“Vamos tirar o PELT-RS da gaveta para reduzir o custo logístico do estado”, defende Fábio Rodrigues

Fàbio Rodrigues, vice-presidente da Farsul/Divulgação

Forte e diversificado, o agronegócio gaúcho, em suas unidades produtivas, anda quase 100% sobre rodas e um esquema de intermodalidade capaz de reduzir o custo ainda é um sonho distante, afirma o vice-presidente da Farsul, Fábio Avancini Rodrigues.
Justamente para mitigar essa deficiência logística, o dirigente lembra que em 2014 foi criado o PELT-RS ( Plano Estadual de Logística de Transportes) que ,oito anos depois,  “ainda não saiu da gaveta”.
“O PELT já foi para a Secretaria de Planejamento, voltou para a Secretaria dos Transportes e não sei onde anda no momento. Foi um trabalho muito bem feito, custou dinheiro, mas tem gente no governo que não tinha conhecimento. É de chorar”, assinala.

PELT-RS, versão 2023

“ O Plano exigia a atualização do software TransCAD  ( ferramenta de geoprocessamento e planejamento de transportes de toda a infraestrutura) e isso não foi feito”.
Um dos que participaram do comitê de acompanhamento da elaboração do PELT, Rodrigues lembra que sempre insistiu na inclusão das estradas vicinais, responsáveis  por cerca de 80% da malha viária do estado que, em sua maioria, não recebe a manutenção das prefeituras.  “Isso pode ser corrigido em uma nova versão, na medida em que o governo eleito deverá obrigatoriamente atualizar o software. Assim, poderemos ter o PELT com versão 2023”.
O Plano previa investimentos na infraestrutura de transportes até 2039, além da capacidade de incentivar a integração modal e o uso das malhas hidroviária e ferroviária, acrescenta.
Após várias décadas, segundo ele, com a criação da empresa Portos RS finalmente parece que chegou a hora de avançar  o debate sobre o modal hidroviário. No modal ferroviário, a situação é mais complicada devido à  concessão  federal, complementa.

Farsul é contra renovação da concessão da Rumo


A concessão da Malha Sul da RFFSA  foi o pior exemplo do que não se deve fazer em uma concessão.  Era uma malha de mais de 3.000 k e hoje opera com menos de 2.000km”.  Rodrigues cita que a empresa concessionária Rumo promete fazer investimentos no RS, mas precisa da renovação do contrato que termina em 2027. “ Promete mas não faz. Dizem que não tem carga. Como assim? Carga tem, o quer não existe é uma política de tarifa e a Farsul já se posicionou várias vezes contra a renovação da concessão da Rumo”, diz. “Existe uma série de  proposta elaboradas no governo Sartori,  cinco anos  atrás, desde composições mais modernas até frequência de rotas”.
Hoje, segundo Rodrigues, para o transporte da safra até o Porto do Rio Grande o custo logístico está entre 20 e 28%, o que implica em investimentos, sobretudo da Rumo e também dos terminais.

“Este ano, em vez exportar 18 milhões de toneladas de soja, vamos exportar 9 milhões de toneladas devido à quebra da safra. Por isso, os gargalos não apareceram. Mas  são precisos novos investimento, tanto da Rumo, do porto ou dos terminais para uma descarga mais rápida. A Rumo tem a sua responsabilidade, mas o outro lado também”.

O vice-presidente da Farsul cita ainda o fato de que um eventual interesse do setor privado em investir no modal ferroviário seria impedido pela própria Rumo, que legalmente detém a autorização para esse meio de transporte no RS por meio da concessão. “A Rumo não faz investimentos e nem deixa fazer”, diz. ”Outro fator que impediria esse projeto seria o alto custo para o seu financiamento. Vamos ter de resolver nosso gargalos na ferrovia com a própria Rumo”.

Bitrem
Com uma matriz de transporte com mais de 80% sobre rodas, Rodrigues argumenta que a lógica é manter pelo menos as rodovias com maior segurança  e isso exige mais investimentos na malha do estado, o que também vale para as obras de arte. “ Hoje, no RS, o Bitrem, que  é uma combinação de dois semi-reboques e permite uma redução no custo do transporte rodoviário, não pode trafegar porque as obras de arte não estão dimensionadas. Ok, então  vamos dimensionar os viadutos. Essa deve ser uma lição de casa da Secretaria dos Transportes”, sugere.

 

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
Publicidade