essa carência limita o crescimento econômico e impacta negativamente a União, estados e municípios”, assinala.
Novo PAC: investimentos aquém do necessário
Embora o Novo PAC, de R$ 1,7 trilhão a serem aplicados até 2026, represente um passo positivo, os investimentos ainda estão distantes do ideal, segundo Senna. Dos R$ 185,8 bilhões previstos para rodovias, R$ 50,8 bilhões se referem a concessões já existentes. No setor ferroviário, a situação se repete: R$ 88,2 bilhões dos R$ 94,2 bilhões previstos estão atrelados a concessões preexistentes. Em resumo, observa Senna, os investimentos realmente novos são insuficientes para suprir o déficit colossal de infraestrutura do país.
O paradoxo da crise fiscal
Senna reconhece que a situação fiscal do país limita os investimentos, mas propõe alternativa. Uma ideia seria semelhante à reserva de dinheiro público para o financiamento de campanhas eleitorais. Ressalta, todavia, que a escala dos investimentos necessários é muito superior ao montante aprovado para este ano de R$ 4,9 bilhões.
“O fato é que o parlamento precisa assumir um papel proativo e priorizar a infraestrutura como um investimento fundamental para o futuro do Brasil”, assinala.