Setor de energia solar volta à normalidade no RS e ainda projeta 2020 superior a 2019

FILE PHOTO: Workers lift a solar panel onto a roof during a residential solar installation in Scripps Ranch, San Diego, California, U.S. October 14, 2016. Picture taken October 14, 2016. REUTERS/Mike Blake/File Photo

“Será um resultado muito melhor do que se imaginava quando iniciou a pandemia”, diz o engenheiro Luiz Alberto Wagner Pinto, diretor comercial da HCC Engenharia Elétrica, com sede em Santa Maria (RS), especialista em projetos de engenharia elétrica e de energia solar.

“Estamos com praticamente o mesmo número de conexões em 2020, do que em todo 2019, e ainda temos três meses para concluir o ano. Isso mostra que a conexão de sistemas se manteve em crescimento acelerado em 2020. É claro que esse número cresceu fundamentalmente por que as vendas do final do ano passado foram efetivamente contabilizadas na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2020”, acrescenta.

De fato, devido ao atraso no registro dos projetos, haverá uma redução no ritmo do crescimento das conexões efetivas, no segmento de energia solar, no final deste ano. Além disso, áreas como o turismo, bares e restaurantes, que aderiam ao sistema, acabaram trancando investimentos. No entanto, as ligadas ao agronegócio e ao setor de alimentos e, principalmente, as residências, tiveram uma adesão maior, relata Wagner.

Já a Solled Energia, de Santa Cruz do Sul,  sentiu os efeitos da pandemia a partir da segunda quinzena de março até abril. Durante o mês de maio, a empresa percebeu um aumento na procura, com as vendas chegando próximas à normalidade. “Todo o setor, que é vinculado à saúde e à alimentação, bem como indústrias que trabalham com exportação e e-commerce, encolheram seus investimentos. Todavia, a partir de julho percebemos um retorno da maioria dos segmentos”, diz Deborah Ferreira, analista de marketing da empresa.

“As usinas residenciais tiveram uma demanda muito grande no início da pandemia, pois a partir do momento que as pessoas ficaram mais em casa e perceberam quanto o custo da energia elétrica pesa no orçamento familiar.”

Tiago Fernandes, da Yes Energia Solar, de Porto Alegre, disse quando iniciaram as primeiras medidas de contenção da pandemia, em março, houve uma retração no número de negócios. Todavia, a partir de abril o mercado voltou a se movimentar com ótimas expectativas.

“Comparado ao ano anterior, mantivemos a mesma média de negócios, não conseguindo dobrar como era o previsto para 2020. O setor de alimento apresenta alta procura, assim como o mercado residencial. As indústrias e comércios estão sendo muito afetados nesse período, mas acreditamos na volta à normalidade em seguida”.

Sobre as perspectivas para 2021 para o setor de geração distribuída, Fernandes afirma que enquanto houver rumores e incertezas regulatórias é preciso pensar no curto prazo. “Há uma grande discussão no momento sobre a proposta de lei para a geração distribuída, assim como novas perspectivas para o mercado livre. Qualquer previsão agora sem novos posicionamentos sobre o tema seria arriscado, acreditamos manutenção dos resultados existentes e a continuidade do crescimento do setor.”

As perspectivas para 2021, no caso da Solled, ainda estão em avaliação  e na espera da revisão da Resolução 482, ou da aprovação do Projeto de Lei para dar maior segurança jurídica ao setor. Todavia, Ferreira  acredita que a energia solar é uma das soluções para a matriz energética brasileira e não há como evitar o crescimento desta fonte de energia. “Teremos alguns anos de muito crescimento”, acredita.

Perspectivas para 2021

Com previsão de crescimento para este ano será de 25%, em comparação ao ano anterior, devendo chegar a 30 MW em projetos instalados de energia solar, a HCC prevê novo incremento de 30% em 2021.  Isso porque existe no horizonte um novo aumento na conta de energia devido ao socorro bilionário que as distribuidoras receberam para manter suas operações durante a crise. Nesse caso esse valor vai começar a pesar no bolso do consumidor a partir do ano que vem. Além disso, com a retomada econômica e com a melhora na confiança dos consumidores, teremos uma adesão ainda mais forte aos projetos de energia solar fotovoltaica, sustenta Wagner.

Com 30% de suas operações baseadas no Rio Grande do Sul – o restante está espalhado por estados como Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Goiás – a HCC é otimista em relação às perspectivas do setor no estado.

“O RS é um dos estados de maior número de projetos de energia solar, em potência instalada”, destaca. “Somos o 2º do Brasil e atualmente já temos mais de mil unidades com energia solar para cada 100.000 consumidores de energia, o que mostra o quanto está difundido a energia solar aqui no território gaúcho, aproximadamente 1% já aderiram à solução sustentável. Se continuarmos fortes, podemos chegar em 2021 com 2%. É uma previsão que pode, sim, ser concretizada.”

 

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