Sindienergia-RS defende a instituição de uma ferramenta de planejamento para o setor elétrico gaúcho

Guilherme Sari, presidente do Sindienergia-RS

Criado para defender o interesse dos empresários e da indústria do setor de energias renováveis do estado e promover o acompanhamento dos projetos e de seus associados, o Sindienergia-RS  defende uma revisão do conceito de gestão limitado ao período de quatro anos de cada governo e a instituição de uma ferramenta de planejamento para o setor elétrico gaúcho.

Guilherme Sari, presidente da entidade, afirma que não tem sentido, em um mercado de médio e longo prazo, existir políticas públicas mutantes de acordo com cada governo e gestão.  “As empresas do setor energético desenvolvem seus projetos ao longo de vários anos. No setor hídrico, por exemplo, muitos passam dos 10 a 12 anos e, no setor eólico, não é diferente. Grande parte dos projetos hoje consolidados envolve entre 8 e 10 anos de desenvolvimento. Ou seja, passaram por, no mínimo, dois governos e não podem ficar à mercê de mudanças repentinas”.

O Sindienergia-RS, segundo Sari, surgiu justamente pela necessidade de o setor contar com uma representação capaz de estar presente em diferentes governos e propostas e de defender o interesse dos empresários do setor de energia que pretendem investir no estado e que, de forma natural, correm riscos no desenvolvimento de seus projetos.

No debate, ainda discutido por alguns atores do setor, sobre a extinção da Secretaria de Minas e Energia que deu lugar, no atual governo do estado, à Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema),  o líder das energias renováveis no RS  admite que se trata de uma questão que provoca visões diferentes. Argumenta, todavia, que se, por um lado, a energia perdeu sua Secretaria específica, por outro, juntou, em uma pasta, o meio ambiente exatamente para destravar licenciamentos que não vinham andando de forma competitiva em relação a outros estados.

Ele lembra que o setor produtivo clamava por uma melhor relação das licenças ambientais e investimentos em infraestrutura, particularmente em energia. “Cabe aqui avaliarmos se o governo, e principalmente a Sema, está obtendo êxito neste importante desafio. Sempre atuamos de forma parceira com grande ligação a essa pasta e com total confiança no trabalho realizado pelo secretário Artur Lemos Jr. e também pela presidente da Fepam, Marjorie Kauffmann e demais quadros”.

Acrescenta que do ponto de vista da entidade existem vitórias encaminhadas pela atual gestão,  como as linhas de transmissão e subestações da infraestrutura de conexão da metade sul do estado, além do novo código ambiental aprovado no final do ano passado. Cita também o encaminhamento que vem sendo realizado da nova resolução dos licenciamentos do setor de energia eólica, “entre outras importantes ações que vem sendo acompanhadas de perto pela Sema”.

De qualquer forma, segundo o titular do Sindienergia-RS, o momento é de expectativa e de que é preciso aproveitar a janela de oportunidade das renováveis do setor elétrico em transformação e dos investimentos que estão sendo analisados em direção ao RS.  “Uma vez ultrapassadas as etapas que fortalecerão a infraestrutura do setor no estado, teremos uma grande resposta do acerto deste atual governo nas mudanças promovidas. Precisamos aguardar e seguir trabalhando arduamente para a implantação de investimentos em geração de energia renovável e limpa conforme a sociedade almeja”.

Sobre o processo de privatização do grupo CEEE, Sari defende ações para evitar o desmantelamento das empresas e de seus ativos sob o risco de um custo maior para a sociedade. Esses passos estão sendo discutidos e apresentados para a comunidade local que vem se posicionando sobre o tema que, em alguns casos específicos, é mais polêmico, acrescenta.

“Precisamos fazer com que o processo seja bem conduzido para que tenhamos o menor prejuízo possível em uma provável mudança. Sabemos das ações do governo sobre o assunto e, sobretudo, sabemos o impacto que a privatização do grupo irá causar ao setor. Obviamente, que se for bem conduzido e validado poderá trazer benefícios importantes para a empresa e para o estado em uma revitalização fundamental desta importante instituição do estado”.

Ao avaliar as perspectivas de expansão das renováveis no estado, o dirigente destaca a importância institucional da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul ( Fiergs), na busca  de um parque industrial de energia para o RS. Afirma que existe espaço para avançar nesse sentido especialmente nas eólicas com a atração de fabricantes já instalados nos Brasil e também na GD com industrias especificas para produção de componentes locais. Afirma também o importante apoio e parceria que tem com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), principalmente em temáticas ambientais.

Detentor do quarto lugar em potência instalada de energia eólica do Brasil e o segundo em geração distribuída, além de um importante recurso hídrico de menor porte (PCHs e CGHs) e de biomassa advindos do setor primário e resíduos para a geração de biogás, ele defende políticas de incentivos compatíveis para essas e demais fontes.

Afirma ainda que o mercado de GD, de maior porte, onde se encaixa a energia  solar,  as bioenergias e hídricas, precisa ser defendido pelas instituições do RS. Nessa linha, segundo ele, a Fiergs exerce papel fundamental por representar diversos sindicatos do setor de infraestrutura.

Para ele, não basta promover políticas de incremento de geração sem a atração da indústria. “Temos de ser competitivos e atrair a produção para o estado. É preciso entender a força e o mercado representados pelo setor energético que impulsiona  a economia regional e consequentemente a nacional. Ainda mais em um estado importador de energia como o RS”, conclui.

 

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
Publicidade