Shangai Eletric desiste da parceria com Eletrosul e RS pode perder até R$ 5 bilhões de investimentos em energia eólica

Foto/Eletrosul/Divulgação

A desistência da empresa chinesa Shanghai Eletric de uma parceria com a Eletrosul, subsidiária da Eletrobras, para a construção e operação de linhas de transmissão no Rio Grande do Sul, correspondente ao lote A do leilão de transmissão n° 004 de 2014, poderá deixar o estado praticamente fora dos grandes investimentos em energia elétrica nos próximos anos, sobretudo os de energia eólica.

Ricardo Pigatto, da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), calcula que cerca de R$ 5 bilhões em usinas de energia eólica deixarão de ser investidos no estado devido ao gargalo em suas linhas de transmissão. “É uma notícia terrível para o estado. O risco de apagão vai aumentar de forma significativa”.

De acordo com a secretária de Minas e Energia, Susana Kakuta, o empreendimento representava a possibilidade de aumento da energia em até 4.000 MW ou 50% da capacidade já disponível.

Segundo o diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, após a extinção da outorga, a oferta das instalações deverá ocorrer no próximo leilão de transmissão (Leilão nº 4/2018), a ser realizado em 20 de dezembro. Uma vez assinado o contrato com a empresa vencedora do certame, o estado deverá aguardar pelo menos 60 meses para a conclusão das obras, ou seja, em 2024.

Desde o início de 2016, a Eletrosul buscava um parceiro para bancar o empreendimento. O próprio diretor-presidente da empresa, Gilberto Eggers, sustentou que a parceria com a estatal chinesa foi a melhor alternativa encontrada para viabilizar as obras. “Sozinha, a Eletrosul não tem condições de fazer os investimentos”, afirmou em 14 de setembro de 2015, durante reunião na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Em meados do ano passado, as duas empresas assinaram um acordo preliminar para a transferência total do lote e passaram a negociar detalhes da transação.  Em 27 de agosto, em Porto Alegre, foi assinado documento que previa a constituição da Sociedade de Propósito Específico (SPE), denominada SZE Transmissora de Energia Elétrica.

Na ultima terça-feira, a Aneel de um ultimato, até ontem, para a assinatura de aditivo contratual a um projeto de transmissão da Eletrosul Centrais Elétricas, que passaria a ter o controle da chinesa Shangai Electric. Os chineses responderam com a desistência do empreendimento.

As obras do Lote A correspondem à construção de 17 linhas de transmissão: oito de 525 kV e nove de 230 Kv, que perfazem um trajeto de 1,9 quilômetros e envolvem 14 municípios, localizados nas regiões Metropolitana, Sul e Norte. Além de três subestações em 525 kV e cinco subestações em 230 kV e capacidade de transformação de 4.781 MVA, com investimentos de US$ 1,3 bilhão. O prazo para a conclusão era de 48 meses, contados a partir de abril de 2018.

 

 

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