Rota do Sol completa 10 anos como principal modal de transporte da Serra Gaúcha

Inaugurada em dezembro de 2007, pela governadora Yeda Crusius, a Rota do Sol (RS 486) tem gerado diariamente uma economia de aproximadamente 100 quilômetros no deslocamento entre a Serra Gaúcha e a BR-101, no litoral norte do estado, e ainda redução de 5% no valor do frete toda vez que um caminhão leva a produção da região para outros estados ou traz insumos e matérias-primas de fora para indústrias, como Randon, Marcopolo e Agrale, entre outras. Sem a Rota do Sol, o envio (e acesso) de cargas da região que utilizavam a BR-101 percorriam quase 300 quilômetros até o entroncamento da Free-way na cidade de Gravataí.

Ao fazer um balanço sobre os dez anos da Rota do Sol, Odacir Conte, diretor executivo do Simecs (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul) é taxativo: “É uma opção logística importante para a região. Além do frete, temos que considerar a economia de tempo, que também pode chegar a 5%”. Segundo ele, o volume de compras adquirido pelas empresas espalhadas por 17 municípios de abrangência da entidade é estimado em 2 milhões de toneladas anuais. “Hoje esta quantidade é bem menor em função da retração da economia”, ressalta Conte.

Mais importações que exportações

Mauro Vencato, supervisor comercial do Porto Seco Transportes Ltda., estação aduaneira com sede em Caxias do Sul, informa que, na prática, a Rota do Sol ajudou muito mais nas importações vindas dos portos de Itajaí, Navegantes e Itapoá do que propriamente nas exportações. As exportações da Serra são predominantemente realizadas pelo porto de Rio Grande em função de linhas marítimas e destinos. Algumas empresas que exportam madeira e celulose localizadas na Região dos Campos de Cima da Serra utilizam os portos catarinenses por meio da Rota do Sol. O município de Vacaria, grande exportador de maçã, escoa pela BR-116 até chegar aos portos de Santa Catarina e também de Rio Grande.

A descoberta das hidrovias

“A grande esperança de melhoria da logística utilizando a Rota do Sol, era a consolidação do porto de Imbituba, mas isso não se realizou, tanto que atualmente o terminal de containers opera muito aquém de sua capacidade de operações”, relata Vencato, membro da diretoria de Infraestrutura da CIC (Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul). Coincidência ou não, atualmente, 39% da movimentação de cargas no terminal de contêiner de Santa Clara, o Contesc, em Triunfo, é realizado por empresas da Serra Gaúcha, diz Renê Wlach, diretor Comercial do Tecon Rio Grande.

De acordo com Wlach, empresas da Serra Gaúcha representam 12% do volume movimentado pelo Tecon Rio Grande, basicamente com os segmentos são partes e peças, móveis, glicerina, utensílios domésticos, máquinas, plásticos, vinhos, sucos e maçãs. Os critérios que definem a escolha do porto são o nível de serviço e confiabilidade, suportados por uma boa infraestrutura marítima e terrestre, instalações, equipamentos e vias de acessos ferroviários, rodoviários e fluviais. “O Contesc e mais uma facilidade desenvolvida em busca de maior competitividade e eficiência em custos para o mercado gaúcho”, explica o diretor comercial do TECON Rio Grande.

Entroncamento ferroviário em Vacaria

Apenas 1,5% das cargas movimentadas na Serra Gaúcha usam o modal hidroviário. Em função da topografia montanhosa, o principal modal é o rodoviário. O ferroviário não chega a representar 4%. Por isso, o Simecs, a CIC e a prefeitura de Vacaria têm se mobilizado junto a detentora da concessão da malha ferroviária, a Rumo Logística Operadora Multimodal, no sentido de viabilizar a instalação de um terminal ferroviário em Vacaria, para recebimento de matéria-prima, em especial, chapas de aço, aços especiais, bobinas de aço, perfis e tubos de aço que vem para o Rio Grande do Sul. Caxias do Sul e região absorvem 55% de todo aço que entra no estado.

Mais de dez encontros já foram realizados e um estudo técnico encomendado pela Rumo junto a Universidade Federal de Santa Catarina. Até o momento, porém, não há definição. “Uma das questões levantadas é que seria um tipo de transporte dedicado, pois usa-se vagões plataforma, específicos para bobinas e chapas, e o retorno destes vagões teria que ser carregados com outro tipo de carga, que não está planejado pela empresa. A situação é estranha: há carga para vinda, mas a empresa quer contrapartida para enviar cargas para o centro do país”, observa Mauro Vencato. “Acredito que em função do momento em que estamos enfrentando, não é propicio para estas decisões. Ainda há questões técnicas que a Rumo precisa avaliar (demanda, espaço para transbordo, retorno de mercadoria, frequência, etc.) Somente após estas avaliações que teremos um panorama mais seguro”, emenda Conte.

Por Guilherme Arruda

 

 

 

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