Presidente da Fiergs defende privatização da Corsan e da CEEE-D

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, em entrevista a MODAL, defendeu a privatização de empresas do governo do estado, a fim de reduzir custos e de melhorar a eficiência dos serviços. Ao avaliar o quadro das finanças públicas do estado, Müller sugeriu ao governador José Ivo Sartori a extinção de estatais improdutivas, como a Companhia Riograndense de Artes Gráficas (Corag), e a privatização de empresas como a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e a CEEE-D.
A Corag, segundo Müller, detém uma estrutura superada por empresas privadas capazes de reduzir os custos de impressão graças às novas tecnologias. “Por isso não tem mais razão de existir”, afirmou. No caso da Corsan, o presidente da Fiergs lembrou que apenas 15% do esgoto são tratados no Rio Grande do Sul. “Se tomarmos como referência os investimentos da empresa nos dois últimos anos, a continuar nesse ritmo vamos levar 90 anos para alcançar a universalização do esgotamento sanitário no estado”, disse Müller. “Como sabemos que uma das principais fontes de doenças é o esgoto não tratado, torna-se urgente encaminhar essa questão”, argumentou.
Tanto a Corsan como a CEEE-D, segundo Müller, também sofrem de injunções políticas, “dado ao uso dos cargos em estatais como moeda de troca” para viabilizar a chamada governabilidade. “Como são indicados políticos sem nenhuma formação para atender as exigências das empresas, a metade do mandato termina sem que eles tenham aprendido as suas funções. No caso do setor privado, a gestão funcionaria de maneira muito melhor, o que traria eficiência para a operação de saneamento no estado.”
Por que a CEEE-D também não pode ser privatizada? –indagou o presidente da Fiergs. Ele lembrou que, no estado, atuam as distribuidoras AES Sul e RGE, ambas privadas. Nessa linha, não se justificaria manutenção de uma empresa pública como a CEEE-D, vulnerável a nomeações de políticos, alto endividamento e reclamatórias trabalhistas. “Lamentavelmente o setor público não é bem gerido, falta gestão”, reiterou Müller. “Creio que a privatização da CEEE-D provocaria enorme debate, mas é uma alternativa a ser considerada pelo governador.”
O presidente da Fiergs considerou “indispensável” a volta das concessões nas rodovias que passaram a ser administradas pela EGR. “Ou a sociedade aceita estradas com pedágio, ou não vamos ter estradas, pois o estado não tem a mínima chance de investir nessa demanda”, sustentou.
De acordo com Müller, a população precisa entender que assim como se paga pela energia elétrica, pela água e pelo telefone, é preciso pagar pelo uso da estrada. “Quem se utiliza da rodovia deve pagar, assim como o governo federal está fazendo porque não há dinheiro necessário para essas obras.”
Em sua opinião, as novas concessões devem ter contratos mais longos, ao contrário da anterior que era limitada a 15 anos. “Os contratos devem ser de 25 a 30 anos, pois em caso contrário não haverá retorno do capital investido.”
Sobre as várias e infrutíferas tentativas de viabilizar a expansão do modal hidroviário no estado, o presidente da Fiergs admitiu que a burocracia dificulta em muito esse objetivo, sobretudo na questão ambiental. E cobrou do governo estadual a elaboração de um plano de desassoreamento dos rios. “Poderiamos começar a estimular o uso de hidrovias, no estado, com barcaças de soja e milho, por exemplo, desde o porto de Estrela até o porto de Rio Grande”, sugeriu. “A partir daí seria possível criar uma cultura com um volume maior de transporte de cargas por hidrovias.” (Foto/Divulgação/FIERGS)

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