Metade da força de trabalho do setor calçadista está ociosa neste momento por falta de insumos, e o que preocupa os empresários é a perspectiva de que 84% das empresas parem na próxima sexta-feira se não houver a normalização no fornecimento de itens para continuidade das linhas de montagem. O alerta é de Heitor Klein, presidente Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), baseado em uma pesquisa com 50 empresas que representam cerca de 70% de toda a atividade no Brasil.
De acordo com a entidade, caso a situação não se regularize até o início da semana próxima, praticamente todas as fábricas serão atingidas. O País possui 2,5 mil indústrias de calçados, e mais de 5 mil empresas prestadoras de serviços, que dependem diretamente da produção. “A previsão é de que 230 mil pessoas amanheçam segunda-feira de braços cruzados”, ressalta Klein.
Impacto no varejo
O levantamento aponta que 32% dos embarques de calçados de um mês de atividade estão retidos nas fábricas, aguardando melhores condições de tráfego. A situação atinge diretamente o varejo. “As consequências se vê no impacto de possíveis cancelamentos de negócios já firmados com algumas empresas e de mercadorias previstas para serem entregues antes do Dia dos Namorados, uma data que, assim como o Dia das Mães, repercute muito no segmento feminino”, complementa o executivo, listando ainda o fechamento de negócios futuros que, provavelmente, não serão concretizados.
Lenta retomada
Embora reconheça que o prejuízo é grande com a continuidade do movimento dos caminhoneiros, a entidade ainda não contabilizou as perdas sofridas pelo setor. “Uma parada de produção significa necessariamente uma retomada lenta”, diz Heitor Klein, para quem uma avaliação precisa sobre os efeitos da paralisação no setor calçadista só poderá ser feita após o encerramento total da greve.
Em nota, a Abicalçados informa que “é absolutamente inaceitável o aproveitamento da situação para fins espúrios, seja de caráter pessoal, empresarial ou político. O Estado dispõe de mecanismos para o restabelecimento da ordem e é preciso que se implementem as ações necessárias e eficazes para tanto”.