Uma das raras empresas do setor da construção pesada do Rio Grande do Sul que devem crescer mesmo na crise, a Toniolo, Busnello, de Porto Alegre, encerrará o ano com um incremento de 12% em seu faturamento, em comparação ao ano anterior. Ao contrário da grande maioria das empresas do mercado que mantém uma dependência significativa em obras públicas, ela vem reduzindo essa participação – com foco na iniciativa privado e nas concessões –, o que lhe assegura uma espécie de blindagem em épocas recessivas como a atual. Somente na última década, por exemplo, a participação do setor público nas receitas da empresa reduziu-se de 100% para apenas 20%. A área de mineração subterrânea, segundo o diretor da empresa, Humberto Busnello, representa hoje a maior parte de seus negócios, oriundos de grupos nacionais e internacionais que investem na mineração de ferro, ouro e níquel.
Túneis
Hoje a Toniolo, Busnello opera em 10 estados do país nos setores público e privado. Além de projetos de mineração, ela atua em obras de concessões, como túneis que estão sendo construídos no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Apenas no Rio de Janeiro, quatro deles estão em fase de entrega: dois paralelos, Joá e Pepino, que ligam aa Barra da Tijuca a São Conrado; outro pertencente à Transolímpica, que faz parte das obras para a Olimpíada de 2016, que ligará o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, a Deodoro, no subúrbio do Rio, com uma faixa exclusiva de BRT. E outro em Niterói. Outros dois túneis estão sendo executados na cidade de Salvador (BA) e na serra do Cafezal (SP). A duplicação da Serra do Cafezal é a obra mais importante do contrato de concessão da Régis Bittencourt e tem prazo de conclusão previsto para fevereiro de 2017.
Equipamentos
Desde a sua fundação, em 1945, até nossos dias, a empresa nunca descuidou de sua especialidade, nos segmentos ferroviários, rodoviário e mineração subterrânea. Ao total, em 70 anos de existência, foi responsável pela construção de mais de 400 quilômetros de túneis Atualmente a Toniolo, Busnello é a empresa mais bem equipada e líder no país nessa área. Com 33 unidades é a detém a maior frota nacional de jumbos. De tecnologia finlandesa, esses equipamentos possuem 15,7 m de comprimento, 2,5 m de largura e 4,1 m de altura, distribuídos em 38 toneladas. Com três braços hidráulicos de perfuratrizes pneumáticas, eles são utilizados nas escavações. Além disso, a empresa dispõe de equipamentos auxiliares de carregamento e transporte, plataformas elevatórias, sistemas de ventilação, entre outros itens.
Planejamento estratégico
Apesar da boa safra de contratos de túneis urbanos e em mineração, a empresa não descuida da área rodoviária, em que aplica os mesmos conceitos de gestão direcionados para as grandes obras. Recentemente, ela concluiu a obra da BR-381, que liga Belo Horizonte (MG) a Vitória (BA), enquanto espera a retomada dos trabalhos em rodovia federais no Rio Grande do Sul, como da BR-290 que se encontra paralisada. A empresa aderiu ao PGQP em 2004 e, desde então, vem adotando o planejamento estratégico e o que há de mais moderno nos processos de gestão, incluindo a governança corporativa. Um dos fatores de seu sucesso , segundo o empresário, é a gestão focada nos contratos. “Ao contrário da característica da maior parte do corpo diretivo das empresas, que atua de forma descolada dos contratos, na Toniolo, Busnello a direção tem uma relação muito próxima com cada obra”, diz Busnello. “Isso garante o conhecimento pleno das características particulares de cada contrato e relação muito próxima do cliente.”
Concessões
Para 2016, a meta é repetir o desempenho deste ano, o que deve ser assegurado em parte devido a contratos de longo prazo, alguns dos quais exigem muitas pesquisas. As concessões e as PPPs são segmentos de negócios que podem começar a engrenar a partir do próximo ano, acredita Busnello. “São instrumentos que precisam de algum tempo para serem planejados no RS. Tudo vai depender da vontade política do governante, da modelagem e do tipo que concessão que poderá ser feito”, diz. “Nós advogamos que sejam rodovias de ponta a ponta”, acrescenta. “Existem várias no estado que podem ser concedidas nessa linha.” Já em âmbito federal, Busnello alerta que se o governo insistir com taxa de retorno de 9,2%, nos leilões de rodovias previstos para o PIL 2 poderá não haver investidor. “Taxa de retorno não pode ser inferior ao do mercado financeiro”, sentencia.