Sistema de cooperativas de geração e distribuição de energia do RS vai investir R$ 600 milhões no próximo ano; a maior parte em usinas de fonte hídrica

CGH Cascata do Pinheiro, inagurada pela Coprel em março de 1993, deu início à produção de energia pelas cooperativas

O Rio Grande do Sul vai ganhar uma nova onda de investimentos em Pequenas Centrais Hidroelétricas ( PCHs), a partir do próximo ano. Somente o sistema de cooperativas de geração e distribuição de energia projeta cerca de R$ 600 milhões de recursos próprios e de linhas de crédito, dos quais a maior parte será aplicada em usinas de fonte hídrica, segundo informou  Erineu José Hennemann, presidente da Fecoergs e da Certel.

“Vamos seguir a nossa vocação e expertise, na medida em que as PCHs são de importância substancial para o desenvolvimento do produtor gaúcho”, afirmou.

Terceiro maior estado em número de cooperativas de geração e distribuição de energia, com 15 unidades, das quais 13 permissionárias e duas autorizadas, segundo a Agência Nacional de Energia (Aneel), o RS conta com um sistema que responde por 150 MW de potência instalada, com 60 MW de usinas próprias e 90 MW consorciadas, 100% de unidades hídricas.

O sistema

São ao todo 24 usinas próprias e oito consorciadas que atendem 310 mil associados consumidores de energia e outros 50 mil com acesso à internet. Essas cooperativas atuam em todo o estado, com maior concentração na região Central – Norte e Nordeste –, perfazendo 369 municípios beneficiados, dos quais 72 em sedes municipais.

“.O sistema cooperativado de energia do RS é um dos mais bem sucedidos e organizados do Brasil, motivo de orgulho para a sociedade gaúcha, que se destaca, especialmente, na geração de energia a partir da fonte hídrica, levando investimentos e desenvolvimento sustentável para diversas regiões do nosso estado”, diz Roberto Zuch, presidente da Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas ( agPCH).

“Num setor elétrico formado cada vez mais por grandes players multinacionais, as cooperativas se destacam com investimentos importantes, gerando um circulo virtuoso de crescimento regional”, completa.

Satisfação do consumidor

 

“O RS é o estado que mais valorizou as cooperativas do setor elétrico, uma presença fundamental porque consegue cobrir áreas de pouca densidade demográfica  em que as concessionárias não têm interesse”, diz Mário Menel, presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE) e do Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE).

Jânio Vital Stefanello, presidente da Infracoop (Confederação das Cooperativas de infraestrutura) e da Coprel, observa que as  cooperativas do Rio Grande do Sul são destaque em todos os anos no Prêmio Índice Aneel de Satisfação do Consumidor (IASC). O IASC é o resultado da pesquisa junto ao consumidor residencial que a Agência realiza todo ano, desde o ano 2000, para avaliar o grau de satisfação dos consumidores residenciais com os serviços prestados pelas distribuidoras de energia elétrica.

Em sua opinião, o cooperativismo de infraestrutura não deve pensar apenas em levar energia à zona rural. Nessa linha, as PCHs  são fundamentais ao desenvolvimento regional sustentável, diz. “Quando se investe na construção de uma pequena central no interior, o dinheiro fica no local, movimenta a economia, desenvolve a comunidade, gera e injeta energia nova no sistema brasileiro. Não interessa onde é gerada a energia, mas que ela é um componente importante para o país”.

O desafio imposto pela GD

Apesar de garantir a qualidade no fornecimento de energia elétrica aos seus associados  com investimentos em novas usinas, em equipamentos eletromecânicos e na expansão das redes trifásicas, o setor está diante de um novo desafio representado  pelo avanço da Geração Distribuída, assinala o diretor-executivo da Noale, advogado Frederico Boschin  referência como especialista no setor elétrico nacional.

“O ambiente das cooperativas de geração e distribuição de energia é desafiador. É preciso se modernizar e se proteger da desvalorização da saída eventual do homem do campo. E a manutenção do produtor no campo é justamente um dos princípios básicos que nortearam  a criação das cooperativas. O crescimento da GD traz preocupação na medida em que o sujeito gera sua própria energia e não remunera o fio, e isso ocasiona o que se define sobretensão, dada a pouca densidade das redes elétricas. É preciso uma solução para adequar o sistema de distribuição das cooperativas para que os consumidores mais distantes do transformador não sejam prejudicados com o aumento da GD”.

 

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