Pioneira no Brasil em sistemas de medição de faturamento para o mercado livre de energia, a gaúcha Prolux Engenharia de Sistemas acaba de concluir a obra de conexão do Aeroporto Salgado Filho ao sistema elétrico da CEEE-D, que vai permitir a migração do complexo para o mercado livre de energia.
Contratada pela Fraport Brasil, a empresa foi a responsável pela gestão de toda a obra de conexão, desde os estudos, projetos elétrico, eletromecânico e civil, contratação dos equipamentos, de linha de transmissão e subestação de seccionamento em 69 kV, até o módulo de linha na SE-PAL 20, da CEEE-D.
Os primeiros trabalhos de projetos e estudos iniciaram a partir da metade de 2018. Em 2019 foram desenvolvidas todas as compras de equipamentos e obras, com conclusão dos últimos testes neste mês. Ao todo, uma dezena de colaboradores atuou na gestão do empreendimento e mais de 100 terceirizados na obra.
“Inicialmente a conceito do cliente era de contratação no regime turn-key, porém conseguimos alterar para o fracionamento das atividades, trabalhando na engenharia e gestão de todo o empreendimento. No final chegamos a uma redução de cerca de 15% no custo do empreendimento”, comemora o engenheiro Cassiano Nicknich, diretor executivo da Prolux, em entrevista a MODAL.
Vantagens do mercado livre
Dependendo apenas de alguns procedimentos, como as medições de campo eletromagnético e ruídos audíveis para a completa finalização do empreendimento e migração do aeroporto para o mercado livre – segmento do setor elétrico no qual se realizam as operações de compra e venda de energia elétrica por meio de contratos bilaterais com condições livremente negociadas -, Nicknich destaca as vantagens da opção da Fraport em termos de contratação de energia e de conexão no nível de tensão. “Com isso, a Fraport vai ganhar não somente a redução de cerca de 20% no custo de energia, mas, sobretudo, na confiabilidade”, observa, “o que reduz em níveis desprezíveis eventuais ameaças de falta de energia em seu terminal ”.
A conexão à rede elétrica da CEEE-D, segundo Nicknich, precede a compra de energia alternativa à concessionária no mercado livre. “Assim, a Fraport pagará à CEEE-D pela disponibilidade da conexão e à fonte geradora pela energia fornecida no mercado livre”, acrescenta. “Ao todo, o aeroporto contava com uma estrutura de 28 entradas de acesso à rede elétrica e precisava convertê-la em apenas uma, a fim de permitir elevar o nível de tensão, que garantirá maior segurança no fornecimento de energia”.
Portfólio de grandes clientes
Perto de completar 16 anos de atividades, a Prolux iniciou suas operações com sistemas de medição de energia para faturamento. Desde 2005, a empresa mantém uma parceria com o grupo multinacional francês Schneider Electric, que fornece os produtos e a tecnologia para os sistemas. Nesse mesmo ano, a empresa assinou seu primeiro grande contrato com as 12 empresas de primeira e segunda geração do polo petroquímico de Triunfo, quando foi instalado o sistema de medição para viabilizar a entrada do complexo ao mercado livre de energia.
A partir desse contrato, a empresa não parou mais de crescer no segmento. Líder no mercado nacional com uma participação estimada em 20%, ela mantém em seu portfólio grandes clientes como a rede de 250 lojas da Wallmart, Grupo Pão de Açúcar, Lojas Marisa, Grupo Zaffari e muitos outros. Hoje são mais de 300 projetos de medição nas fronteiras das concessionárias e mais de 1.500 consumidores que fazem parte da carteira da Prolux.
É por meio da instalação desses sistemas de medição que se viabiliza a migração dos consumidores para o mercado livre, quando é feita a transferência de dados da venda de energia para a Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE), que faz a totalização de todo o processo de consumo da empresa contratante do mercado livre e do montante que é gerado pelas geradoras, explica Nicknich.
Fábrica em campinas
Para atender à crescente demanda pelo mercado livre que proporciona uma economia de até 20% na conta de energia, em 2008 a Prolux inaugurou uma unidade fabril em Campinas (SP), onde se localizam grandes players do setor como Schneider Electric, ABB, GE e Weg. E em 2015 investiu em nova sede com capacidade para a produção de 40 painéis de forma simultânea por mês, a qual ficou sob a responsabilidade do outro sócio da empresa, o engenheiro André Rambo Szekut.
Empenhada em diversificar suas atividades, em 2018 a Prolux redefiniu as suas áreas de atuação passando a operar também com conexões de subestações a redes elétricas graças à expertise repassada durante diversas obras em parceria com a Weg Transformadores, Blumenau (SC). Tudo começou ainda em 2008, quando a empresa catarinense escolheu a Prolux como parceira para a gestão e montagem de subestações de alta tensão.
Naquela época nós executávamos todo o projeto, incluindo obras civis. Todavia, com o tempo resolvemos nos reposicionar como uma empresa de engenharia e para tal definimos alguns pilares de atuação, focando no que realmente sabemos fazer”, explica Nicknich.
Diversificação
Hoje, além de sistemas de medição para o mercado livre, a empresa opera com projetos e estudos para conexões a redes de concessionárias, bem como sistemas de proteção, controle, supervisão e serviços auxiliares para subestações. “Nosso carro-chefe continua sendo os itens de medição que responde por 70% das receitas, os demais segmentos completam o restante ”, informa o empresário.
Em termos de conexão à rede elétrica, a companhia atende consumidores, distribuidoras, geradoras até integradoras, cujo currículo inclui mais de 80 PCHs. “O processo necessário para fazer a conexão de usinas à rede elétrica local não é trivial”, explica o engenheiro. “Existe todo um protocolo a ser cumprido com estudos de impacto dessa conexão à distribuidora local, bem como peculiaridades na gestão das obras de linha de transmissão e subestação”, acrescenta.
Com um quadro de 40 colaboradores nas unidades de Porto Alegre e Campinas, além de equipes terceirizadas, a empresa teve um crescimento de 26% nas receitas em 2019 em comparação ao ano anterior. Para este ano, a previsão é de novo incremento de 20%. “Temos em andamento diversos contratos de clientes para migração ao mercado livre, além de investimentos em geração de energia que irão demandar nossos serviços de engenharia para conexão e quadros elétricos”, conclui Nicknich.