TGS lançará licitação para construção de gasoduto submarino ainda no primeiro semestre de 2020

Navio FSRU Golar Nanook/Divulgação

Até o final do primeiro semestre deste ano, a empresa Golar Power Latam, uma joint venture entre a norueguesa Golar LNG e o fundo Stonepeak Infrastructure Partner, deverá lançar edital para a construção de um gasoduto submarino de 300 metros, que fará a conexão com a terra de um terminal que será instalado na Baía da Babitonga, no norte do estado de Santa Catarina.

A obra faz parte do projeto da empresa que irá demandar o equivalente a US$ 100 milhões, de recursos próprios, na instalação de um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito que deve entrar em operação a partir de 2022.

Denominado Terminal Gás Sul (TGS), ele prevê que no auge do atendimento da demanda será abastecido por até dois navios por mês —  um a cada 15-17 dias —, considerando o suprimento máximo de 15 milhões de metros cúbicos por dia.

Cada navio levará  no máximo 72 horas para transferir seu volume transportado para a Unidade de Armazenamento e Regaseificação Flutuante, conhecida como FSRU por sua sigla em inglês Floating Storage and Regasification Unit), incluindo os tempos para atracação e desatracação.

O IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) concedeu a LAP (licença ambiental prévia) para implantação do empreendimento. Além disso, o projeto do TGS conquistou importantes marcos, entre licenças, documentos e pareceres, incluindo a habilitação do projeto integrado TGS/UTNC nos próximos leilões de energia nova A-4 e A-5 e leilão de reserva.  O TGS também está habilitado para participar da chamada pública de alocação de capacidade incremental da TBG.

Na fase atual, estão sendo consolidados os documentos e estudos complementares da parte de investigação geotécnica e projeto de engenharia, para então dar entrada ao pedido de Licença Ambiental de Instalação (LAI). Em paralelo, será registrada  a documentação pertinente exigida pela ANP para análise e emissão da autorização da construção.

O suprimento de GNL, segundo o diretor de desenvolvimento de negócios da Golar Power no Brasil, Edson Real,  poderá ser feito por diversas fontes ao redor do mundo, como Estados Unidos, África, Qatar e Austrália. Essa diversificação proporcionará maior segurança no abastecimento de gás natural à Região Sul, que não mais dependerá de uma única fonte de suprimento,acrescenta.

Sobre o preço do gás natural que será ofertado pelo terminal ainda não há uma estimativa, uma vez que os contratos de suprimento ainda não estão negociados. Entretanto, a empresa afirma que será competitivo em relação ao gás natural proveniente de outras fontes, como Bolívia e fornecedores nacionais. “Em relação ao preço ao consumidor final, há uma série de fatores que são considerados em sua formação, e que são determinados pela agência reguladora estadual”.

De acordo com Real, o terminal de GNL vai proporcionar um aumento de quase 40% na disponibilidade de gás natural para toda a Região Sul. “A garantia de oferta do insumo na região vai fomentar o desenvolvimento de indústrias locais, como a de cerâmica, de metalomecânica e de vidro, além de suprir a demanda de termelétricas nas regiões próximas ao empreendimento”.

É importante que os estados da região compreendam e percebam a importância estratégica de um terminal de regaseificação para garantir não só o estado atual da economia, mas assegurar o crescimento e a geração de novos negócios, emprego e renda, acrescenta.
Golar LNG

A Golar LNG é uma das principais empresas de logística de gás natural liquefeito no mundo. É a única a operar com GNL de forma integrada à geração de energia elétrica nos seus três segmentos, upstream (exploração produção e liquefação flutuante de gás natural), midstream (transporte) e downstream (regaseificação e fornecimento do insumo às diversas modalidades de cliente final). Atualmente, existem seis plantas flutuantes de regaseificação da Golar LNG no mundo todo.
SC GÁS

A SC GÁS  está entre os potenciais compradores do terminal. Para o presidente da companhia Willian Anderson Lehmkuhl, o projeto traz segurança energética à região.Além disso, dará flexibilidade para aquisição de gás natural por meio de diversos ofertantes do mundo a preços mais competitivos que os atuais, considerando que o sistema em operação depende de único supridor e de gasoduto de transporte que opera hoje no limite da sua capacidade.

“Hoje o interposto do gás da Bolívia fica no Mato Grosso do Sul. Com o terminal da Baía da Babitonga, teríamos o abastecimento mais próximo, em Santa Catarina. O GNL também é mais flexível e ajuda na interiorização do gás, por meio de redes isoladas, o que reduz os custos logísticos”, afirma Lehmkuhl.

Gás Energy avalia os benefícios do TGS

Para Rivaldo Moreira Neto, CEO da consultoria Gas Energy, o terminal pode favorecer a indústria existente e atrair novos projetos industriais à região Sul. Isso principalmente porque o GNL está num momento de sobreoferta no mundo, que deve durar algum tempo e que significa, na prática, preços competitivos, incluindo a possibilidade de boas negociações mesmo no caso de contratos de longo prazo: este é um momento muito bom para se comprar GNL.

Os estados da região Sul, segundo ele, hoje são muito dependentes do Gasbol, que é caro para se expandir. Com o GNL em Santa Catarina seria possível aumentar a competição imediatamente e, ao mesmo tempo, viabilizar outras fontes de suprimento, como a possibilidade de produtores ou comercializadores criarem um portfólio mais robusto para atendimento da região, à medida que poderá haver compartilhamento da infraestrutura de recepção de GNL.

Quanto à viabilidade econômico-financeira, geralmente projetos dessa natureza dependem de uma demanda estruturante para ancorar o investimento, acrescenta. Para um terminal de 15 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, ele entende que deve ser parte da estratégia  viabilização de uma termelétrica para ser base de consumo do terminal, o que vai depender do sucesso da Golar Power e eventuais parceiros nos leilões de energia.

Rivaldo Moreira Neto, CEO da Gás Energy
Rivaldo Moreira Neto, CEO da Gás Energy

“Em princípio, já haveria, inclusive, projeto habilitado para os próximos certames: a UTE Norte Catarinense (600 MW), que está em estudo e que chegou a participar de leilões, como o A-6 de 2019. Além disso, do ponto de vista de desenvolvimento do projeto, vale lembrar que a Golar Power vem se mostrando bastante agressiva no país, com o desenvolvimento do terminal de GNL em Sergipe e do projeto em andamento da térmica de Barcarena, no Pará: se combinados o contexto de competitividade do GNL no mundo com o que a Golar Power demonstrou em termos de capacidade de execução em Sergipe e de estratégia em leilões, o projeto pode fazer muito sentido”.

 

 

 

 

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