Governo do RS e Sindieólica negociam com fundo de investimentos do governo britânico recursos para a instalação de protótipo de parque eólico offshore na Lagoa dos Patos

Guilherme Sari, presidente do Sindieólica-RS

O Brasil, um dos líderes mundiais em tecnologias de exploração e produção de petróleo no mar, começa a correr para não ficar atrás em projetos eólicos offshore nas zonas costeiras, de grandes dimensões e turbinas de nova geração, com potencias que vão até 12 MW de capacidade, cujo mercado vem se ampliando em muitos países da Europa, Ásia e também nos Estados Unidos.

Nova tecnologia

Foi pensando nessa nova tecnologia que o governo do Rio Grande do Sul e o Sindicato das Indústrias de Energia Eólica (Sindieólica-RS) deflagraram um projeto com o objetivo de implantar um protótipo de parque eólico offshore, na Lagoa dos Patos, a fim de atrair investimentos para o setor.

A ideia surgiu quando o governador, Eduardo Leite, cumpriu agenda, em maio passado, no Reino Unido, quando foram estabelecidos os primeiros contatos com os representantes do Fundo de Prosperidade (Prosperity Fund), que é voltado para o crescimento econômico sustentável e inclusivo de economias emergentes e projetos renováveis ou de baixo impacto na produção de carbono.

Mais recentemente, em 4 de junho, acompanhado pelo secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos Júnior, e de Kurt Ziegler, representante da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o presidente da Sindieólica, Guilherme Sari, participou de uma rodada de negócios promovido pela embaixada britânica no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.  Na ocasião, foi apresentado o mapa de investimentos em energia do estado, com foco no potencial offshore de lagoas.

Etapas
Conforme Sari, ainda neste ano o RS pretende se habilitar para ingressar nos programas do Fundo de Prosperidade britânico, cujo assunto poderá evoluir em 7 de novembro próximo, quando uma missão do estado deverá  participar de evento de offshore em Newscastle e cumprir agenda de encontros com investidores em Londres.  Para apresentação do projeto aos representantes do Fundo, Sari definiu etapas que preveem estudos de navegabilidade da lagoa,  definição de áreas para concessões, infraestrutura de conexão e licenciamento ambiental.

“O RS possui um diferencial de offshore que são as lagoas”, diz Sari que, entre as vantagens, cita o baixo calado em determinadas áreas, a menor salinidade da água,  a exigência de custos menores de fundações e obras civis, além da proximidade das conexões, entre 30 km e 40 km, em comparação a empreendimentos de mais de 150 km de distância da infraestrutura de conexão.

O titular da Sindieólica concorda que a energia eólica offshore atualmente é mais cara que a onshore. Argumenta, no entanto, que essa tecnologia deve avançar mesmo que exista ainda um grande potencial onshore  a ser explorado. “Como os europeus do Fundo de Prosperidade pretendem transferir essa tecnologia para o Brasil, o governo do estado deseja que seja por meio do Rio Grande do Sul. Dessa forma, seria possível captar investimentos de companhias especializadas em eólica offshore”.

Medição de ventos

Segundo o Atlas Eólico do RS, o potencial eólico medido na área de lagoas é equivalente a 30 GW com potencial de produtividade que tende a ser maior que em terra, o que ainda depende de comprovação de dados. Também existem medições de empresas associadas do Sindieólica nas bordas das lagoas que poderão servir de subsídios para a definição de um marco regulatório de offshore nessas águas.   “Com o protótipo de parque eólico offshore na lagoa  poderemos ter uma medição de ventos e isso permitirá ao estado dispor da dimensão do negócio e de seu potencial econômico para atração dos grandes players do setor”, avalia Sari.

O  presidente da Sindieólica esteve presente no workshop sobre Complexos Eólicos Offshore, ocorrido nos dias 2 e 3 de julho, organizado pelo Ibama, em Brasília, e viu de perto a organização da entidade e do setor sobre o tema. “O assunto de offshore está borbulhando e já é uma realidade no Brasil” concluiu ele.

Estavam presentes entidades de governo da Bélgica, Reino Unido, Portugal, Alemanha e entidades internacionais que atuam na área, além de associações brasileiras e entidades governamentais, ambientais e academia. “Os custos em energia eólica offshore nos países europeus vem caindo bastante e na Inglaterra a energia eólica offshore já é mais em conta que a onshore. Obviamente que não seria a realidade do Brasil, neste momento, mas em volume e escala é possível ser competitivo, assim como somos em energia eólica onshore”, salienta Sari.

Fundo de Prosperidade do Reino Unido tem um orçamento de £ 1,2 bilhão até 2023

Criado há dois anos, o Fundo da Prosperidade baseia-se na premissa de que o crescimento econômico, quando sustentável e inclusivo, pode elevar o bem-estar e a prosperidade das economias emergentes.  Como líder global em desenvolvimento e defensor dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o Reino Unido é um dos poucos países a cumprir o compromisso de gastar 0,7 por cento do rendimento nacional bruto em Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA).

O Relatório Anual da Prosperity Fund mostra que no biênio 2017/18 foram aplicados £ 63 milhões do orçamento de £ 1,2 bilhão disponível até 2023.  O portfólio engloba as seguintes cinco áreas: • investimento em infraestrutura e capital humano • inovação e transferência de conhecimento, incluindo tecnologia de baixo carbono • reforma comercial, financeira e econômica • capacidade normativa e regulatória • facilidade de fazer negócios. Os países e regiões prioritários incluem: México, Brasil, Colômbia, Nigéria, África do Sul, China, Índia e Sudeste Asiático.

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