Com 1841 projetos, correspondente a 71 GW de potência para o Sistema Nacional Interligado (SIN), o leilão de geração A-6/2019 desta sexta-feira, marcou novo recorde de cadastramento e habilitação.
A energia eólica se destacou como a fonte com maior número de projetos habilitados (760), com potência total de 22.550 MW. Seguida pela fonte solar fotovoltaica com 685 projetos, com potência total 24.753 MW e pelos 28 projetos de UTE a gás que somam 21.580 MW.
Entre as hidrelétricas, foram habilitadas três UHE (127,5 MW); 37 PCHs (568,8 MW) e oito CGHs (18,1 MW). A biomassa vai comparecer com 20 projetos que somam 828 MW. Do Rio Grande do Sul deverão participar dois projetos a carvão, correspondendo a 940 MW.
UTE Ouro Negro
Um dos mais ambiciosos projetos do país, de geração de energia elétrica a partir do carvão mineral, a Usina Ouro Negro, com potência instalada de 600 MW, irá demandar investimentos de U$$ 1 bilhão. As obras, que deverão ser iniciadas em seguida à homologação do leilão, têm o prazo de conclusão estimado entre quatro e cinco anos, com início de geração previsto para 1° de janeiro de 2025. Somente na fase de construção, a empresa deverá gerar três mil empregos diretos e cerca de 500 em operação comercial.
Em 80 hectares de uma área de 270, no município de Pedras Altas, o complexo industrial da Ouro Negro Energia prevê a instalação de linhas de transmissão, uma barragem no Arroio Candiota e uma unidade de beneficiamento a seco do carvão. A energia será transmitida ao Sistema Interligado Nacional (SIN) pela subestação da Eletrosul, em Candiota, localizada a oito quilômetros do empreendimento.
A UTE Ouro Negro contará com 80% da obra financiada pelo Indico Financial Management & Services e 20%, com capital próprio dos investidores. A estrutura de sócios está definida. Entre os investidores está a empresa Power China Sepco 1 e o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Ouro Negro
Um dos diferenciais da UTE Ouro Negro é a questão ambiental. Com o objetivo de reduzir os teores de cinzas e, principalmente de enxofre do carvão da jazida de Candiota, a empresa deverá implantar de forma inovadora o beneficiamento a seco.
Com tecnologia desenvolvida na Alemanha serão instalados jigues, que consistem em uma estrutura fechada que distribuem o ar uniformemente através de um leito oscilatório. Um golpe de ar pulsante é imposto contra a corrente de ar constante e ascendente, permitindo controle independente da amplitude, frequência e aceleração do golpe de ar. Desta maneira, a estratificação do material alimentado é otimizada.
Através do emprego de um controle radiométrico e automático do mecanismo de descarga, o jigue pode manter uma camada constante de reserva de material de alta densidade, evitando a contaminação do produto na seção final do leito. Com estas medidas, é esperada uma redução em torno de 40% nos teores de enxofre e de 10% no de cinzas.
“Vamos queimar menos carvão com maior poder calorífico e as cinzas poderão ser filtradas e vendidas como matéria-prima para as indústrias produtoras de cimento”, diz o empresário Sergio Dias Neto da Ouro Negro Energia.